Passar para o conteúdo principal

Crysis 2

Soldado do futuro.

Retirando os problemas descritos, Crysis 2 é de facto um shooter por excelência. A utilização do Nanosuit 2.0 em toda esta batalha é fenomenal. Podemos personalizar o fato conforme o desafio que nos é colocado, em determinados momentos são-nos fornecidas diferentes rotas para abordar o nível, havendo umas mais stealth, outra mais virada para a acção, e em momentos até temos a possibilidade de providenciar apoio às forças que lutam do nosso lado em pontos estratégicos. Não me canso de referir que o Nanosuit 2.0 é fenomenal, em embates mais complicados, contra extraterrestres mais exigentes, há que saber utilizar todas as suas potencialidades para conseguirmos eliminar o inimigo.

Para além do fantástico fato, temos também a já esperada elevada personalização das armas. Aqui é tudo muito familiar a Crysis, com múltiplas possibilidades ao nosso dispor, conforme a nossa abordagem a determinado nível. Confesso que sou fã de um confronto mais directo, não gosto de andar escondido a eliminar os inimigos, prefiro entrar a matar, colocando o fato e armamento personalizado para esse efeito. Mas se optarem por uma abordagem mais camuflada, também o podem fazer, o design dos níveis foi efectuado para múltiplas abordagens, como já referi. Podem até passar por determinadas partes sem disparar um único tiro, mas irão perder toda a imponência de um shooter portentoso, no que toca a embates directos.

Fazendo uma comparação com Crysis, a mudança de ares deveria ser acompanhada por uma maior alteração na mecânica de jogo, mas tal não acontece, pelo menos uma alteração marcante. Se substituirmos a cidade pela selva quase que temos o primeiro jogo. Neste campo é tudo demasiado básico e previsível, temos que eliminar inimigos, deslocarmo-nos para determinado ponto, accionar dispositivos, tudo já visto anteriormente. Existe uma grande falta de inovação, mas não é só neste jogo que isso acontece, a maior parte dos shooters ultimamente pouco inovam. Entendo Crysis 2 como um shooter recheado de adrenalina, com um grafismo impressionante, onde foi colada uma história previsível e uma mecânica de jogo vista e revista muitas vezes. O que ressai mesmo de toda esta previsibilidade é o Nanosuit 2.0 e as suas múltiplas personalizações, que são mesmo fantásticas.

As múltiplas opções do Nanosuit 2.0 foram bem exploradas, e como não poderia deixar de ser, foram transportadas para o seu modo multijogador, que tenta rivalizar com concorrentes de peso, Call of Duty, e até Battlefield. A abordagem é efectuada através das múltiplas funções do fato, onde todos os upgrades e personalizações giram à sua volta, e claro, também em função da personalização das armas.

O multijogador apresenta seis modos de jogo, Team Instant Action (jogamos em equipa para obter o maior número de mortes), Instant Action (jogamos sozinhos para obter o máximo de mortes possível), Crash Site (aqui temos que capturar e manter posições para ganhar pontos), Capture The Relay (o velho conhecido capturar a bandeira), Assault (jogadores com Nanosuit têm que transmitir informações em terminais defendidos por soldados), e por fim temos o Extraction (temos que capturar e levar um objecto extraterrestre para extracção).

Os variadíssimos modos de jogo são muito idênticos ao que vemos em shooters rivais, não existem aqui grandes novidades em termos de mecânica de jogo, o que difere mesmo é o facto de dar uso ao Nanosuit 2.0. Como seria de esperar, temos muitos upgrades (mais conhecidos por perks) a desbloquear, que dão novas e melhores funcionalidades ao Nanosuit. Os perks estão distribuídos por três características do fato, Armour, Power, Stealth. Conforme vamos jogando vamos adquirindo pontos de experiência para cada um deles, dependendo sempre do qual utilizamos mais, o mesmo se passa com as armas. As killstreaks também marcam presença, com a única diferença de que temos que apanhar as Dog Tags que os inimigos abatidos deixam no chão, de resto é a mesma mecânica de Modern Warfare.

À partida teríamos aqui um modo multijogador para rivalizar com os demais, mas assim não acontece. Existe uma sensação de que as funcionalidades do fato pouco impacto têm no desenrolar dos acontecimentos, a velocidade a que tudo se passa deixa pouca margem de manobra para a utilização sempre racional dos mesmos. Presumo que o modo multijogador irá cair rapidamente no esquecimento, não rivalizando com a concorrência. Relativamente a diferenças entre as três versões do jogo, posso dizer que a fraca fluidez da versão PS3 torna este modo muitas vezes quase injogável. A versão Xbox 360 corre a um nível aceitável, mas é claro que a melhor versão é a do PC, pois permite uma fluidez impecável, sendo muito importante no modo multijogador.

Crysis 2 vale mesmo pela sua campanha singleplayer, é um poderoso jogo a nível gráfico, mais no PC que nas consolas claro. Pena mesmo a fraca história, a mecânica já vista e revista, e erros básicos incompreensíveis a este nível de exigência. Temos assim um shooter que me deixou um certo amargo de boca, pois as expectativas eram muitas, talvez demasiado elevadas para o que realmente a Crytek conseguiu entregar. Recomendo a todos os amantes de um FPS que oferece momentos de pura beleza artística, que conjuga o grafismo com embates frenéticos, e adora o fenomenal Nanosuit 2.0.

8 / 10

Lê também