Outland
Entre a luz e as trevas.
Nem sempre o argumento se pauta por alguma clarividência e clara organização de sequências. A seu tempo avolumam-se dúvidas e perdas de fio à meada, porventura suscitadas pela dificuldade em compatibilizar ações promovidas em ecrã com foi narrativo.
Apesar disso, o âmbito mitológico acaba por estar bem consagrado em termos visuais, com desenhos de inspiração clássica, numa visível e estreita afinidade com a mitologia grega. Cenários que se dividem por cinco zonas de diferente arquitetura embora não muito diferenciáveis entre si, o que acaba por causar desapontamento depois de percorridos os primeiros mapas até se perceber que as restantes não diferem assim tanto do que já vimos.
Às cores escuras os produtores responderam com cores fortes, numa combinação que se torna bastante atrativa. Por força do azul e vermelho que tendem a ocupar boa parte da tela, o protagonista terá de se desviar dessas duas cores; feixes de luz que se desmultiplicam em pequenos pontos. Entrando em contacto com essas partículas, perderá pontos de saúde. Em pouco tempo, porém, o jogo entra numa mecânica interessante, que levará o jogador a ser capaz de interagir com essas duas proveniências. Quando transformado em azul poderá contactar com essa fonte que está espalhada pelo cenário e até utilizar os elevadores da mesma cor. O mesmo sucede quando altera para o vermelho.
Esta oferta que nos lembra o efeito mecânico e bem sucedido de Ikaruga é mais uma memória em Outland. Apesar das comparações, o sistema é algo distinto. Isto porque o protagonista irá adquirir uma série de movimentos que lhe possibilitam fazer dash sobre espaços estreitos, efetuar "upercuts" com a espada às criaturas inimigas, saltar imprimindo força na queda para abrir um buraco na plataforma, ludibriando através destas formas os raios de cores que se cruzam no caminho.
A movimentação do protagonista é eficaz, limpa, objetiva e suave, sendo interessante partir para o arcade mode que nos leva para um desafio ainda mais aliciante, onde a rapidez é premiada por força da lei do cronómetro. É essa estreita margem de negociação e confiança, escapando ao erro que faz toda a diferença e marca quase tudo o que é relevante e diferente em Outland. O combate é equilibrado e estimulante embora lhe falte alguma variedade nos golpes, muito embora isso não seja preocupante.
Esmiuçar bem os cenários e optar por caminhos alternativos ao rasto dourado que nos leva em direção do ponto de saída marcado no mapa compensará os mais persistentes e jogadores da velha guarda. Há muitas peças que podem ser colecionadas e objetivos suplementares para se atingir, mas também muito "backtracking".
Opcionalmente os jogadores podem completar a aventura com mais outro camarada através de ligação por rede. Adicionalmente é-lhes ainda permitido completar certos desafios conjuntamente concebidos exclusivamente para o efeito.
Outland é um jogo que recolherá o agrado dos adeptos das plataformas, num conceito que apresenta inspirações óbvias nalguns títulos já instalados, alcançando um sistema de jogabilidade com alguma originalidade e eficácia. Falta algum carisma à personagem e ao fim de alguns mapas o argumento denota as primeiras dificuldades em manter o jogador interessado no universo que amarra o protagonista. Apesar disso, este é um jogo bem realizado que seguramente voltará a ser explorado pela produtora numa sequela mais ambiciosa.