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3D Streets of Rage 2 - Análise

Quarteto fantástico.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
O jogo de acção 16 bit da Sega que marcou uma geração. Boa arte, design, apelativo, desafiante e detentor de uma banda sonora memorável.

3D Streets of Rage 2 ainda é só o começo do fim da segunda vaga de clássicos da Sega remasterizados pela M2 para a Nintendo 3DS. Os próximos (e finais?) lançamentos incluem: Gunstar Heroes e o eterno Sonic the Hedgehog 2. A M2 não quis deixar os jogadores ocidentais no limbo, ao contrário dos japoneses que receberam os oito jogos da segunda vaga. Uma lista surpreendentemente ecléctica e mais alargada do que os jogos inicialmente previstos e a serem remasterizados pelo pequeno estúdio liderado por Yosuke Okunari e Naoki Hori.

Duvidas não restam, depois de jogarmos Streets of Rage 2, que nos anos noventa as preocupações dos programadores de videojogos não roçavam os detalhes técnicos que hoje envolvem a maioria das grandes produções. O foco estava apontado à jogabilidade e design, elementos que transbordaram por completo o copo, bem notório quando a sequela de um dos mais impressionantes e espectaculares jogos de acção foi lançada algures em 1993. A Capcom com Final Fight, a Konami com a série Contra e até mesmo a SNK, ainda que um pouco mais tardiamente com Metal Slug, todas competiram e perpetuaram a ouro um dos melhores períodos da história dos videojogos.

Voltar por isso a um clássico dos clássicos foi para a M2 mais do que um prazer. Ver renascer um jogo que tanto sucesso espalhou nas plataformas da Nintendo foi mais do que uma experiência. Desde logo porque ao contrário de outras produções 2D que não apresentam profundidade em termos de scroll vertical, em Streets of Rage as personagens deslocam-se dentro de um plano isométrico, o que colocou uma série de dificuldades e desafios em termos de adaptação aos efeitos tridimensionais.

Duplo Max.

A boa recepção dos primeiro jogo, remasterizado em 3D, deixou a M2 mais segura sobre o trabalho a concretizar na sequela. É um processo mais delicado, meticuloso e exaustivo do que à primeira vista pode parecer. As horas de sono que todos perderam foram compensadas com umas justas férias quando acabaram o cumprimento do dever. O resultado está aí. 3D Streets of Rage 2 chegou à 3DS tão bom ou melhor ainda do que estava quando chegou em 1993 à Mega Drive.

Mesmo sem a conversão 3D é um jogo tremendamente valioso e em quase tudo melhor que o original. À marcante banda sonora de Yuzo Koshiro, acrescem mais personagens, mais animações, mais movimentos, mais sprites e uma cadência de fotogramas por segundo superior (corre a 60 frames). Não é por acaso que os programadores da versão "remaster" referem-se ao original da Mega Drive como um dos jogos que extraiu todo o sumo da plataforma. Na verdade e se ligarem a clássica consola da Sega através de uma ligação à tv de qualidade superior encontram um patamar gráfico só ao nível de algumas produções.

Como um "side scrooler" horizontal tipicamente 2D, com um plano isométrico que permite às personagens deslocarem-se na vertical, o obejctivo é o mesmo do original: entrar nas ruas onde impera a violência e a ordem imposta pelo Syndicate e acabar com todos os mauzões, recorrendo aos punhos e pontapés, e à força física, numa primeira instância. Depois, podem ainda pegar em facas, tubos de aço e garrafas quebradas e jogá-las aos inimigos. Pelo meio, podem recuperar alguma energia e saúde, comendo pequenas peças de fruta (maçãs) ou então para colmatar a fraqueza no estômago, um frango assado.

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Com níveis significativamente mais extensos, compostos por secções e zonas intermédias diferenciadas antes da chegada ao ponto onde invariavelmente ocorre a boss fight, os quatro heróis terão que vencer novos inimigos; vagas de mauzões que tanto vão do punk ao mestre de karaté. Num novo formato, alguns entram em cena usando motorizadas de motocross, só vencidos através de um salto e pontapé. Nesse aspecto 3D Streets of Rage 2 é superior na comparação com o anterior.

O quarteto é composto por dois lutadores que regressam do jogo anterior (Axel e Blaze), com estilos equilibrados, tanto em força como resistência e agilidade, enquanto que o pesado Max, é pouco veloz mas muito possante. Skate (irmão de Adam e entretanto detido pelo Syndicate) serve-se dos patins para uma rápida deslocação, e embora não seja possante possui um conjunto de golpes especiais que lhe conferem alguma vantagem.

Em termos de design, destaque para os fundos, cenários que maioritariamente retomam alguns lugares na linha do original, como a cidade, a ponte, embora com mais interiores e detalhe nos objectos como cabines, mesas, etc. As personagens adversárias também estão muito bem reproduzidas, com movimentos especiais. Para um jogo 16-bit, numa consola como a Mega Drive, é difícil encontrar melhor. Animações, sprites e cadência de fotogramas estão ao mais alto nível e desta vez com a preciosa vantagem dos efeitos 3D proporcionados pelo ecrã estereoscópico da 3DS.

Potencial da Mega Drive explorado ao máximo, mas o jogo também passou pelas arcadas e ganhou outras conversões: Sega Game Gear e Sega Master System.

Como vem sendo usual nestas remasterizações, a M2 acrecentou uma série de opções e modos de jogo visando uma melhoria da experiência. Para começar, os produtores acrescentaram um modo que permite a dois jogadores a partilha do mesmo espaço, num modo cooperativo que retoma a essência do original, quando dávamos um segundo comando a um amigo, para uma tarde de feitos heróicos. Neste versão 3D não basta que apenas um tenha o jogo. Para funcionar requer uma instalação em ambas as consolas.

Sobre as opções individuais, desde o modo casual (demasiado fácil e sem grande desafio), até ao Rage Relay (permite que joguem com as quatro personagens, numa opção parecida com a de Metal Slug que permite a mudança de personagem depois de uma vida esgotada). Entre versão internacional e japonesa, ecrã plano ou crt (à boa moda antiga), passando por outras opções imediatas, assim como um modo de jogo desbloqueável depois de cumprida a aventura, é mais uma vez transparente a intenção da M2 em tocar o lado mais nostálgico dos jogadores veteranos.

Esses mesmo sentir-se-ão confortáveis ao revisitar um dos clássicos mais populares da Mega Drive. Rapidamente retomarão os processos ofensivos com sucesso e acabarão por revisitar grandes batalhas e momentos épicos, até aos créditos finais. Os mais novos e nascidos posteriormente a 1993, à falta de uma Mega Drive e respectivo cartucho poderão descobrir, por um preço bastante convidativo, uma era já distante e menos popular nos dias de hoje, mas demonstrativa de jogos desenhados com paixão e pensados para divertimento imediato e desafio puro. Uma tarde com 3D Streets of Rage 2, pode ser bem um título para as férias de verão que ainda perduram.

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