Sonic CD - Análise
Pretérito mais que perfeito.
Ser fã de Sonic não é nada difícil, especialmente para toda uma geração cujo expoente máximo de desafio e entretenimento surgiu mesmo com um qualquer jogo desta fabulosa série. Os tempos recentes de Sonic não tem sido os melhores mas se ainda restavam dúvidas que o seu passado está repleto de encanto e que merece não só ser revisitado mas também ser usado como referência para a progressão futura da própria série, esta versão atualizada do genial Sonic CD vem provar isso mesmo. Na verdade devo confessar que este era provavelmente o único jogo da série que ainda não tinha jogado e agora vejo como este foi um erro terrível pois fiquei completamente rendido a esta verdadeira esmeralda.
Sonic CD foi lançado originalmente em 1993 e mesmo agora em 2011 é impossível não deixar de sentir a ambição que esteve na sua origem e que o torna num produto tão interessante. Isto porque Sonic CD é na sua essência igual a tantos outros jogos na linha principal da série mas contém diversos elementos na sua jogabilidade que o tornam distinto e espantoso de jogar. Pequenos elementos que crescem no jogador para o cativar a atribuir uma fenomenal personalidade a todo o título.
Sonic CD joga-se como um Sonic tradicional, apesar do visual que imediatamente se destaca como fora do tradicional do que estamos a ver na série, mas desde logo notamos que uma mecânica é central a toda a experiência, as viagens no tempo. Em determinados pontos de cada nível (três por mundo ou local sendo o terceiro a luta contra Robotnik) existem placas que nos permitem viajar no tempo e cada espaço temporal tem os seus próprios pontos específicos não só visualmente como em termos de experiência de jogo.
Sonic está no presente e ao aceder ao passado passa para um mundo mais colorido, com menos inimigos e obstáculos. Pelo lado oposto, caso viaje para o futuro, Sonic vai entrar num mundo no qual tudo é mais metálico e mais hostil, com mais inimigos e obstáculos mais difíceis. Na verdade o tema metálico é bem importante neste jogo, não só porque Robotnik está com as suas construções a destruir todo um planeta como este foi o jogo que introduziu o icónico rival metálico de Sonic: a abominável criação de Robotnik, o Metal Sonic.
O característico ritmo frenético de jogo patrocinado pela alta velocidade é aqui combinado com níveis que oferecem maior profundidade devido às três linhas temporais. De igual forma, o jogo começou a conquistar especial espaço neste fã de Sonic devido às boss battles, bem mais cativantes e diversificadas do que visto geralmente na série. Bastantes diferentes entre si e que forçam o jogador a padrões diferentes e diversificados bem acima do tradicional salto para a cabeça do cientista malvado.
Mas para chegar à luta que termina o cenário, Sonic vai ter que recolher anéis que lhe permitem sofrer danos, recolher poderes especiais ao quebrar televisões e ainda ganhar vidas ao amealhar determinado número de anéis. É o dia-a-dia deste ouriço e caso o jogador o consiga pode até aceder a um nível especial entre cenários. O que a temática temporal trás para a experiência é que o jogador pode mudar o futuro ao aceder ao passado e ao destruir uma máquina de Robotnik. Isto afeta não só o aspeto visual dos níveis assim como a dificuldade dos mesmos, como já referido.
O único real e verdadeiro problema que podemos encontrar com Sonic CD está mesmo no esquema de controlo por toque pois por vezes, podemos dar por nós a carregar um pouco fora do local onde o D-Pad virtual se encontra e os movimentos não são tão fluidos quanto seria de desejar. Outras vezes é uma questão de sensibilidade que nos impede de ter uma prestação à altura do que temos nas consolas caseiras com um tradicional comando mas são ocasiões que apesar de ocasionais, não deixam de incomodar.
Sonic é uma série com fortes laços estabelecidos com os fãs, a tal ponto que Christian Whitehead respondeu ao desafio da SEGA e foi premiado ao ser um dos principais responsáveis por esta versão 2011 de Sonic CD. O motor que o próprio criou, o retro engine, está na base deste jogo e cumpre com belo efeito um equilíbrio entre uma sensação retro repleta de nostalgia com um enquadramento altamente aceitável para a atualidade. De referir ainda uma palavra de elevado apreço para a banda sonora presente, em duas versões nesta edição, que é de uma qualidade espantosa. Mesmo dentro dos padrões da série temos também aqui uma nova favorita.
Sonic CD é uma pérola que deve ser jogada por qualquer fã de Sonic. É um dos melhores jogos do personagem, para mim tornou-se mesmo no melhor, e é um bom recordar de como a fama do personagem é merecida e como a experiência Sonic de há 15 anos ainda pode divertir e entusiasmar. É provavelmente o jogo da série com maior profundidade e esta versão apenas me fez sentir prazer em ser fã do ouriço azul da SEGA.