A conferência da Sony em testemunho direto
Sentimentos mistos, mas no final anunciou o que todos queriam saber.
A conferência da Sony na Gamescom foi marcada por sentimentos mistos, se por um lado um simples upload de uma screenshot depois de apresentada a nova interface da consola era capaz de arrancar uma salva de palmas da sala, notou-se claramente que se tratava de energia acumulada, expectativas elevadas à espera de um grande anúncio, qualquer coisa realmente impressionante e capaz de fazer explodir a sala do Staatenhaus am Rheinpark.
E se no caso de nem sequer se atreveram a tentar demonstrar as mesmas capacidades com o upload de um vídeo de gameplay, a coisa estabilizou com um nome de peso como Gran Turismo 6, num novíssimo vídeo que mostrava alguns conceitos de carros, o forte apoio de algumas marcas, e para terminar, até uma citação de Oscar Wild.
Mas isso era só para entreter pensava eu, e pensava bem, porque de seguida foi jogada uma das mais fortes cartadas da noite, Little Big Planet Hub, uma franquia conhecida e adorada pelos fãs, e mais um que muda de direção e nos mostra que a monetização de um modelo free-to-play aliado à persistência se vem tornando cada vez mais o padrão da indústria.
A monetização será sempre focada na vertente cosmética, elementos que poderão depois ser utilizados na criação de níveis como normalmente acontece. O maior incentivo para estas criações sempre esteve no lado social. Para quê criar se não tenho ninguém com quem partilhar e me comparar? Isto é verdade com os amigos da rua, com os colegas na escola, e com o mundo na rede. A grande e inteligente diferença aqui é que free-to-play significa maior acessibilidade, e depois de comprometidos com as suas criações, o desejo de possuir mais elementos para criar crescerá naturalmente. Claro que ainda não sabemos detalhes, mas para já, bem jogado Sony.
A Vita foi o trunfo seguinte, e gerou mais um sentimento de alívio do que surpresa, afinal, a necessidade deste corte de preço era gritante, ainda mais no caso dos cartões de memória, que são demasiado essenciais para terem um preço tão elevado. Fiquei ainda assim receoso por não confirmarem exactamente qual o corte, talvez ainda não tenham feito bem as contas de quanto será possível à marca cortar nas suas margens, assim é que não podia ficar.
Foram mostrados ainda alguns novos jogos, mas aqui a sala ficou dividida, e eu acho que percebo porquê. Vou dar alguns exemplos: Football Manager na Vita é apenas natural, Borderlands 2 é muito bom, no caso de haver base instalada de jogadores, ou seja, se se venderem mais Vitas, Minecraft é excelente mas vem muito atrasado, Murasaki Baby é um título com uma estética interessante e um gameplay aparentemente diferente, Big Fest é um conceito engraçado que junta música à vertente social.
Todos são interessantes à sua maneira, no entanto, nenhum deles é verdadeiramente único, nenhum representa uma experiência impossível de ter numa outra plataforma qualquer. Acrescentam valor, mas não são títulos daqueles que vendem consolas sozinhos. Depois tivemos mais um corte no preço da PS3, que também não foi uma surpresa. Finalmente entramos na PS4, onde os chamados Indie voltaram a ser um dos focos.
Isto tem sido aliás algo transversal às plataformas e às marcas, a forma como gastam o nome Indie. É óptimo que os gigantes apoiem pequenos projectos, agora independente não significa apenas liberdade, não é um poster de marketing. Está por provar que estes pequenos projectos ficam a ganhar em ser produzidos em exclusivo, não vou tão longe em afirmar que são títulos de nicho, mas não são mainstream e por isso julgo que estão melhor quando são disponibilizados para o maior número de pessoas possível, algo que a exclusividade não permite.
"Ainda ensaiaram mais uma vez uma bicada à concorrência, afirmando que sempre souberam o seu caminho sendo consistentes"
Quanto a novidades para a PlayStation 4, destacaria o Rime da Tequila Works, que não sei quanto a vocês, mas esteticamente me lembrou imenso de Ico. O Helldrivers, um shooter de vista isométrica estilo Diablo, e finalmente o ressuscitar de um clássico de cara renovada, o Shadow of the Beast, que é já o quarto da série, mas como não tem número à frente assumo que seja um reboot total. Adicionalmente, a sala ainda se entusiasmou com o Everybody's Gone to the Rapture, mas o teaser foi tão leve que nem deu para as palmas em êxtase, o público já estava a ficar cansado.
A Sony não resistiu em ensaiar uma demonstração do novo PlayStation Eye através do The Playroom, um título que virá pré-instalado na PlayStation 4 e que aponta ao chamado mercado dos jogos de família. Pareceu-me desenhado para convencer mais algumas pessoas a comprar o periférico, mas a sala nem se moveu, a explosão estava por vir.
Ainda ensaiaram mais uma vez uma bicada à concorrência, afirmando que sempre souberam o seu caminho sendo consistentes, ao contrário de outros que estão sempre a mudar de ideias, gabaram-se dos mais de um milhão de pré reservas com que a consola já conta, mas isso foi só para o público suster a respiração por mais uns minutos. A PlayStation 4 vai chegar às lojas da Europa no próximo dia 29 de Novembro, e finalmente, a sala explodiu.