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Dishonored - Análise

Corvo Attano conquista o nosso coração.

Nos dias que correm, onde a falta de criatividade é abundante, em que tudo, ou quase tudo, é feito tendo como principal destino o lucro, é difícil encontrar obras que sobressaiam de entre tamanha vulgaridade. Não é tarefa fácil encontrar jogos que mereçam a dedicação dos jogadores, mas há sempre uma esperança, e que de tempos a tempos surjam as exceções, e é incontornável, Dishonored é mesmo uma exceção.

A conceção artística, o design, a sua estrutura, colocam Dishonored acima da média. Dão ao jogo a qualidade que falta em enumeras produções vídeojogáveis. O jogador quer ser surpreendido, quer desafios, coisas frescas, que façam valer a pena as horas dedicadas a uma criação que desperte os sentidos. Dishonored conquista o jogador desde o primeiro minuto, agarra-o até que a aventura acabe e fique na expectativa de surgir algo mais.

Corvo Attano, um assassino impiedoso.

Dishonored é um jogo que logo à partida faz lembrar o fantástico Half Life 2, mais propriamente a sua City 17. É evidente a inspiração no jogo da Valve, Viktor Antonov foi o designer da City 17, sendo ele um dos responsáveis pela equipa artística de Dishonored. Mas o jogo não foi apenas inspirado no título da Valve, existem algumas semelhanças com BioShock, nomeadamente nos poderes sobrenaturais que o nosso personagem vai adquirindo, temos uma forte presença de Thief no seu sistema stealth, e também realçar que na equipa estão presentes membros que fizeram parte da criação de Deus Ex.

Como constataram, Dishonored é o produto do trabalho em conjunto de algumas da mais visionárias mentes desta indústria. Mas é claro que nem sempre o que funciona na teoria é comprovado na sua execução e se repercute para a realidade. Cabe sempre ao jogador a palavra final, é ele o juiz de todas as horas dedicadas pelos criadores em redor do seu projeto.

"Dishonored é de facto algo que se distancia do que ultimamente tem chegado às mãos dos jogadores, com pormenores únicos mas também com subtis similaridades com outros títulos."

O enredo de Dishonored é bastante simples, mas a simplicidade é por vezes o melhor caminho. Estamos em 1666 na cidade de Dunwall, capital de Gristol. A cidade foi inspirada em Londres e Edimburgo no final de 1800 e inícios de 1900, sendo governada por um regime opressivo onde a tecnologia e o sobrenatural coexistem. A cidade luta contra uma Peste que é espalhada pelos ratos.

O nosso personagem, Corvo Attano, regressa de uma viagem pelas outras nações do Império na tentativa de encontrar ajuda para combater a Peste dos Ratos. No momento do seu encontro com a Imperatriz, Jessamine Kaldwin, esta é assassinada e sua filha raptada. Corvo é acusado da morte da Imperatriz e do rapto da sua filha Emily, mas ser-lhe-á dada a oportunidade de provar a sua inocência e vingar a morte da sua Imperatriz.

A estória do jogo está recheada de traições e reviravoltas, onde apenas podemos confiar em quem realmente gosta de nós. A relação de Corvo com a Imperatriz é mais que apenas uma simples amizade, e a pequena Emily vê Corvo como um pai que olha por ela e não deixa que nada de mal lhe aconteça. Estão assim lançados os dados para uma aventura que vos irá marcar intensamente. Dishonored é de facto algo que se distancia do que ultimamente tem chegado às mãos dos jogadores, com pormenores únicos mas também com subtis similaridades com outros títulos. Estamos perante um shooter em primeira pessoa que é bem mais que isso, Dishonored tem várias nuances. É um jogo de ação, aventura, furtivo, sobrenatural, onde o jogador poderá optar pela jogabilidade que mais lhe convém.

Banda sonora fantástica.

A nossa aventura começa numa prisão onde Corvo aguardar o seu destino, mas alguém o irá ajudar, com o intuito de permitir a Corvo a vingança mas também com a finalidade encoberta de tomar o poder. Após escapar da prisão, iremos ser conduzidos para The Hound Pits, que é um bar, e será uma espécie de base onde nos serão atribuídas missões. É neste local que recebemos informações sobre o possível paradeiro de Emily, filha da Imperatriz. Para além das missões principais, existem também outras secundárias que dão ao jogo mais longevidade, a possibilidade de explorar mais cada local e a aquisição de mais dinheiro e itens.

Em The Hound Pits, temos a possibilidade de adquirir armas e gadgets (uma pistola, uma besta, granadas, armadilhas) e upgrades para todo o nosso arsenal. Temos também elixires, que estão destinados a regeneração da nossa energia e o mana. Não há uma grande variedade de armamento, mas é compensado pela possibilidade de o melhorar, tornando-o mais letal e eficaz. Para cada item existe um determinado número de upgrades que custam dinheiro, dinheiro esse que é adquirido durante as missões, recolhendo moedas ou simplesmente objetos valiosos. Os upgrades vão desde o aumento da capacidade de transportar mais munições, passando pela melhoria do efeito das armas, e até passam por melhorar as capacidades assassinas de Corvo, como o suprimir do som dos nossos passos.

Uma das imagens de marca de Corvo é a sua Mascara de assassino, oferecida por Piero e aperfeiçoada à sua medida. A mascara protege Corvo da Peste, serve de armadura convencional, e como telescópio binocular. Apesar de ser reduzido, o arsenal bélico ao nosso dispor é simplesmente delicioso. A Folding Blade, espada, de Corvo é requintada, arrepiante, é a arma perfeita para um assassino. A besta é sublime, de onde destaco os dardos incendiários que deixam o inimigo em chamas. Também é de realçar a Springrazor, uma armadilha mortífera que é ativada por vibração, desmembrando por completo quem se aproximar. Há variadíssimas opções ao abordar uma missão, e o armamento disponível é adaptado às opções que iremos tomar.