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5 coisas que a Nintendo Switch precisa de ter para o sucesso

A Nintendo terá que evitar os erros da Wii U.

Após meses de especulações e rumores a Nintendo revelou finalmente a sua nova consola. A Nintendo Switch será uma realidade em Março de 2017 e com ela a Nintendo pretende assegurar uma nova experiência; uma unificação pacífica entre o jogo portátil e doméstico. É de facto uma meta ambiciosa aquela a que a Nintendo se candidata. Mais uma vez, trata-se de aplicar um conceito novo nos sistemas da Nintendo, a partir do momento que a companhia decidiu seguir por um rumo diferente das outras consolas existentes no mercado, quando lançou a Nintendo Wii.

O "trailer" de apresentação da Nintendo mostrou muito sobre a nova consola. Desde o seu conceito, à sua utilização prática, passando pelos jogos, possibilidades de interacção, forma, tamanho e nome, em 3 minutos ficámos a saber sobre o seu particular funcionamento. Mas também se avolumaram questões e dúvidas sobre pormenores que podem fazer a diferença, particularmente neste competitivo mundo das consolas e dos videojogos.

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A Nintendo é o mais antigo "player" no mercado e a sua experiência não pode em momento algum ser menosprezada. A sua primeira consola foi apresentada quando a indústria passou por uma fase de algum descrédito após o fracasso da Atari em meados dos anos oitenta. A NES é um dos melhores exemplos de sucesso e nem sequer é espelho de um fulgor distante. Quando a Nintendo arriscou o lançamento da Nintendo Wii, muito se questionou o novo caminho inaugurado, num claro desinteresse da luta pelas especificações em detrimento da experiência de jogo e conceito. Mas se a Wii excedeu todas as expectativas, já a sua sucessora, igualmente inovadora, redundou num fracasso. A Nintendo arrisca-se a ganhar mas também pode sair em queda.

Ao dar um novo passo no sentido da inovação com a Nintento Switch, o risco é mais uma vez inevitável, pois cada vez que a Nintendo lança uma nova consola há uma grande imprevisibilidade na reacção do mercado à nova experiência proporcionada. A Nintendo Wii U apresentou-se numa perspectiva positiva e capaz, mas uma série de erros criou dúvidas entre os utilizadores, o que levou a um afastamento e desinteresse. A Nintendo Switch assenta numa premissa fantástica, um conceito inovador cujo desempenho pode ser realmente superior às possibilidades de aplicação similar que aconteceram até hoje como a relação que a Sony estabeleceu entre a PS Vita e as consolas domésticas. Mas para que isso suceda, a Nintendo Switch terá pelo menos que se apresentar como um sistema forte, capaz de responder às tendências mais recentes, captando assim o interesse do grande público. Enquanto não sabemos ainda mais detalhes oficiais sobre as capacidades da consola, o disco, o preço, o formato dos jogos, existência ou não de retro compatibilidade, sistema operativo, etc, deixamos aqui uma série de coisas que gostaríamos de ver implementadas na Nintendo Switch.

Uma bateria capaz de proporcionar uma experiência prolongada em formato portátil

Já se sabe que a Nintendo Switch é uma consola portátil, isto é, capaz de correr jogos em qualquer lado ou na TV, como consola doméstica, quando inserida na "dock station", que por seu turno se liga à TV. Sendo um sistema portátil e vimos já como é capaz de proporcionar magníficos jogos através do seu luminoso ecrã táctil, questionamo-nos sobre a duração das baterias. Quanto tempo de jogo proporcionará a Nintendo Switch quando estiver a correr os jogos na sua plenitude? Sem dúvida que este é um dos pontos de maior apelo da consola e uma bandeira para as vendas, talvez o que a torna irresistível mas será uma consola interessante deste ponto de vista quão maior for a sua capacidade para proporcionar uma experiência portátil durante o maior lapso de tempo possível, de outro modo colocará em risco o seu conceito.

Quanto tempo trabalha a Nintendo Switch em modo portátil? Uma bateria com grande capacidade é decisiva para tornar a experiência portátil cómoda e atraente.

Algo que nos faz recear um pouco neste capítulo é o caso das baterias do GamePad da Wii U, que não aguentam muito tempo, não estando sequer a processar o jogo. Aliás, pouco tempo após o lançamento da Wii U, a Nintendo colocou no mercado mais baterias, um pouco melhores que as disponíveis no comando, de forma a melhorar o tempo de jogo quando carregadas. Essa é uma das questões que temos sobre a Nintendo Switch. É verdade que as baterias ainda constituem o calcanhar de Aquiles de qualquer dispositivo portátil. Apostando numa nova experiência de jogo será crucial que a alimentação possa produzir sessões de jogo portáteis prolongadas antes de se efectuar um carregamento.

Um jogo Super Mario 3D no dia de lançamento

The Legend of Zelda: Breath of the Wild está previsto como um dos jogos disponíveis no lançamento da Nintendo Switch, em simultâneo com a versão para a Nintendo Wii U. Tendo sido considerado por muitos como o melhor jogo da passada E3, fará as delícias dos fãs logo no primeiro dia. Um mundo aberto, recheado de quests e com uma profundidade enorme, será uma das melhores proposições para demonstrar o sucesso da Switch como plataforma híbrida. Poder jogar um título desta dimensão num parque, num café, na cama ou noutro sítio é tentador.

Super Mario é 3D pela mão do EAD Tokyo é sempre um dos jogos mais aguardados e tê-lo no dia de lançamento seria bombástico e uma grande promoção do sistema.

Passando ao lado da época natalícia que se aproxima vertiginosamente, a Nintendo precisará de um dia primeiro da Switch verdadeiramente bombástico, até para servir como catalisador de vendas. Nada melhor por isso que um novo Super Mario 3D pela mão da EAD Tokyo a fim de convencer os utilizadores mais indecisos. Super Mario em 3D é normalmente sinónimo de qualidade e os poucos segmentos mostrados no anúncio da consola são não apenas de uma nova produção como se apresenta com aquele colorido de grande impacto. Não se anulariam, Super Mario e Link no primeiro dia da Switch. Seriam um convite imediato à compra.

Jogos, jogos e mais jogos das produtoras "third party"

Numa altura em que se discutem "especificações de consolas", números, 4K, consolas de meio da geração, parece que os jogos saíram de cena e foram trocados por "guerras" de números. Num comunicado, a Nintendo revelou ter dezenas de produtoras reconhecidas e de gabarito dispostas a desenvolver para a Switch. Mas será importante que estas mesmas produtoras arrisquem em jogos novos e tirem proveito das capacidades da plataforma.

O sucesso de uma consola depende não só mas muito do apoio das produtoras "third party". Já se viu que canalizar apenas produções "indie" para a Wii U não chega. Estes são um complemento, servindo quase de carne para canhão.

A Switch terá que ser um sucesso comercial, capturando o interesse de produtoras independentes. Não bastam para o sucesso de uma plataforma as produções indie e jogos first party.

Este é talvez um dos pontos mais delicados, pois a Wii U contou inicialmente com o apoio de muitas produtoras conhecidas. A Wii U recebeu inclusivé os jogos da Electronic Arts, entre muitas outras. Já se sabe que estas produtoras só molham o bico quando a consola é rentável e os seus jogos vendem. Se a consola não vender e os seus jogos ficarem nas prateleiras, desatam em debandada.

É uma realidade cruel mas acontece e foi o que em grande parte levou à situação da Wii U. Com a Wii o conceito funcionou e todos ficaram contentes, mas na consola que a sucedeu, o desfecho não foi bonito. A Nintendo vai precisar de muitos jogos e de um "line up" forte no lançamento da Switch a fim de conquistar os votos dos utilizdores. A consola terá que vender e só assim conquistará o apoio das grandes produtoras e terá o combustível para se tornar no sistema que a Nintendo espera bem sucedido e capaz de remontar o presente contexto.

Robusto sistema online e operativo com múltiplas funções

Uma das grandes limitações da Nintendo Wii U foi o sistema online e operativo. Sendo verdade que a Nintendo se afastou do caminho prosseguido pelas demais fabricantes de consolas, não deixa de penetrar e atacar o mesmo mercado e até os mesmos utilizadores. Por mais que se afaste é quase impossível não comparar certas funcionalidades que hoje são cruciais, como um bom sistema online e um sistema operativo capaz de proporcionar várias funcionalidades como ouvir música, ver filmes, passar fotografias, etc, coisas que um actual "smartphone" ou "tablet" proporciona com toda a ligeireza, bem como gravação de "gameplay".

O online, o sistema operativo e a capacidade de armazenamento têm que melhorar.

Acreditamos que um bom sistema online na Switch, capaz de oferecer integração por voz e vídeo (neste último parece que será mais difícil porque ainda não vimos nenhuma câmara) seria um grande avanço e deixaria muitos utilizadores mais interessados na plataforma. A Wii U apresentou uma experiência muito condicionada nesse capítulo, mesmo sendo gratuita.

Com a vocação portátil da Switch, parece-nos que um sistema operativo rápido, eficiente e capaz de gerar várias funcionalidades como internet, música, filmes e fotografia, seria perfeito para usar fora de casa. Imaginem aceder à loja online e descarregar um jogo e até mesmo jogar com os nossos amigos por via online. Será importante desenvolver uma lista de amigos e interacção mais rápida e eficiente. Muitas destas operações na Wii U levavam imenso tempo, até o acesso à loja online é moroso e hoje em dia é algo que tem que acontecer com velocidade e de forma intuitiva.

O preço da consola entre os 250 a 300 euros

Chegamos ao ponto mais sensível e aquele que normalmente domina muitas das discussões quando é revelada uma nova consola. No fundo quanto custa e quanto teremos que desembolsar por ela. É um ponto crucial pois em muitos casos já se viu que pode afectar a performance do sistema em termos de mercado. É inegável que a Switch é um sistema melhorado por comparação com a Wii U, equipado com ecrã táctil de alta definição e chip Nvidia Tegra. Resta saber qual o tamanho do disco. É provável que a Nintendo lance no mercado várias opções, mas aquela base de 32GB que começou na oferta da Wii U parece-nos algo datada, pelo que terá de apresentar mais capacidade de armazemanto.

Um preço baixo será competitivo e crucial para conquistar os utilizadores. Nesta altura muitos consideram que a Nintendo terá que arriscar, até porque as rivais, mesmo mostrando sistemas diferentes, apresentam consolas com preços até 300 euros, podendo os sistemas com mais tempo como PS4 e Xbox One S cair para menos no próximo ano.

É um equilíbrio difícil de conseguir, uma consola de elevadas prestações a um preço acessível, mas parece-nos que no actual contexto, a Nintendo terá que arriscar.

Mas a Nintendo tem aqui que efectuar uma opção algo delicada, é que ao incrementar a qualidade da sua consola, com mais capacidade de armazenamento, baterias mais capazes, mais capacidade de processamento para tornar o sistema operativo rápido e proporcionar bons jogos, isso acaba por encarecer as componentes e disparar os custos de produção. A Nintendo sentiu como poucas editoras como o corte do preço associado à 3DS e o lançamento de jogos com qualidade (Mario Kart 7 e Super Mario 3D Land) catapultaram as vendas da consola na época natalícia depois de um lançamento pálido e um verão fraco.

Estabelecer um preço alto para a Nintendo Switch poderá ser uma barreira para muitos utilizadores que também olham para outras prateleiras e ouvem o que dizem os amigos e amigas sobre o que andam a jogar, antes de passar por uma loja e fazer a escolha. Certas marcas conseguem o sucesso independentemente do preço, mas neste momento a Nintendo não está numa posição fácil e terá de remontar a situação negativa aberta pela Wii U, considerando o interesse dos accionistas, ávidos por uma consola que traga proveitos e finalmente o sucesso esperado. Parece-nos que a combinação preço, jogos e qualidade do produto será decisiva a fim da Nintendo conseguir um bom começo. Só assim poderá construir um novo ciclo de espiral positiva.

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