3D Sonic the Hedgehog - Análise
Céu azul.
Sonic the Hedgehog é uma das incontornáveis franquias da SEGA que ajudou a catapultar a Mega Drive até os píncaros da indústria. Lançado em 1991, no Japão, em duas versões, uma de 16-bit e outra de 8-bit para a Master System e para portátil Game Gear, este era o jogo que a produtora japonesa procurava a fim de poder rivalizar com Super Mario, da Nintendo. Com a entrada de Sonic a SEGA contribuiu para a consolidação de personagens de videojogos como mascotes, simbolizando uma companhia e um selo de qualidade de produção. Sonic the Hedgehog é um dos mais impressionantes jogos de plataformas da sua geração. Mas a M2, responsável por um segmento de clássicos da Mega Drive e de títulos arcade convertidos para a 3DS, quer demonstrar que para lá de Sonic Lost World (o mais recente título da série), os clássicos ainda se perfilam como opções seguras quando chega a hora de tomar decisões.
Efectivamente, 3D Sonic the Hedgehog não só mantém o brilhantismo da produção de 1991, numa conversão muito bem sucedida, como também beneficia de um significativo conjunto de opções, inclusive o spin dash que não fez parte da produção original. Mas o ponto mais destacado desta produção é a qualidade dos visuais, reforçados por uma arquitectura 3D que injectou mais profundidade e charme a esta aventura intemporal do mais famoso ouriço do mundo. Num termo de comparação com Super Mario World ou até mesmo Super Mario Bros 3, o jogo da SEGA não é tão vasto em conteúdo. As evoluções que chegaram nas versões 2 e 3 injectaram mais desafios e diferentes níveis. Onde os jogos Super Mario brilham pela surpresa das mecânicas ligadas às plataformas, áreas secretas, power ups e outras transformações, Sonic é um jogo mais comedido, reflexo da tendência da SEGA para experiências arcade, pontuadas pela acessibilidade e acento tónico no desafio.
Apesar disso, é inegável a boa construção das plataformas em 3D Sonic the Hedgehog. O jogo oferece seis zonas diferentes e assentes sobre cenários de apelativo design. Desde a luxuriante Green Hill, passando pela lava na Marble Zone, Star Light Zone e o seu espaço sideral, bem como a alagada Labyrinth Zone, do começo ao fim que este jogo é uma ode à velocidade e às corridas rápidas até à meta. Podendo algumas áreas como Labyrinth Zone justificar uma progressão mais lenta e com menos loops, boa parte das áreas estão construídas de molde a fabricar uma jogabilidade rápida. No fim do terceiro acto (cada acto corresponde a um nível, constituído por pontos intermédios de gravação) ocorre uma batalha contra o Dr Robotnic (Eggman na versão japonesa).
Esta versão 3D na sua estrutura não recebeu alterações. O conteúdo é o mesmo, mas há uma excepção, que é a disponibilidade para efectuar "spin dash" mesmo quando estiverem parados. Este movimento, recorde-se, só foi introduzido pela Sonic Team na sequela, pelo que é uma novidade neste primeiro episódio, contribuindo para essa sensação constante de velocidade. Apesar da boa extensão dos níveis a nível horizontal e vertical, com possibilidade de exploração de áreas secretas, não é um jogo muito longo ou particularmente exigente. Com a introdução do sistema de gravação da M2, podem continuar o jogo a partir de qualquer ponto onde se encontrem, pelo que o podem concluir numa tarde-noite.
Em termos gráficos é evidente o grande trabalho da M2. Não só esta versão 3D oferece um particular brilho e encanto, como houve uma preocupação em obter um bom resultado ao nível dos efeitos 3D. Irão descobrir que há objectos e diversos pontos próximos e mais afastados do ecrã, dando a ilusão de profundidade, nalguns casos clareando os objectos como forma de assinalar a sua proximidade ou sombreando-os de modo a dar uma sensação de afastamento. Na Star Light Zone, por exemplo, o céu sideral parece ter um efeito redondo, como que a ganhar dimensão.
A quantidade de opções que permitem ao jogador configurar o jogo como bem entender é outra marca que atesta o bom desenvolvimento da M2. Assim, quanto aos efeitos 3D, podem optar por dois tipos: o normal, que cria um efeito de profundidade para dentro e outro, menos usual - "pop out" - que consiste em dar a ilusão de que os efeitos 3D saem do ecrã. Este tipo de 3D não é de fácil acomodação pelas vistas, mas é suficientemente convincente.
É pena que a M2 não tenha criado uma opção para ecrã alargado. Em alternativa existe uma opção que permite desfrutar do jogo com a mesma qualidade de imagem que teriam num vulgar televisor CRT dos anos oitenta e noventa, com o efeito redondo e baço dos gráficos. Uma opção que nos enche de nostalgia, precisamente por ser muito eficaz e segura nessa emulação. Por fim, podem ainda optar pela versão japonesa do jogo ou pela versão internacional, assim como uma emulação obtida a partir da primeira Mega Drive ou da segunda versão da consola 16-bit. O ecrã inferior e táctil não tem uso neste jogo, revelando apenas Sonic e alguma arte do jogo da versão nipónica.
Sonic the Hedgehog foi um jogo criado para plataformas domésticas mas há nele uma forte irrigação de elementos arcade, bem patente nos níveis não muito extensos, com acção cirúrgica, quase rítmica e muita velocidade a expensas do protagonista. As futuras evoluções da série trouxeram mais conteúdo e aprimoraram esta peculiar jogabilidade, mas no meio de tantas músicas icónicas, uma intro memorável e um infindável assomo de nostalgia que resulta desta entusiasta conversão pela M2, este 3D Sonic the Hedgehog bem pode ser a versão definitiva que os fãs esperaram vinte e pouco anos para voltar a jogar.