F1 2010
Uma volta no Grande Circo.
A Codemasters sempre foi uma produtora virada para as provas automobilísticas. Quer nos fins dos anos oitenta, bem como na era de ouro dos anos 90, com o fantástico Colin McRae Rally e a série TOCA Race Driver. Pensar em Codemasters é pensar no que melhor já se fez a caminho da simulação automóvel. Por essa razão, foi com entusiasmo que recebi a notícia que um novo Formula 1, com a licença oficial FIA estava nas mas da tão carinhosa Codi.
Mas, embora tenha que reconhecer a sua importância, principalmente no fim dos anos noventa, inícios deste século, também tenho que referir o receio inicial na forma como a Codemasters iria pegar na licença. Seria um Formula 1 apimentado com as últimas modas de mistura de simulação/arcade, tentando agradar um pouco a cada aficcionado por automóveis, ou estaríamos perante um simulador puro e duro onde o realismo dita o sucesso e insucesso de cada piloto? A resposta? As duas.
Falar de Formula 1 é falar da sua vertente real, no estado do desporto. Após alguns anos em constantes mudanças e reformulações(não esquecer os escândalos), a prova máxima do desporto automóvel está ao rubro, não deixando de lado algumas velhas guardas como Michael Schumacher, que apesar dos seus 41 anos de idade, e dos já sete campeonatos, ainda continua a encantar em cada circuito. Mas são os mais novos, como Sebastian Vettel, Mark Webber (actual líder), Alonso, Button e o Lewis Hamilton, este em segundo lugar, que ditam a actual história da Formula 1. Sendo as próximas provas todas fora da Europa, onde os dois primeiros se encontram separados por apenas 5 pontos, e 3 por equipas, avizinha-se um final do campeonato deveras avassalador. Pena é que nas lides virtuais, eu não tenha tido tanto sucesso (bah Pedro de la Rosa).
Sendo um produto oficial da FIA, temos todas as estatísticas, dados, circuitos, pilotos, equipas, etc, actualizadas, para conferir um maior realismo ao jogo. Embora esteja em falta as actualizações dos pilotos Sakon Yamamoto e Nick Heidfeld, que substituíram, respectivamente, Karun Chandhok na equipa Hispania Racing e Pedro de la Rosa(eu bem avisei) na BMW Sauber F1. Podemos assim contar com 24 pilotos, 12 equipas e 19 circuitos. Interessante é termos por exemplo o circuito Korean International Circuit, da Coreia do Sul pronto para podermos competir, algo que ainda não ocorreu na realidade, pois apenas terá a sua participação na Formula 1, em 24 Outubro.
Para além destes dados reais, o jogo ainda conta com as regras (algumas extremamente rígidas) oficiais da FIA. Isto quer em pista, quer na configuração do carro, como por exemplo a tão complexa, estranha e obrigatória escolha de pneus. Podemos competir num Modo Carreira, onde podemos escolher entre, três, cinco a sete temporadas. Algo estranho esta escolha, pois, porque não podermos correr em oito temporadas seguidas? Temos também os Time Trials, e o modo Grand Prix, onde podemos escolher a nosso belo prazer a configuração de uma temporada. Desde a lista de circuitos, voltas, tempo, etc.
Embora este último seja um extra interessante, não consigo ver o seu apelo, pois se temos um modo Carreira que simula a temporada actual, em nada vem trazer ao jogo, senão mais um menu. E claro não deixar de lado o modo multi-jogador, onde podemos competir contra doze corredores num modo Grand Prix, escolhendo a pista e as suas configurações. Não queria deixar de lado uma interessante opção dentro do Time Trails, que é a de podermos escolher 8 carros diferentes, usando por exemplo cada amigo e tentar, em corrida livre, contra um "carro fantasma", obter a melhor volta.
A Codemasters tentou dar uma componente humana ao jogo, quer no formato boxes/roulotes(já testado em DiRT 2), onde podemos "gerir" a nossa participação e aceder aos diversos modos e menus, bem como interagir com os jornalistas. Em resumo, em nada abona para o realismo. Os modelos dos personagens, a forma em que somos abordados, tudo parece robotizado e sem nexo no que realmente pretende conferir, que é uma ligação directa ao desporto, para além das provas em si. Podemos também gerir a nossa carreira, mas isso resume-se a ver o contrato da época e as diversas estatísticas. Pouco ou nada acresce em realismo. A suposta sensação de estarmos dentro de uma grande competição nunca foi conseguida.