The Legend of Zelda: Wind Waker HD - Análise
Herói do mar.
Ocarina of Time 3D foi o primeiro jogo da série The Legend of Zelda a entrar para o quadro das remasterizações. Como um dos jogos mais icónicos e emblemáticos da série (para muitos o melhor), a sua remasterização para a 3DS possibilitou à Nintendo retocá-lo e dotá-lo de um aspecto gráfico mais apelativo, ao mesmo tempo que continuava a fascinar e encantar pela sua jogabilidade e estrutura. Se a apresentação em gráficos 3D foi uma das notas dominantes do jogo, já o Wind Waker para a Nintendo Wii U é o primeiro jogo da série a entrar para a alta definição. Confesso que preferia ver essa façanha pelos 1080p confiada ao novo Zelda por que os fãs aguardam com expectativa, mas com Skyward Sword ainda tão triunfante, épico e dotado de um sistema de comandos inovador e sólido, nada como ocupar este "intervalo" pela nova produção, com outro imponente jogo da série. Wind Waker foi o sucessor de Majora's Mask (Nintendo 64) e o primeiro da série a chegar à GameCube. Esteticamente arrojado por força dos visuais cel-shade, que lhe conferem um grau de animação sui generis, como se fosse um filme animado, marcou uma nova direcção para a série que haveria de encontrar desenvolvimentos em Phantom Hourglass e Spirit Tracks, dois jogos desenvolvidos para a Nintendo DS que fizeram uso da mesma direcção artística.
Ao entregar Wind Waker HD para a Wii U, a Nintendo destaca-se como produtora de consolas que mais jogos desenvolve para os seus sistemas. Mas será que Wind Waker HD na Wii U não é somente mais um contributo dentro tendência recente para as remasterizações, ou será que na passagem para a alta definição se inscrevem mais alguns elementos, para lá do grafismo, que tornam a aventura de Link, mais entusiasmante, apelativa e definitiva?
Há que reconhecer que quando a Nintendo o lançou em 2003, manteve alta a fasquia. Apaixonante pela direcção artística, repleto de dungeons, desafios e uma estrutura de exploração baseada num elemento inovador, o barco, rapidamente pulou para o topo das preferências dos fãs, que mesmo agora continuam a rever na notável direcção artística um dos pontos mais valorizados e determinantes para o sucesso do jogo. É certo que hoje há formas de obter um sinal gráfico melhorado da versão GameCube (se puserem de lado o cabo scart), mas para quem não possui esse sistema de "upscale", assim que vemos a cena de introdução do jogo nesta versão HD, é impossível não sentir dois sentimentos; a nostalgia e o tema de inspiração folk, assim como uma sensação esmagadora por todo aquele grau de resolução e detalhe que acrescentam particular relevo a cada cena.
Com mais texturas, sombras, fontes de luz e uma resolução adicional que vem acentuar os pequenos pormenores, como que a tridimensionalizar o jogo, ver o clássico ocupar plenamente a tela do televisor é uma concretização que presta homenagem à produção original. Porém, esta não é uma remasterização que assenta unicamente na parte dos visuais. O controlo da perspectiva na terceira pessoa está muito mais permissivo, facilitando a observação do ambiente ao redor de Link quando queremos explorar melhor o cenário. Sem nunca perder de vista a direcção artística do original, podemos dizer que nesta versão HD, Wind Waker torna-se na versão definitiva. Mesmo para quem jogou o clássico (o meu save na GameCube ainda marca 2005 e precede a luta final com Ganon), todos estes anos depois é uma revisita que se opera com sucesso e que demonstra como a equipa de Aonuma tem mantido elevado o padrão de qualidade da série. Depois, os produtores procederam a alguns arranjos dentro das quests de modo a evitar alguma saturação que acontecia numa fase mais avançada da aventura. E tendo a partir do GamePad o comando perfeito para escolha dos itens, observação do mapa e outras opções, rapidamente nos apercebemos de que este jogo é um pouco mais que um mero arranjo cosmético. Claro que é o mesmo jogo; pois não há novo conteúdo. No entanto, o grande mérito passa por colocar o clássico em sintonia com o padrão de produção da nova geração, o que coloca este jogo como prioridade para quem nunca jogou o clássico. Mas mesmo os que conhecem e jogaram o clássico vão sentir-se encorajados em experimentar mais uma vez esta admirável aventura, num mundo único.
The Legend of Zelda Wind Waker, respeita muitos dos elementos que deram profundidade e especialidade a Ocarina of Time e Majora's Mask. Como terceiro jogo a dar continuidade a um mundo aberto totalmente em três dimensões e com uma vasta área à nossa inteira disposição para que a explorássemos sem restrições, o grande elemento distintivo, com reflexo sobre as formas de exploração, é precisamente o mar, o grande mar. Cobrindo por completo o continente onde se encontrava Hyrule, só ficaram ilhas. Ilhas habitadas por diferentes tribos (Goron, Korok e Rito), de onde se destacam três espíritos: o dragão Valoo, The Deku Tree e Jabun, magnificamente recriados.
A história de Wind Waker é a lenda de Zelda; um conto que se reescreve. Segundo o conto que passou entre gerações ao ponto de se tornar lenda, houve um jovem rapaz vestido de verde que viajou no tempo para salvar Hyrule de um destino trágico. Repondo a paz e devolvendo prosperidade ao reino, ficou conhecido como o herói do tempo. Agora, o mal que se encontrava aprisionado, libertou-se novamente. Sem esperança no regresso do herói do tempo que tarda em reaparecer, os habitantes acreditam que o ritual que leva jovens rapazes da mesma idade do herói que viajou no tempo, a vestirem-se de verde, poderá dar-lhes o novo herói que tanto precisam.
O jogador é mais uma vez Link (se escolher esse nome), um jovem rapaz que vive com a avó e com a irmã na estupenda Outset Island. Até descobrir que é o escolhido pela deusa para defender o mundo e resgatar das mãos de Ganon a princesa Zelda, Link começará por libertar a irmã do cativeiro (raptada por uma ave de grandes proporções), na Forsaken Fortress. São dois segmentos distintos do jogo. Numa primeira fase, Link ainda não é reconhecido como o herói. Isso só acontece depois de alcançar a Master Sword, à disposição do jovem que dispuser da coragem e bravuras indispensáveis para enfrentar o mal.
Wind Waker oferece novas personagens, das quais se destaca a princesa Zelda. Enquanto personagens de uma narrativa que opera a recriação da lenda, o grande mar trouxe consigo a jovem pirata Tetra, orfa e capitã de um navio de piratas. É ela quem começa por acompanhar Link até à Forsaken Fortress, a base das forças do mal que operam neste mundo. Embora a relação que Link manterá com Tetra seja crucial, o carácter prático da relação que Link desenvolve logo ao começo com The King of Red Lions, traduz-se na possibilidade de se deslocar de barco entre as ilhas, desde que haja bons ventos.