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3D Gunstar Heroes - Análise

Arca do tesouro.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
A M2 voltou a fazer uma conversão perfeita. Gunstar Heroes continua a brilhar e a proporcionar um desafio sólido. Por 5 euros.

Originalmente lançado para a Mega Drive em 1993, Gunstar Heroes é o jogo de estreia da produtora japonesa Treasure (fundada pouco tempo antes por ex-membros da Konami), responsável por apreciáveis e notáveis jogos de acção, plataformas e "shmups", entre os quais os belíssimos Radiant Silvergun e Ikaruga. Afastado da primeira selecção de conversões 3D de jogos Mega Drive, da linha Sega 3D classics, a M2 optou por converter o jogo numa segunda fase, ao lado de outros jogos da Mega Drive e alguns arcade, através de um processo algo meticuloso que envolveu, por exemplo, a fragmentação dos fundos criados na versão para a Mega Drive em 1500 peças, de modo a obter um efeito estereoscópico muito mais convincente (podem ler por aqui uma entrevista a Yosuke Okunari e Naoki Hoori, respectivamente produtor e presidente da Sega M2, ao Sega Blogs). O resultado é uma conversão perfeita e que faz desta versão para a 3DS um trabalho com a mesma qualidade alcançada nos títulos anteriores.

Estamos perante um dos jogos mais icónicos da consola da Sega. A quantidade de elementos que a Treasure colocou no ecrã (apesar do tamanho reduzido das personagens), acrescida de imensos sprites, um colorido que parece transcender as capacidades da consola, sem esquecer um design apelativo, tudo isso redundou numa experiência inesquecível, brilhante e que ainda hoje se destaca como um trabalho de excelência da produtora japonesa, a par de muitos outros. O grafismo detalhado, as múltiplas explosões, tudo sem o mínimo abrandamento, mais depressa se confundia com uma experiência do tipo arcade, capaz de brilhar numa placa 16 bit.

As opções no ecrã principal. O jogo encontra-se optimizado para o ecrã 3DS mas não corre em formato wide. Corre em 3:4.

O conteúdo da versão Mega Drive de Gunstar Heroes está presente nesta versão 3D, sendo o efeito estereoscópico um dos pontos mais atractivos, embora nem sempre primordial, mas muito em destaque, principalmente nas sequências que envolvem mais transições ou por ocasião da entrada de grandes máquinas e aparelhos de combate. Nessas situações, o efeito de profundidade é mais visível. Mas como "scrooler" do tipo horizontal, com imensas plataformas e coisas no ecrã, mesmo com o efeito estereoscópico, as animações permanecem altamente fluidas, sem a mínima nota de abrandamento, o que reforça ainda mais a qualidade do trabalho realizado pela M2.

Vale também o bom ecrã da 3DS, em termos de contrastes e cores. É um jogo que sai reforçado no brilhantismo e na qualidade dos efeitos visuais, expondo os belos gráficos para um título de 1993, capaz de ombrear com muitos jogos arcade dessa época. Em termos de mecânicas, Gunstar Heroes abraça o género "run'n gun", possibilitando que o jogador movimente a sua personagem disparando na direcção em que corre mas também para cima, um pouco à semelhança de Contra. No entanto, é possível agarrar os inimigos, usando os punhos para socar e com a força dos braços, atirá-los para longe. Subitamente, a jogabilidade revela-se versátil, possibilitando uma exploração mais rápida ou lenta, mais casual ou cirúrgica, combinando um estilo "beat'em up" com a velocidade típica dos "run'n gun" à Cyber Lip (Neo Geo).

Quatro compridos níveis.

O jogo apresenta a história de quatro irmãos, de apelido Gunstar, como os detentores de quatro gemas, que em conjunto permitem operar um robô de enormes proporções e capaz de ataques devastadores. Um verdadeiro exército à mão de semear. Não é difícil descortinar neste argumento uma personagem maquiavélica, que mal entra em cena e põe em prática um plano para lhe deitar a mão. Cabe à nossa personagem, em eventual modo cooperativo com um outro jogador, impedir que Colonel Red execute a sua façanha. Antes de escolherem um dos quatro níveis, terão que seleccionar uma arma. Assim, podem optar por combinar habilidades de duas armas, com relevância no ataque aos inimigos, principalmente os bosses. Umas surtem melhor efeito que outras. Este sistema implica mais tentativas e erros, até que tenhamos em mãos a arma mais adequada.

A M2 contornou este sistema ao implementar o modo "Gunslinger", permitindo que o jogador possa combinar as habilidades das quatro armas, e não duas, recorrendo ao d-pad para a selecção. O jogo fica um pouco mais fácil, mas também remove aquele imperativo de voltar atrás. Até porque os níveis são longos, existem imensos "checkpoints" e dessa forma o avanço não se faz com tantos percalços. Outras alterações dizem respeito ao Mega Life (a vida da personagem passa para o dobro) e Mega Shot (os tiros no adversário causam dano em dobro), algumas concessões que do ponto de vista da dificuldade visam uma moderação, por vezes excessiva.

Muitas explosões, sprites, bom grafismo e uma boa banda sonora.

De resto, grande parte das opções incluídas pela M2 nos jogos anteriormente lançados voltam a estar disponíveis, como a possibilidade de jogar num ecrã CRT (arredondado nos cantos), experimentar a versão internacional ou japonesa, mudar o tipo de efeito 3D (para dentro ou para fora) e até gravar uma repetição da partida. O modo cooperativo local volta a estar disponível, desde que o outro jogador também possua o jogo.

Ver no Youtube

Em sintonia com a versão da Mega Drive, 3D Gunstar Heroes mostra-se perfeitamente ajustado à Nintendo 3DS. Altamente fluído, brilhante, dotado de gráficos muito consistentes e uma jogabilidade ainda actual e capaz de oferecer um desafio sólido, envelheceu bem e representa o que de melhor se fez não só no princípio mas ao longo de toda uma década. Para os fãs dos jogos da Treasure, o design é inconfundível, sem esquecer a boa banda sonora. A tudo isto a divisão M2 da Sega acrescentou uma série de modos adicionais, especialmente endereçados para os novatos, menos acostumados à dificuldade presente nos jogos daquela década. Os puristas optarão pela dificuldade tradicional. De qualquer modo um exemplo do melhor que se fez nos primeiros anos da década. Se é um pouco difícil encontrar uma cópia para a Mega Drive a bom preço, a versão 3DS é o substituto perfeito e nem precisam de desembolsar muito.

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