Tales of Xillia 2 - Análise
Kresnik O' clock!
A série "Tales of" tem sido uma autêntica delícia nesta anterior geração. Todos os jogos partilham os mesmos valores, os mesmos triunfos mas também os mesmos defeitos. De uma forma ou de outra, o talento da equipa de desenvolvimento liderada por Hideo Baba fica bem explícito quando conhecemos Vesperia, Graces, Xillia e agora Xillia 2, uma das raras sequelas diretas que alguma vez vimos na série. Isto porque na série temos mecânicas de jogo e sistemas de gameplay que nos fascinam e nos deixam a pensar que o produto facilmente poderia estar num patamar de popularidade mundial superior mas depois temos outros, como o enredo ou os personagens bizarros que nos deixam compreender facilmente porque ainda é um produto para alguns. Especialmente evidente quando a série não é alvo da necessária promoção ou marketing e fica apenas no conhecimento dos seguidores fieis.
Xillia 2 é o perfeito exemplar de tudo isto. Em termos de gameplay, a jornada inter-dimensional de Ludger Will Kresnik é uma verdadeira maravilha que nos agarra e prende desde os primeiros capítulos mas em termos de enredo, de aprofundamento de personagens ou do seu desenvolvimento, e em termos dos próprios personagens em si, já estamos na terra do bizarro e mal aproveitado. Enquanto o primeiro Xillia se focou na firmeza de espírito para estarmos à altura das nossas convicções e na relação entre humanos com a natureza, Xillia 2 foca-se na importância das nossas decisões e na forma como afectam o futuro. Tal é introduzido com um sistema que nos permite escolher entre duas respostas em situações específicas ao longo do jogo e que afectam mesmo o desenrolar do jogo, especialmente importante quando debatemos as moralidades da invasão de realidades alternativas para as aniquilar-mos e salvar a nossa: estamos ou não estamos a sacrificar pessoas pelo nosso próprio bem?
Ludger Kresnik pertence a uma família com o poder para viajar entre dimensões e quando o seu irmão é rotulado como um terrorista que pode ter repercussões nas recentes ligações entre Elympus e Rezie Maxia (dois mundos separados e desconhecidos um do outro no original), não só terá que se aventurar para descobrir toda a verdade, que envolve um novo Grande Espírito, como terá ainda que se aliar aos personagens do original para triunfar. Um ano depois do original, Jude, Maxwell, Leia, Alvin, Gaius, Múzet, Elize e Rowen. A novidade está na misteriosa Elle Mel Marta que cresce nos nossos corações mas cuja origem é toda ela misteriosa. Mais mistério está nas motivações de Julius, o irmão de Ludger, no seu recente comportamento que o leva a ser rotulado de terrorista e perseguido pela Sirius Corporation, seus antigos patrões e uma das partes mais importantes da trama.
Como é fácil perceber, toda a temática de Xillia 2 é completamente diferente da do original, e talvez mais complexa para quem assim quiser, mas o reutilizar dos personagens do original e de uma grande maioria dos locais que já conhecemos cria-nos uma situação bastante sensível de digerir. Por um lado temos um novo protagonista com um novo enredo mas pelo outro temos precisamente os mesmos personagens do ano passado, nos mesmos locais, masmorras ou cidades que já exploramos. Pior ainda quando uma grande parte deles não tem a mesma importância que tinha no original. Essa será colocada nas cidades inéditas. Ainda assim, é interessante rever os personagens e saber como estão a viver agora nesta nova "realidade" e tudo fica altamente incrível quando temos o Cross Dual Raid Linear Motion Battle System
Este sistema de combate permite várias evoluções sobre o anterior e permite que Xillia 2 continue na boa tradição da série a implementar melhorias que à primeira vista nada parecem fazer mas que depois parecem colocar os produtos a mundos de distância. Em Xillia 2, tal como nos outros, os combates são em tempo real e controlamos livremente o personagem que quisermos, sendo possível efetuar parcerias durante o seu decorrer para vários benefícios como artes especiais a dois. As principais novidades estão na possibilidade de Ludger utilizar três armas diferentes, para vários tipos de inimigos, entre as quais pode alternar em qualquer momento da batalha.
Assim que combate em Xilla 2 já são mestres, se jogaram qualquer um dos anteriores mas especialmente o anterior pois é para quem mais sentido faz esta sequela direta, e quando aprendem os pequenos toques subtis que foram implementados ainda ficam mais encantados. Na sua essência é igual ao anterior mas estas duas pequenas mecânicas são verdadeiramente fulcrais e criam uma nova camada de estratégia que adensa a profundidade da série. Aliado a este sistema rápido, dinâmico, direto e fácil de aprender nos combates, temos toda uma gestão na compra de armas ou itens que continua a agradar.
Logo no início, Ludger vai ficar com uma imensa dívida para pagar e para prosseguir na história principal temos que pagar um determinado valor. Podemos pagar quando quisermos, oferece ganhos ocasionais, mas para avançar no enredo somos forçados a pagar um pequeno valor dessa dívida. Será possível chegar ao final sem pagar a dívida na totalidade mas ao longo das cerca de 30/40 horas necessárias para ver o essencial, será recompensador procurar pagar a dívida. Isto força um novo parâmetro na gestão das nossas compras e na decisão de melhorar os personagens ou poupar dinheiro. A compra de itens ganha ainda mais importância e a gestão do dinheiro ganha uma interessante gestão.
Para facilitar tudo isto temos um novo sistema de trabalhos para os quais podemos concorrer de forma a ganhar mais dinheiro, de forma mais rápida enquanto nos divertimos com o jogo. Existem diferentes tipos de missões secundárias, ou trabalhos, que podemos aceitar e assim que completos é receber a recompensa monetária juntamente com os pontos para melhorarmos o nossos crachá de trabalhador. Existem ainda criaturas super-poderosas que podem ser eliminadas para obter muito dinheiro e pontos mas são os vários trabalhos mais imediatos que nos ajudam a progredir no jogo.
"Tales of Xillia 2 é sem quaisquer dúvidas um JRPG muito bom que fará as delícias dos fãs da série mas, tal como muitos dos outros que vieram antes, pena não ir conseguir ir mais longe."
Eliminar um determinado número de inimigos e trocar ou entregar um item são os principais trabalhos que vamos encontrar mas para o segundo tipo aqui referido temos a ajuda de Rollo, o gato de Ludger, e restantes gatos que encontramos. Graças ao sistema "Kitty Dispatch" podemos enviar os mais de 100 gatos que teremos que encontrar pelo mundo em missões nas quais encontram itens que podem ser bem preciosos. Não só para completar trabalhos como para desenvolver armas ou itens personalizados. É mais um toque que aprofunda mais os sub-sistemas de Xillia 2 e enquanto tarefa secundária pode envolver verdadeiramente o jogador.
Pena mesmo que o resto seja já conhecido e seja a sua maior fraqueza. Visualmente não vai surpreender ninguém e as vozes dos personagens, juntamente com elas próprias, já é algo conhecido. Percorrer os mesmos locais que percorremos no ano passado, mesmo que tenham alguns acertos na cor, a constante reutilização dos mesmos inimigos mas com cores diferentes, o repetir de algumas missões para ter o dinheiro para prosseguir, a ausência de mais personagens novos e a ausência de histórias inéditas fazem com que esta jornada por dimensões fique enfraquecida. Ainda assim é um JRPG de grande qualidade que encantará os adeptos da série.
Tales of Xillia 2 é sem quaisquer dúvidas um JRPG muito bom que fará as delícias dos fãs da série mas, tal como muitos dos outros que vieram antes, pena não ir conseguir ir mais longe. O seu gameplay é delicioso e a cada novo capítulo vamos ficando ainda mais apaixonados pelas mecânicas e funcionalidades dos sistemas de jogo. Pena mesmo o enredo ser ocasionalmente confuso, os personagens continuarem meio bizarros e sem o apelo de outras séries e reutilizar tantos elementos do anterior. Por vezes poderão sentir algum cansaço visual mas como se divertem tanto com o gameplay até perdoam o enredo e o resto.