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Ace Attorney Investigations: Miles Edgeworth

Eureka!

Quando é que será que o CEJ presta atenção ao trabalho da Capcom? No universo de Phoenix Wright não faltam magistrados com um registo imaculado, uma inteligência superior e um dom para o sarcasmo... Se há algo que a franquia Ace Attorney sempre tomou como estandarte foi o seu humor. O facto de as histórias serem mirabolantes (e largamente rídiculas) é corroborado por um sorriso constante nos lábios do jogador.

Vários personagens regressam de jogos anteriores e muitos dos diálogos fazem menção a situações específicas destes, mas em geral nada impeditivo, alguém que não esteja familiarizado com o universo Ace Attorney vai apenas perder algumas piadas por não as conseguir contextualizar devidamente.

É também preciso realçar que Edgeworth é um personagem mais do que adequado para assumir o papel de protagonista. Num claro contraste com Phoenix Wright (ou mesmo Apollo), que eram novatos e um pouco descuidados. A atitude metódica e de constante controlo de Miles é refrescante, pois não implica que os diálogos se afastem da habitual parvoíce e comédia.

Os homicídios continuam a ser o principal foco das investigações, mas a tarefa do procurador é diametralmente oposta à do advogado. Em vez de procurar e juntar pistas para defender o nosso cliente, investigamos detalhadamente a cena do crime para apurar o culpado. Miles Edgeworth movimenta-se livremente pela cena do crime, representada numa perspectiva isométrica onde a sprite do procurador se desloca.

Forçar os suspeitos (ou personagens relevantes) a entrar em contradição funciona exactamente como nos jogos anteriores. O objectivo é mostrar provas que contradizem a frase contraditória da declaração em questão. As investigações introduzem agora um novo elemento, chamado "Logic". Edgeworth memoriza todos os factos pertinentes sobre aquilo que aconteceu e o jogador deve juntar esses pontos para responder a questões sobre o desenrolar dos acontecimentos.

O botão partner permite-nos ter uma amena conversa com o personagem que nos estiver a acompanhar. Seja para nos darem dicas ou dizerem coisas idiotas...

Este uso da lógica torna todo o processo mais interactivo, mas quando é necessário deduzir que colocar uma chave numa porta (estando ambas muito próximas) vai abri-la... É um pouco redundante. Dito isto, esta nova mecânica é muito interessante, e exige que a desenvolvam num próximo título. É uma maneira muito eficiente de forçar o jogador a descobrir de que forma os elementos se relacionam entre si, e dá azo a puzzles agradáveis.

Por vezes surge o sentimento de que estamos a tentar descobrir aquilo que passou na cabeça dos funcionários da Capcom quando desenharam o caso e a respectiva solução. Por mais de uma vez encontrei soluções alternativas para as questões que não eram contempladas pelo jogo ou vi um apontar de contradição que me pareceu óbvio recusado porque não seguiu os passos exactos preconizados. Nada que tenha impedido a minha diversão, mas é uma fonte de frustração infelizmente presente em todos os títulos Ace Attorney. Tentativas falhadas de resolver um dilema resultam no esvaziamento de uma barra. Quando esta barra fica vazia, o jogo termina. Esta constante ameaça acopla ao nosso raciocínio um certo grau de reflexão, pois algumas sugestões em vão resultam em derrota.

As sprites dão vida ao jogo, e estão bem animadas. Um detalhe interessante são as animações das sprites que imitam as características acções que os diversos personagens fazem nos retratos que acompanham os diálogos (Edgeworth a apontar agressivamente, por exemplo).

A investigação é mais linear, no sentido em que – regra geral – tudo o que precisamos de investigar e todos os elementos que devemos examinar estão confinados a um único espaço. Esta decisão beneficia o título, pois permite ao jogador centrar-se nas partes apelativas da investigação, nomeadamente encontrar contradições e usar a "lógica".

A introdução de novas mecânicas, a qualidade visual, e a constante que é a música de Noryuki Iwadare conferem a Ace Attorney Investigations: Miles Edgeworth o dote de merecer muito mais atenção do que aquela que alguma vez vai receber.

8 / 10

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