Os jogos mais importantes da Nintendo Switch
Uma lição em como usar o legado para traçar o futuro.
A Nintendo Switch ainda é a principal consola atual da companhia, mas dentro de semanas o mundo vai conhecer a sua sucessora, que se tornará no inevitável foco dos seus esforços. A atual Switch ainda vai receber jogos e continuará a acompanhar-nos durante mais alguns meses, mas estamos no final da sua era como o nosso principal foco, o que nos deixa a pensar nestes anos espetaculares que passamos com ela.
Olhar para o futuro e imaginar como é a Nintendo Switch 2, os blockbusters que a companhia lançará para nos incentivar a transitar rapidamente, sem esquecer o seu poder, são coisas que nos deixam empolgados, mas não conseguimos deixar de fazer uma retrospectiva à consola que temos aqui ao nosso lado. É uma máquina que mudou de forma significativa a forma como consumimos videojogos, que moldou os nossos hábitos e que nos deixou inúmeras memórias que guardamos com encanto.
Jogar ARMS a bordo de um avião não devia ter sido uma experiência de tal forma marcante para permanecer como uma memória marcante, que ainda perdura passados mais de 7 anos. Afinal de contas, jogar títulos num dispositivo portátil já era possível, incluindo no mobile, mas aquela sensação, que a Nintendo realizou com um efeito cirúrgico, de jogar um título que supostamente apenas devia ser possível numa TV na sala, transformou por completo a forma como consumia videojogos. À semelhança do que aconteceu com milhões, a minha perceção do que jogava e onde jogava, foi transformada quase por completo.
Dispositivos como a PSP e a Nintendo 3DS, por exemplo, receberam séries e jogos populares, em versões criadas para hardware portátil mais fraco do que as caseiras, mas o sistema híbrido da Nintendo mudou paradigmas. Mais do que jogar ARMS fora de casa, mais do que o impacto do jogo em si, o que realmente perdura é o impacto do momento, a delícia de sentir algo encantador, de jogar um título de consola caseira fora de casa. O conceito de jogar a qualquer hora, em qualquer lugar e com qualquer pessoa realmente triunfou.
ARMS é apenas um exemplo entre muitos outros, de como transitar do ecrã grande na sala para o ecrã pequeno da consola se tornou fascinante, quase por si só o principal efeito da experiência Nintendo Switch. Não acredito que fui o único que passou minutos maravilhado nos primeiros dias com a consola e Zelda: Breath of the Wild a tirar e a meter a Switch na dock repetidamente, apenas para ver a transição instantânea entre ecrãs.
Existem imensos exemplos como ARMS, jogos que mudaram a minha postura ao ponto de dizer que “estes jogos ficam perfeitos na Switch e será ali que os vou jogar”, casos como os recentes esforços da Capcom em Ace Attorney, entre outros. Jogos como Mario Tennis Aces que me acompanharam nas férias para todo o lado, mas existem diversos títulos que efetivamente marcaram o percurso da Nintendo Switch e a ajudaram a alcançar um estatuto que nenhuma outra conseguiu.
Assim sendo, apresento aqui uma lista de jogos que considero marcantes para a Nintendo Switch, jogos que podem não representar propriamente os meus favoritos, mas que marcaram o meu trajecto com a consola e que vão permanecer como experiências que recordarei com encanto:
The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Nintendo, 2017)
Olhando agora para essa altura, parece tão simples que muitos podem sentir que é patético nutrir carinho por essa memória, mas continuo a sentir que foi algo verdadeiramente espetacular, algo que definiu imenso o que a Nintendo desejou para a sua Switch. A respeito desse The Legend of Zelda: Breath of the Wild, é sem dúvida um dos mais memoráveis títulos desenvolvidos pela companhia de Quioto, que recorreu ao seu impressionante legado para dar forma ao seu futuro.
Quem jogou Zelda: Breath of the Wild na Nintendo Switch em 2017, a qualidade técnica não serviu para demonstrar um grande salto sobre a Nintendo Wii U, consola para o qual foi desenvolvido, mas o design híbrido ajudou a tornar esta versão como a principal. Pessoalmente, não morro de amores por Breath of the Wild, é uma experiência que me cansou e sinto que Tears of the Kingdom é o jogo que desejei que Breath of the Wild tivesse sido, uma versão refinada dessa fórmula. No entanto, é inegável o seu peso para liderar os esforços da Nintendo em demonstrar o conceito híbrido e transmitir uma sensação de fascínio na realidade de estar a jogar numa TV e transitar em segundos para modo portátil.
Mario Kart 8 Deluxe (Nintendo, 2017)
Atualmente, os remasters tornaram-se num assunto polémico na indústria, por mais normais que sejam, mas quando a Nintendo lançou um remaster/versão completa de um jogo com 3 anos, ninguém imaginava que se tornaria num dos seus jogos mais vendidos de sempre. Numa altura na qual a Nintendo Switch tinha apenas Zelda: Breath of the Wild como o seu grande blockbuster interno, a Nintendo lançou Mario Kart 8 Deluxe.
O jogo tornou-se num incrível sucesso, um jogo super divertido, super fácil de jogar, que encaixou na perfeição no conceito híbrido. Mais do que isso, tornou-se num dos principais exemplos de como a consola permitia partilhar facilmente a diversão até com pessoas que habitualmente nem jogam. Levavas a consola a casa de amigos ou familiares e Mario Kart 8 Deluxe tornava-se numa “armadilha” que prendia até quem não joga.
Ao longo dos anos tornou-se num dos principais títulos da Nintendo a acompanhar as consolas que vendia, o que ajudou a alcançar números incríveis e quase 8 anos depois, ainda está nas listas de mais vendidos.
Super Mario Odyssey (Nintendo, 2017)
Na altura, isso ficou mais do que certo e agora, ao relembrar esses anos da consola, é impossível não sentir que a Nintendo entrou com tudo para cativar o máximo de pessoas para a Switch. No mesmo ano tiveste um colossal novo The Legend of Zelda e um novo Super Mario 3D que, tantos anos depois, ainda permanece como uma das maiores maravilhas da Nintendo.
Quando pensamos em Super Mario pensamos em alegria instantânea, plataformas criadas com rigor matemático para capturarem o jogador com a sua aparente simplicidade, que depois se vê incapaz de resistir aos seus crescentes desafios. Super Mario Odyssey é uma maravilha no histórico da Nintendo, o que por si só já é dizer muito.
É um jogo extremamente divertido, com engenhosos momentos de jogabilidade, com o qual é impossível não sorrir do início ao fim, especialmente com a ajuda de Chappy, chapéu que foi usado como ferramenta da jogabilidade de formas engenhosas nestes mundos 3D coloridos.
Super Smash Bros. Ultimate (Nintendo, 2018)
Super Smash Bros. Ultimate é um verdadeiro fenómeno, uma espécie de ‘best of’ que foi muito além do imaginável com as suas parcerias e revelações especiais. É um jogo que por si só está repleto de conteúdo incrivelmente divertido, que me acompanhou ao longo dos anos, mas quando inseres todo o DLC, fica simplesmente impressionante e sem rival no seu género.
O melhor de tudo é relembrar os meses em 2018 à sua espera, a assistir às revelações das surpresas preparadas pela equipa. Além disso, figurou como um dos grandes destaques ao longo de 2019 e até 2020, graças a frequentes atualizações com novidades. Foi um dos jogos que mostrou a Nintendo próxima do que se pode considerar jogo serviço, que tornou gratificante estar presente naquele momento do tempo como fã de Super Smash Bros. Ultimate.
Animal Crossing: New Horizons (Nintendo, 2020)
Animal Crossing: New Horizons chegou num momento muito próprio da história da humanidade, que estava a entrar num isolamento social global, devido à pandemia COVID-19. O jogo da Nintendo chegou como um bálsamo para uma humanidade assustada, forçada a permanecer em casa à procura de entretenimento para passar os dias e afastar os receios.
Para um introvertido, permanecer em casa não assustava, mas os desconhecidos perigos para a saúde assustavam, especialmente para quem via familiares sair todos os dias de casa para cumprir as suas tarefas em trabalhos que não podiam parar. Animal Crossing: New Horizons permitiu viajar para a ilha, executar diversas tarefas banais que dentro do seu contexto se tornavam numa espécie de tranquilizante.
De uma forma inesperada, a Nintendo trouxe para a humanidade uma dose de conforto e tranquilidade no meio do caos, na forma de uma experiência de gestão e construção num ambiente exótico que também ajudava a mente a manter-se entretida.
Menções honrosas
- Dragon Quest 11 Definitive Edition (Square Enix, 2019) - Numa altura na qual eram precisos jogos AAA de parceiras, a Nintendo recebeu um grande épico da Square Enix, um dos melhores JRPGs de sempre que combina na perfeição com o formato híbrido.
- Fire Emblem: Three Houses (Nintendo, 2019) - A série Fire Emblem foi das que mais beneficiou com o efeito de crescente popularidade que a Switch trouxe para as séries Nintendo. Three Houses é um jogo magnífico de jogar, com uma escala anteriormente impensável de ter num formato portátil.
- Astral Chain (Platinum Games, 2019) - Uma demonstração do estatuto alcançado pela Switch como a plataforma querida das casas japonesas. Corre o risco de se tornar num clássico de culto que apenas a audiência hardcore conhece, mas é um frenético e espetacular jogo de ação que merece grande carinho.
- Hyrule Warriors: Age of Calamity (Koei Tecmo, 2020) - Para muitos é uma descartável experiência Zelda Musou, mas para outros tantos é um exemplo do respeito reservado à Nintendo e às suas propriedades. Também é uma demonstração dos esforços da marca para expandir as suas séries e ir além.
- Metroid Dread (MercurySteam, 2021) - Erradamente criticada por ser uma companhia que apenas faz jogos para crianças, a Nintendo colaborou com ajuda externa para lançar um espetacular Metroidvania que representa um enorme desafio e um enorme prazer de vencer.
- Monster Hunter Rise (Capcom 2021) - Monster Hunter voltou à Nintendo numa era pós-World com um exclusivo temporário que mostrou as maiores casas japonesas a aproveitar os seus principais valores. Ter um jogo como Rise num dispositivo portátil foi realmente espetacular e mais uma demonstração de forte apoio das parceiras.
- Xenoblade Chronicles 3 (Monolith Soft, 2022) - Para a audiência casual, o trabalho da Monolith Soft poderá passar ao lado, mas para os amantes de JRPGs e audiência mais dedicada, é dos maiores tesouros no catálogo da Nintendo. O terceiro Xenoblade chegou como um autêntico triunfo do método Monolith, com um sistema de combate simples, mas repleto de mecânicas que exigem atenção, uma história que conta com alguns dos melhores momentos na escrita dos videojogos, e um mundo que dá gosto explorar.