"adoro automóveis, adoro conduzir e adoro jogos"
O piloto Filipe Albuquerque deu-nos as suas impressões sobre Gran Turismo Sport.
Filipe Albuquerque chegou até nós momentos depois de terminar o périplo matinal de voltas ao circuito do Estoril a bordo de um Caterham 7. Os convidados presentes no evento de apresentação de Gran Turismo Sport, no autódromo do Estoril, puderam sentir em primeira mão a adrenalina provocada por uma pilotagem profissional. Ainda lhe escorriam algumas gotas de suor pelo rosto quando nos deixou as primeiras impressões sobre o jogo virtual, o motivo para o encontro entre quatro pilotos e uma comunidade que pôde interagir de perto com algumas referências do automobilismo de competição nacional. Filipe é, para além da sua actividade profissional enquanto piloto, um conhecedor de videojogos, sendo um fã de Gran Turismo desde há muito, daí a naturalidade com que aborda o tema.
Eurogamer: Antes de mais, quais as tuas impressões de um evento como este?
Filipe Albuquerque: Bem, estou nas minhas sete quintas. Adoro automóveis, adoro conduzir, adoro jogos e como tal tenho duas coisas fantásticas. O Gran Turismo, lembro-me do primeiro jogo que comprei e depois as evoluções. Agora já joguei o Gran Turismo Sport, que é fantástico. Melhor qualidade gráfica, carros sem fim que permitem uma imensa escolha e depois poder dar uma volta a um Caterham que também está no jogo, produz sensações em quem joga. A única coisa que não dá para simular é a adrenalina provocada pelo motor a trabalhar, a não ser que se ponha o som no televisor muito alto mas depois temos problemas com os vizinhos e ainda a vibração toda que nós temos num carro. Hoje, com os jogos e as "bacquets" já é possível simular um pouco o calor que nós temos dentro do carro. Está a ser uma experiência completa para quem gosta de jogos.
E.G: Que velocidade máxima estava a ser atingida com o Caterham na recta da meta?
F.A: Os carros atingem 210 km/h, mas o que é interessante e eu estou a divertir-me imenso, dado que ando constantemente a 300km/h, é que andamos todos muito próximos. Temos o Pedro Couceiro, o Pedro Lamy e o Pedro Mato Chaves e andamos todos muito juntos, no limite. Temos um bom andamento, vemos quem trava mais tarde alguns metros. E esta adrenalina na vida real é fantástica.
E.G: Como jogas habitualmente Gran Turismo, vês Gran Turismo como um simulador ou como um jogo acessível capaz de ser jogado por qualquer pessoa, mesmo que não tenha experiência de condução?
F.A: Para quem não sabe um bom exemplo é o Pedro Lamy, que não costuma jogar e estava a ter dificuldades no início, mas no jogo podemos utilizar as assistências e quem não conhece a pista pode colocar a travagem automática e usar o indicador de trajectória. O que é engraçado é que ao fim de 10 ou 20 voltas essa pessoa sente uma grande evolução e vê isso nos tempos que obtém. Ao passar para a vida real dá conta de como evoluiu no jogo. O simulador serve para o menos experiente até ao mais experiente. Depois é uma questão de tempo por volta.
E.G: Já experimentaste a realidade virtual no Gran Turismo?
F.A: Já. Acabei de experimentar.
E.G: Qual é a sensação? Parece-te uma experiência ainda mais fidedigna?
F.A: Eu acho que é mais fidedigno porque quanto temos um ecrã à nossa frente estamos a falar e podemos olhar para o lado, vemos o sofá, chávena de café e olhamos para uma coisa que não é de corrida. Quando temos os óculos virtuais, olhamos para o lado e vemos o nosso concorrente quase a bater. Olhamos para o outro lado e está lá outro adversário ou a relva. Estamos completamente imersos pelo jogo como se estivéssemos na competição real. Isso é uma experiência melhor.
E.G: Tens uma imensa experiência em corridas por todo o mundo. Qual a tua pista favorita e que ao mesmo tempo está presente no jogo?
F.A: Suzuka nunca corri na vida real, só no jogo. Mas há várias, na vida real gosto muito de Portimão, gosto de SPA Francorchamps, Monza é único, nos EUA gosto de Sebring. Há uma data de pistas que gosto mesmo.
E.G: E ao nível dos carros que já pilotaste na vida real e no jogo. Quais os que te deram mais emoção e adrenalina. Eu fiquei abismado quando dei a volta com o Pedro Couceiro, não só pela velocidade mas solidez do carro em curva.
F.A: São carros fantásticos e se nos deixam divertir são muito bons. Tem tudo a ver com a rapidez, com mais "downforce" o carro adere mais ao chão e mais engraçado se torna. Ao fim e ao cabo eu divirto-me quase em qualquer carro, desde que a concorrência seja interessante como estamos a ter hoje aqui. Conseguimos andar todos ao mesmo andamento e temos corridas fantásticas de uma só volta, que é muito engraçado.
E.G: Como vês este apoio da FIA relativamente à série Gran Turismo? Achas que é uma oportunidade para trazer novos pilotos do virtual para a realidade?
F.A.: Isso já tem acontecido. O Lucas Ordonez já corri com ele nos GT's. Lá está, eles precisam de uma margem de progressão maior porque estão habituados a jogos, mas chegam a níveis bons e são muito competitivos. É bom que a FIA tenha feito isso para atrair mais pessoas para o desporto, sendo ao mesmo tempo acessível e com bases antes de se sentarem num carro.
E.G: Gran Turismo pode ter esse efeito, de atrair mais pessoas para o desporto automóvel?
F.A: Eu mesmo lembro-me do primeiro carro que comprei no Gran Turismo e começar a prepará-lo, a ter mais potência para conduzir, andar mais rápidos, ter melhores travões, intercoolers. Isso dá-nos uma percepção da realidade muito grande porque é justamente o que se passa na vida real. Isso dá uma ideia a um miúdo de 10 ou 12 anos, que é a idade que eu tinha na altura, do que se passa na realidade da competição. Vamos para o padock vemos os carros e aquilo é um intercooler, aquilo são discos de carbono. Ele já viu nos jogos e isso passa-se.