Gran Turismo Sport - Análise
Dá voltas ao mundo.
No próximo ano Gran Turismo fará 20 anos. O original da PlayStation ainda é a base da série, lançada na consola da Sony, berço de muitas séries que se prolongaram no tempo. Gran Turismo abriu as portas do mundo automóvel, em sentido amplo, ao formato virtual. Os jogos de condução deixaram de ser experiências predominantemente arcade ou afectas a determinadas modalidades para promoverem sensações de condução próximas da realidade, do mesmo modo que absorveu as diversas modalidades e entregou um périplo mundial de circuitos, pistas e automóveis. Dos carros mais acessíveis e económicos, passíveis de serem trocados num mercado de usados, até aos automóveis mais sofisticados e caros, de competição e colecção, muitos deles somente à disposição de um punhado de afortunados.
A sequela e sobretudo a terceira entrada na PlayStation 2 elevaram Gran Turismo a um expoente que cotou a série entre as melhores, um baluarte não só como produto em torno dos automóveis mas uma concretização do potencial das consolas fabricadas pela Sony. Gran Turismo tornou-se numa referência gráfica, pavimentando o caminho da realidade e da condução autêntica. A passagem para a geração seguinte mostrou-se um pouco conturbada, mas nem por isso deixou de ser evidente um esforço em garantir o selo de qualidade a que a série nos habituou. Oriunda do Japão, a Polyphony Digital é hoje um vasto estúdio que não encontra paralelo com a turma de produtores que trabalhou no original. Porém, uma figura emerge como central neste curso de produção. Kazunori Yamauchi há muito que é a figura criativa de Gran Turismo e o director que nunca abnegou um desafio. Sem ele, dificilmente esta série existiria, pelo menos nos moldes em que a conhecemos.
"Kaz" adquiriu um estatuto central no circuito de produtoras da Sony. É uma figura respeitada, uma pessoa com experiência em competição, tendo competido em provas de resistência de monta como as duríssimas 24 horas de Nurburgring, o que lhe permite manter e desenvolver a sua visão sem conceder a tendências de mercado ou soluções mais populares e eventualmente mais cómodas para chegar ao êxito. Com Gran Turismo Sport, a próxima evolução da série, mais uma vez "Kaz" representa a sua visão, com realismo e amplas sensações de condução, mas nunca como agora esteve tão perto de entregar finalmente o jogo que idealizou há quase vinte anos. Se a tecnologia de então não lhe permitiu grandes veleidades e velocidades, o mesmo não se pode dizer da actual plataforma.
Com a PlayStation 4, é notório o incremento de qualidade. Muitos dos elementos de Gran Turismo foram redesenhados. Atingiu-se um novo patamar visual e a condução está mais apelativa, próxima da simulação. Quase quatro anos após o lançamento da consola da Sony, a inclusão de Gran Turismo na carteira de lançamentos do ano em curso aproveita os recursos adicionais da PS4 Pro, em termos gráficos e, no que respeita à realidade virtual, é entregue uma aproximação às corridas ainda mais imersiva. Mesmo sendo lançado quatro anos após o lançamento da PS4, o anúncio de uma nova edição da série só chegou em 2015, e o jogo só em 2016 foi apresentado pela primeira vez. Mas muito mudou desde então.
Este ano a PD facultou um primeiro acesso à componente online, através de uma beta prolongada que se manteve no activo durante mais de um mês. A semana passada, uma nova demonstração pública revelou a confiança do estúdio em mostrar o jogo dias antes do lançamento, servindo novo teste à componente online, uma forma de colocar à prova os servidores e dinamizar a comunidade, uma vez que a experiência multiplayer é central. Levou algum tempo até chegar aqui, um pouco mais do que é normal, mas ao fazê-lo nesta altura, há uma intenção da Sony em apresentar uma experiência sólida, podendo não ser a definitiva. Porque este talvez não seja o Gran Turismo 7 por que muitos aguardavam, mas certo é que a versão Sport, embora coloque grande ênfase na componente online, também oferece o que se espera num Gran Turismo tradicional.Na verdade, Gran Turismo Sport não integra um número no nome, mas também não se confunde com pretéritas versões Prologue, uma versão reduzida de uma edição completa a publicar nos anos seguintes. Enquanto que estas edições eram curtas e com poucas opções de jogo, limitadas sobretudo em termos online, em GT Sport encontramos uma experiência automóvel bastante representativa, mesmo não sendo a mais alargada em termos de conteúdos, embora contenha bons motivos para manter os fãs da condução virtual no activo, até à próxima entrada da série.
O ponto mais saliente é a completa redefinição do aspecto do jogo. GT Sport é de uma beleza assinalável e é talvez das experiências automobilísticas a mais impressionante graficamente, de uma aproximação à realidade notável. Há muito que Kaz procura atingir a perfeição. Talvez ainda não seja desta, mas há uma elevação, em termos gráficos, muito significativa, que faz de cada repetição ou volta ao circuito, uma espécie de transmissão televisiva de um campeonato do mundo. Os carros apresentam-se muito detalhados e toda a interacção com a pista, sensação de velocidade e luminosidade, são apresentadas em condições à beira da perfeição.
Ainda que GT5 e GT6 tenham sido fortes em conteúdo, oferecendo condições atmosféricas dinâmicas e um ciclo de evolução do tempo, com efeitos sobre as corridas de resistência, não há grande paralelo em termos de física e ligação de efeitos visuais. A condução de GT Sport é bem mais dinâmica, sujeita a uma nova física, o mesmo sucedendo com o quadro visual, completamente melhorado. Trata-se por isso de uma nova fase na série, algo por que os fãs esperavam há muito.
Começa por isso a fazer sentido a expressão âncora da série: "the real driving simulator". GT Sport introduz uma série de mudanças na condução, especialmente ao nível da física e do contacto das rodas com a pista, que favorecem essa autenticidade. Talvez não seja ainda o jogo mais simulador, mas é seguro dizer que há uma aproximação muito significativa a outros jogos com maior peso na simulação da condução. A acessibilidade ainda permanece como uma das notas dominantes. É fácil para qualquer jogador aprender as célebres lições no modo carreira antes de abraçar a competição a solo, mas a partir daí e sem as ajudas na condução, GT Sport revela a sua aproximação à condução real, e até nos ralis é capaz de deixar uma impressão positiva podendo parecer estranho ao começo. Nos percursos de terra batida que constituem o grosso da experiência, ao fim e algumas lições percebemos que pé na tábua não chega. É fundamental contrabercar e não deixar o carro deslizar em demasia.
GT Sport volta a operar em vários segmentos do mundo automóvel, uma multidisciplinaridade que se mantém através do desenvolvimento dos modelos Vision, uma ligação que a PD desenvolveu com as grandes fabricantes de automóveis, a fim de desenvolverem, nalgumas situações quase exclusivamente para o jogo, os protótipos do futuro, com resultados bastante interessantes. Ao todo existe mais de centena e meia de carros, divididos pelos grandes fabricantes de automóveis, espalhados pelo globo, com particular destaque para as construtoras europeias. É um número aceitável, embora esperássemos um pouco mais, atendendo ao passado da série. Pelo menos desapareceram as discrepâncias entre carros realisticamente modelados e veículos de segunda, com menos detalhe e sem os interiores. Agora todos os carros encontram-se detalhados e com interiores autênticos, com destaque para os modelos fabricados pela Porsche, pela primeira vez presentes num jogo da série Gran Turismo. Porém, não esperem grandes escolhas: da marca de Estugarda, só quatro veículos estão presentes.
No que respeita aos circuitos, existem aproximadamente 20 e este é talvez um dos maiores desconsolos, dado que esperávamos mais algumas pistas, nomeadamente as já célebres SPA Francorchamps e Le Mans, estranhamente ausentes quando estão presentes imensos carros das categorias que disputam o mundial de resistência, pelo que faria todo o sentido correr lá. Existem novos percursos originais como o traçado da Alsácia ou o italiano Lagio Maggiore, sendo de aplaudir a integração do circuito de Interlagos, a mesma pista que acolhe o mundial de Fórmula 1, no Brasil, traçado deveras fascinante, com imensas curvas de apoio. Nurburgring Nordschleife apresenta-se na sua melhor glória e é sempre bom encontrar Mount Panorama. O facto de existirem múltiplas variantes do mesmo traçado não invalida um número de pistas um pouco abaixo do que é normal na série, mas em contrapartida todos se mostram com um elevado grau de detalhe e pormenorização, não faltando os comissários de pista nas suas cabines, envergando os seus fatos laranja, reagindo à nossa passagem e mostrando atenção à corrida, exibindo as bandeiras em conformidade (bandeira amarela quando ocorre algum despiste ou verde no caso de a corrida retomar o curso normal).
No que respeita aos modos de jogo, a opção arcada funciona como uma saída rápida para a pista. Seja numa luta contra o cronómetro no sentido de obter o melhor tempo ou num "drift", é também a opção para uma corrida rápida num traçado à escolha. Existem veículos disponíveis de acordo com as várias categorias para uma corrida imediata, mas podem sempre recolher à garagem e eleger um carro do vosso interesse. Depois de seleccionado o bólide o jogo conjuga os veículos da mesma classe na grelha e começa a corrida.
A dúvida que permaneceu sobre a duração do modo campanha está finalmente dissipada. Gran Turismo Sport contempla um conjunto de opções, sobretudo num quadro alargado de aprendizagem. Não é o habitual modo carreira de outros jogos do género, nem sequer a tradicional carreira em GT. Não vamos criar contratos com várias equipas nem subir de categorias até à disciplina máxima. É pena não voltarmos aos karts, como categoria base de uma Fórmula 1. Em lugar disso temos as habituais licenças, através de uma escola de condução que nos permite efectuar uma série de testes para principiantes e de grau intermédio. No final podemos atingir ouro, prata ou bronze, sempre com uma recompensa no final de cada segmento (um veículo a sortear que passa automaticamente para a nossa garagem).
Estes testes são na sua maioria técnicas de condução específicas, como travagem em pontos específicos, fazer curvas rápidas, testar a velocidade máxima, as entradas em curva de apoio, etc. Para quem está a começar é um somatório de aplicações úteis, mas colocar jogadores veteranos a repetir matéria dada pode corresponder ao defraudar de certas expectativas. Já os exercícios intermédios revelam-se de maior validade, especialmente na categoria rali, essencial para aprenderem a dominar e a perceber o comportamento do carro em circuitos de terra batida. Infelizmente estas lições são escassas e depressa chegam aos 100%.
As missões de desafio são mais interessantes porque sujeitam o jogador a novas situações, normalmente em caso de corrida e com algumas voltas para cumprir. Existe quase uma dezena de níveis e, sempre que sobem, para além de ganharem um carro a dificuldade aumenta. É também uma óptima forma de assumir um primeiro contacto com carros caros ou de competição. Aqui supõe-se que o nível de condução do jogador seja melhor e são introduzidas as paragens na boxe, com todo o nível de estratégia que representam, nomeadamente a afinação do combustível para dar mais potência ou economizar o líquido (podem afinar durante a corrida). É também neste segmento que terão as corridas mais demoradas e os maiores testes enquanto aspirantes a condutores. Numa missão terão que conduzir o Porsche 911 RSR de competição a lugares cimeiros numa grelha composta por 30 carros, isto ao longo de 30 voltas no Lago Maggiore, uma pista onde a melhor volta, com um carro desta classe se faz em dois minutos e poucos segundos. Pela dimensão da corrida levará mais tempo até ser concluída.
Por fim, a experiência de circuito funciona como aprendizagem e memorização das pistas, o que é imprescindível para andar rápido. Todas as pistas apresentam uma série de desafios onde têm que conseguir bons tempos. Como tal, conduzir a fundo e no limite é essencial. Primeiro começam por fazer tempos por sector, passando depois à volta completa. O número de créditos amealhados nesta opção é muito grande, sendo uma óptima forma de obter proveitos adicionais às corridas, ao mesmo tempo que adquirem uma percepção dos circuitos. Apesar do escalonamento das provas, esta campanha não se equipara às habituais formas de progressão em jogos de automóveis de maior dimensão. É sobretudo um óptimo modo de preparação para os desafios online, desde logo porque não só promove uma interacção imediata com diferentes carros como passa a pente fino quase todas as categorias. Não levará muito tempo até preencherem os desafios, missões e experiência a 100%, desde que se esforcem nas provas de resistência.
Desde o evento de apresentação, que a PD polarizou a experiência desta edição em torno do modo Sport, uma opção que deixa os utilizadores competirem entre si através de corridas online. Este modo consiste numa proposta da FIA (Federação Internacional do Automóvel) em colaboração com a PD. Os campeonatos de Gran Turismo com o selo da FIA funcionam como a maior atracção em termos de eSports. Estes torneios dividem-se em duas secções: uma para os construtores (Taça dos Construtores) e outra para a Taça das Nações. Estes campeonatos vão ser disputados em diferentes áreas do globo (Europa, América e Ásia), sendo os vencedores apurados para as finais mundiais. Haverá no final de cada ano, coincidente com as férias das competições motorizadas da FIA, uma eleição dos melhores pilotos, sendo-lhes inclusivamente facultada uma licença de competição.
Sabendo-se como muitos jogadores participam em corridas online sem o mínimo de desportivismo, mais interessados em abalroar rivais e sair de pista do que em lutar por uma posição de forma desportiva, a PD criou um sistema de ligação e desenvolvimento dos utilizadores, no seu quadro competitivo online. A avaliação do jogador é um indicador da sua rapidez no final da corrida, enquanto que o indicador de desportivismo revela o comportamento do jogador durante as corridas. Na prática o sistema actua de modo a que os jogadores com o mesmo nível de desportivismo e rapidez possam competir entre si, agregados de forma eficaz, consoante as pontuações. Se tiveram oportunidade de jogar a beta fechada, há uns meses, verificaram o funcionamento desse sistema. É isso que é implementado agora, a título definitivo, e que seguramente tornará as corridas mais agradáveis e entusiasmantes. Por outro lado, a PD espera assegurar um balanço em termos de performance, de modo a que os carros tenham, em corrida, a mesma potência.
Por fim, as corridas diárias permitirão aos jogadores competir em certos circuitos usando carros da respectiva categoria. De forma regular estas corridas são refrescadas por outras provas o que permite aos utilizadores melhorar a sua prestação e evoluir nos rankings de desportivismo e rapidez. Este sistema contribui para melhores conduções e obriga os jogadores a assumirem um comportamento exemplar em pista, sob pena de serem penalizados e verem afectada a sua progressão. Se não quiserem competir no modo Sport, com toda a componente de competição sob o jugo da avaliação, podem sempre optar pelas corridas com amigos, onde aí podem competir de forma livre e abalroar os adversários se estiverem com pendor para isso.
Quanto ao modo paisagens, a avaliar pela demonstração publicada a semana passada, percebemos que será facilmente uma das bandeiras de Gran Turismo Sport. Há muito que os jogos da série Gran Turismo possibilitam boas chapas fotográficas, especialmente das corridas. Usando vários ângulos conseguem-se resultados surpreendentes, até porque a qualidade das imagens é muito superior à obtida noutros jogos, confundindo-se com imagens reais, ao ponto de poderem figurar numa capa de automóveis de uma Auto Magazine versão 1992, sem que muitos dessem conta de serem oriundas de um videojogo.
O modo paisagens fornece imagens deslumbrantes de vários pontos do globo e ainda está dividido por categorias. Capitais europeias como Paris e Londres juntam-se a cenários montanhosos, industriais e paisagens paradisíacas. O nosso Portugal está lá, e o engraçado desta opção é que nos deixa colocar naqueles cenários um ou mais carros da nossa garagem. A integração é de tal modo fantástica que cria a sensação de inclusão, como se aquele carro tivesse sido ali mesmo fotografado, num nível de fotorealismo estrondoso. As opções ao nível da personalização e retoque de imagem permitem adicionar múltiplos efeitos, ligar os faróis, dar a sensação de movimento do automóvel e até adicionar um condutor. Os resultados são espantosos e seguramente será uma opção muito partilhada entre os utilizadores, que assim poderão mostrar ao mundo os seus carros favoritos e a sua veia de fotógrafo.
Diga-se que o modo fotografia também se alarga às corridas, como é habitual, mas desta vez vão obter imagens ainda melhores e tremendamente realistas, com grandes efeitos, em especial ao nível da iluminação. Por aqui se percebe o trabalho da PD em desenvolver os carros com um nível de detalhe muito superior à média, com cores muito fidedignas. Como já é habitual na série, a PD demonstra mais uma vez a paixão pelo mundo automóvel através de uma riqueza de detalhes incrível. Desta vez, ao seleccionarmos uma marca, vemos os automóveis disponíveis no stand ou então em andamento através de percursos originais. Por ali podem observar os carros em toda a glória. Disponível também uma opção museu da marca, com imagens e descrição dos momentos históricos, com um nível de exposição e detalhe assinalável, ao mesmo tempo que são apresentados em paralelo outros acontecimentos históricos que ocorreram no mesmo espaço temporal.
A PD é exímia na produção de menus e quadros. A apresentação de GT Sport é imaculada e quase nos dá a sensação de estarmos diante de algo "premium", com músicas de fundo variadíssimas num estilo "lounge" e "jazz" que nos envolve enquanto pesquisamos dados, observamos carros e viajamos pelo mundo a tirar fotografias com os nossos carros favoritos em locais tão distantes como surpreendentes. Se há jogo de automóveis que se pauta pela elegância e extremo cuidado na apresentação, tem de ser GT Sport.
Ilimitado é o que se pode dizer do modo editor de pinturas. Nele podem modificar por completo o visual do carro, mudando até as cores das jantes, se quiserem. Existe uma grande liberdade no tratamento dado aos desenhos, que pode ir do mais simples decalque até à pintura mais elaborada. Sabendo-se como a comunidade tem um envolvimento por este tipo "arte", não tardará até que surjam desenhos mirabolantes e pinturas de toda a espécie. O capacete e o fato do piloto também pode ser modificado.
Em termos gráficos, como já tivemos oportunidade de referir, Gran Turismo Sport é um dos jogos mais bonitos a correr numa consola. Numa PS4 Pro e ligado a um moderno televisor 4K exibe uma qualidade de imagem muito real. Em termos de fluidez o jogo corre a 60 fps, mesmo em corridas muito concorridas, com 30 veículos em pista. Não se detectam abrandamentos e a qualidade da imagem mantém-se. Pena que as condições climatéricas dinâmicas tenham sido preteridas por um sistema que apenas permite correr a diferentes horas do dia, com condições de luminosidade fixas. Correr à chuva e durante a noite não é possível, embora possam diminuir bastante as condições de luminosidade ao correrem ao crepúsculo, quando são forçados a ligar a iluminação do automóvel. Nestas condições, o grande Nurburgring é por exemplo um grande desafio. Destaque para a conexão com a realidade virtual, sistema que permite obter uma experiência mais imersiva, levando os jogadores a conhecer sensações de corrida "por dentro".
De resto, a sensação ao volante em Gran Turismo nunca foi tão boa. É recomendado que joguem com um volante, para uma experiência mais precisa e autêntica, embora possam usar o dual-shock através de um esquema que garante um grau de precisão satisfatório, ainda que por longos períodos de tempo (nas corridas de resistência) possa ser mais desgastante para as mãos. A perspectiva favorita continua a ser a interior ou a bordo. Na maioria dos carros funciona bem e permite escutar o motor plenamente, perceber melhor as mudanças de relação, assim como as travagens e as rugosidades do asfalto, manifestadas em pequenos ressaltos que levam o carro a tremer por completo. Os motores dos adversários nas ultrapassagens estão mais perceptíveis. O capítulo sonoro é um dos que levou mais transformações desde a apresentação do jogo. Ainda sobre a perspectiva interior ou a bordo, curiosamente pode ser mais complicado para pilotar num carro da categoria Le Mans LMP1, com um ângulo de visão para a pista muito escasso, embora passível de ajuste. O asfalto está mais sujo e marcado pela borracha depositada pelas travagens apertadas, o que inculca uma sensação rodagem dos veículos. As subidas aos correctores (também eles sujos) causam maior trepidação e tendo as ajudas desligadas pode provar-se numa manobra letal levando o carro a uma subviragem e consequente saída de pista.
Gran Turismo Sport é o jogo da série que melhor se aproxima da visão de Kazunori Yamauchi, o criador e director da série. Em causa está um jogo de condução que acrescenta mais realismo e fervor visual, a juntar a uma imensa devoção pelo mundo automóvel. A PD é uma produtora que se esmera nas suas produções e desta vez isso reflecte-se no que vemos e naquilo que podemos controlar. Este ainda não é o Gran Turismo 7, nem o deverá substituir, mas está seguramente na câmara das melhores experiências de condução da actual geração, mesmo que esteja orientado para a competição online, com foco apontado ao modo Sport. A campanha não é extensa e certos efeitos que afectam as corridas não se encontram implementados. Porém, o grau de evolução das corridas aqui apresentadas chega para fazer desta uma experiência recomendada para todos os entusiastas da competição automóvel. Contém bons motivos para manter os fãs da condução virtual no activo.