A PS5 precisa de mais jogos como Returnal
A Housemarque arriscou e ganhou.
A PlayStation 5 está a ter um primeiro ano recheado de excelentes jogos, superando facilmente as consolas da Sony de gerações anteriores. Demon's Souls, Spider-Man: Miles Morales, Sackboy: Uma Grande Aventura e Ratchet & Clank: Uma Dimensão à Parte são todos jogos de qualidade, mas até agora, o jogo que mais me surpreendeu e fascinou foi Returnal. A Housemarque tem um historial de jogos espectaculares com aquela sensação arcade viciante que encontras em Returnal, mas este novo jogo foi uma prova de superação para o estúdio finlandês.
Todos gostamos de torcer pelo underdog e era esse o papel da Housemarque nesta história. Um pequeno estúdio talentoso que quis superar tudo aquilo que tinha feito até ao momento e provar que conseguia estar no mesmo patamar qualitativo dos grandes nomes presentes na família PlayStation Studios. A missão foi cumprida com sucesso e a maior prova disso é que a PlayStation acabou por adquirir a Housemarque dois meses depois do lançamento de Returnal.
Pessoalmente, não podia estar mais contente. A Housemarque tem agora um poderoso nome por detrás para sustentar os seus conceitos arrojados, o que espero que se traduza em mais jogos refrescantes para o catálogo da PlayStation 5. Returnal foi uma jogada de risco, mas provou que a audiência da consola está pronta para propostas diferentes do habitual. Munida no seu talento para criar uma jogabilidade arcade fluída, responsiva e apelativa, a Housermarque inspirou-se no género roguelike para criar uma interessante proposta de ficção científica.
Depois de ter concluído o jogo em Abril, voltei esta semana a pegar Returnal para sacar o troféu de Platina. Normalmente, não tenho o mínimo interesse em caçar troféus, mas gostei tanto de Returnal que se tornou num capricho. É sempre curioso regressar a um jogo depois de ter escrito a review porque não sabemos se vamos ter as mesmas impressões que tivemos inicialmente. No caso de Returnal, fiquei novamente surpreendido pela facilidade com que o jogo "nos agarra". Facilmente perdemos uma ou duas horas a saltar de sala em sala, enfrentando desafiantes inimigos.
Tenho uma teoria de que um jogo tem sempre duas fases de apresentação ao jogador. A primeira é visualmente. É extremamente importante que um jogo seja visualmente apelativo para aliciar o jogador. Esta faceta acaba por ser semelhante como o cheiro da comida. Se cheira bem, ficamos com água na boca e queremos experimentar. Neste quesito, Returnal mais do que cumpre, afinal é provavelmente o jogo com os efeitos de partículas mais avançados e bonitos desta geração de consolas. A segunda fase, e a mais importante, é a jogabilidade. É como conhecer intimamente uma pessoa.
Se a jogabilidade não der uma sensação agradável, o jogo não cativa, por mais bonito que seja. Graças à muita experiência acumulada pela Housemarque na produção de outros jogos, a jogabilidade é a melhor faceta de Returnal. Correr, saltar, disparar, dar um golpe nas estranhas criaturas repletas de tentáculos, tudo se desenrola a um ritmo impressionante. É um jogo que simplesmente dá gozo. Inicialmente pode ser um pouco assustador, principalmente para aqueles que não estão familiarizados com roguelikes, mas assim que "conheces os cantos de casa", vais ficar fascinado.
"Returnal não é um system seller, mas não há dúvidas que deixou o catálogo da PlayStation 5 mais rico e variado"
Sei bem que a indústria dos videojogos é movimentada pelas grandes propriedades intelectuais que vendem milhões de unidades e que, em alguns casos, ainda geram milhares de milhões em compras dentro do jogo, mas está provado que existe espaço para jogos como Returnal. É bizarro, difícil de penetrar e mecânicas que não são imediatamente evidentes, mas está bem desenhado e tem uma jogabilidade deliciosa. Espero que de futuro a Housemarque tenha a liberdade para continuar a experimentar com ideias fora do convencional. Returnal não é um system seller, mas não há dúvidas que deixou o catálogo da PlayStation 5 mais rico e variado.