Passar para o conteúdo principal

Abyss - Análise

Olharapo cyborg.

Lançado para a DSiWare em Setembro de 2012, o jogo do pequeno estúdio catalão da EnjoyUp Games regressa à eShop, desta vez à Nintendo Wii U, numa versão que para além de beneficiar de um banho de alta definição, conta ainda com novos efeitos gráficos, música remisturada e um novo modo de competição para dois jogadores. Não sendo uma sequela, também é verdade que não é uma conversão directa, o que pode ser mais aliciante para quem não jogou o original. Integrado numa vaga de produções independentes que chegaram à Wii U, Abyss é um jogo de aspecto minimalista, cheio de cores contrastantes, com objectivos muito definidos e promotor de uma jogabilidade especial, embora a sua particular mecânica, conjugada com uma elevada dificuldade, possa levar o mais incauto dos jogadores ao desespero.

As produções independentes ganham precisamente por despirem os elementos mais convencionais e assumirem diferentes coordenadas, em que os produtores querem fazer algo inédito. Abyss começa por ser um jogo muito atmosférico. Sem cenas animadas, informações ou indicações sobre as circunstâncias de tempo, modo e lugar. Temos apenas à nossa disposição um robô biomecânico que navega dentro de canais cavernosos submersos. Em nenhuma missão temos informações sobre se estas têm lugar no planeta terra ou noutro planeta de outra galáxia. Só depois de abrirmos o manual do jogo, ficamos a saber que o robô que controlamos chama-se "Nep2no" e que é a tecnologia que temos à disposição para explorar as profundidades do planeta Terra. Em 3024.

Outro modo desblqueável é o Time-Attack.

A sobrevivência da raça humana está em perigo e os recursos naturais são escassos. Na tentativa de encontrar recursos energéticos, este robô é enviado quase como uma sonda que chega a Marte e que nos envia aquelas imagens de rocha e pedra. Mas neste jogo o objectivo não é tirar fotografias nem encontrar vestígios de vida. Após muitos anos de exploração, os cientistas descobriram que as pedras de energia "Gaia" constituem o único recurso indispensável para a sobrevivência da humanidade. Só a exploração dentro dos inundados canais das cavernas permite a recuperação das pedras preciosas.

Embora não vejamos um cenário apocalíptico, nem destruição, a sensação ao jogar é de um isolamento muito grande. O robô Nep2no irradia alguma luz, suficiente para aclarar o ambiente ao seu redor e indispensável para encontrar a linha de progressão. A dificuldade está em guiar o robô sem tocar nas paredes rochosas, passando por túneis apertados, pois ao mínimo toque o sistema é danificado e ganha um tom vermelho, antecipatório de uma provável explosão caso aconteça outro toque antes que o sistema regenere. O movimento é particular. Ao premir o botão para movimentar Nep2no na direcção da antena, situada no topo do olho (o robô parece mesmo um olharapo), ele desloca-se nesse sentido. A diferença está que ao premirem o botão ininterruptamente o movimento é rápido, enquanto que para aproximações suaves ao objectivo há que dosear a pressão e mudar constantemente de direcção através do analógico.

Este sistema até funciona e colhe alguma novidade, mas não tarda até causar tremenos embaraços, fruto de uma curva de dificuldade desmesurada, sendo quase impossível evitar embates e constantes perdas de vida. Além disso, só completam o nível depois de recolher todas as pedras Gaia existentes. Se falharem uma pedra e encontrarem a saída, chegam a uma espécie de "bad ending", tendo que começar o nível novamente. E acontece ainda que se perderem uma vida a meio do nível, terão que voltar outra vez ao princípio. Mas é a elevada dificuldade no controlo de Nep2no que torna a progressão altamente demorada, como se o robô teimasse em investir contra as paredes. O desespero é galopante ao fim de uns níveis. Tentar avançar depressa entre as pedras resulta sempre em acidente, mas avançar cautelosamente e com pressões intermitentes no botão de movimento é algo aborrecido.

Alguma fusão de cores no jogo a dois.

No modo para dois jogadores, o segundo jogador compete pelo primeiro lugar, usando o Wii Remote para controlar o seu Nep2no. Devem na mesma ser evitados os embates, embora haja mais algum caos neste desafio a dois. Findos os 12 níveis das missões principais, o jogador tem acesso ao "Dark Mode" que consiste em 8 níveis mas com 8 pedras Gaia para recuperar em vez das 6. Em termos gráficos, Abyss para a Wii U ganhou mais algum reforço ao nível dos contrastes e dos efeitos luminosos, mas infelizmente não há muita variedade nem surpresa depois da revelação inicial.

Abyss é uma produção independente que ganha um novo destaque ao entrar para a eShop da Wii U. É pena que a curva de dificuldade seja muito elevada, porque apesar de possuir uma mecânica bastante simples, consegue satisfazer minimamente. O preço pedido pelo jogo não é significativo e ainda podem partilhar a experiência com um amigo.

5 / 10

Lê também