Passar para o conteúdo principal

Advance Wars - Virtual Console - análise

A tensão do combate.

É quase escusado dizê-lo mas Advance Wars é um dos melhores jogos lançados para a portátil Game Boy Advance, ao ponto de caber perfeitamente no núcleo dos jogos obrigatórios para a plataforma, e se quisermos apertar ainda mais o cerco podemos encontrá-lo com alguma regularidade num top 3 formado a partir dos jogadores que acompanharam de perto o ciclo de vida da Game Boy Advance. O ingresso desta produção da Intelligent Systems na nova secção dedicada à portátil da Nintendo dentro da Virtual Console (erigida para os clássicos da Nintendo), permite que veteranos ou principiantes descubram uma fornada perfeita de estratégia de combate e ao mesmo tempo se deliciem com um dos melhores clássicos de sempre.

São fãs de tácticas militares, movimentação de artilharia, tanques, infantaria, esquadras de aviões e sabem porque Zhukov, Montgomery, Eisenhower e Rommel exerceram influência sobre diferentes campanhas militares ao longo segunda guerra mundial? Então Advance Wars é bem capaz de se perfilar como uma espécie de caderno de exercícios ou manual prático sobre a estratégia mais segura para surpreender o adversário com o ataque mais ousado. Mas a diferença está em poderem prescindir desse interesse e desse conhecimento, sem no entanto deixarem de se maravilhar pela experiência. A Intelligent Systems tratou de enfiar num pequeno cartucho para o GBA um rico jogo de estratégia capaz de cativar qualquer pessoa. O jogo foi pensado ao mais ínfimo detalhe, revelando-se uma experiência profunda e altamente organizada.

Existem diferentes exércitos, em Advance Wars, todos eles comandados por diferentes personagens e cada comandante oferece um poder especial, disponível com alguma regularidade.

A começar pelo notável grafismo, que mesmo hoje não perdeu nenhum do seu charme, passando pelo design dos mapas e sobretudo cada uma das unidades do exército, até aos comentários dos respectivos oficiais de cada um dos lados, tudo isto se conjuga com mecânicas avançadas mas bastante simples de assimilar. E não é menos impressionante como coube tanto num pequeno ecrã. As trilhas sonoras frenéticas e uma apresentação particularmente bem conseguida, movem facilmente o jogador para o centro da experiência, enquanto o desafio depende da quantidade de variáveis que podem definir a nossa campanha como bem sucedida ou como um desastre.

Advance Wars é um jogo exclusivo da GBA e que faz parte da conhecida série Wars, no Japão, onde a produção começou com um jogo para a Nintendo Famicom, tendo sido este o primeiro jogo a ser lançado no ocidente. Entusiasmada pela empreitada, a Intelligent Systems foi capaz de replicar na Europa e na América do Norte, o sucesso obtido no Japão. Tal como outros jogos da Intelligent Systems, Advance Wars é um jogo de combate por turnos, assente num modelo profundamente estratégico. O "tutorial" obrigatório, designado por "field training" oferece uma cobertura completa, através de 13 diferentes. No seu turno, jogador e oponente movimentam as tropas disponíveis no mapa, desde a infantaria, até aos tanques e outro tipo de unidades, como barcos e aviões. Cada uma das unidades pode avançar um determinado espaço em direcção ao adversário, mas é necessário ter em conta o poder de fogo da unidade, a visibilidade, a eventual entrada em território hostil e sobretudo as condições do terreno.

Ao avançar uma unidade e destacando-a para combater, surge uma informação com uma provável extensão de danos no inimigo.

Os recursos são igualmente relevantes, pois é através da captura das cidades e das cidades conquistadas ao inimigo, que se adquirem materiais e mais capacidade de fogo. Caberá ao jogador controlar os recursos disponíveis, como combustível, munições e toda uma capacidade para retirar cidades ao adversário, sendo esta tarefa levada a cabo pela infantaria, a partir do momento que consegue segurar uma zona. O objectivo para cada mapa passa por derrotar todas as tropas adversárias ou capturar o quartel-general, mas há outros objectivos específicos, dependendo do mapa.

Depois de percorrido o extenso "tutorial" que se pode definir como uma primeira parte do jogo, terão acesso a um conjunto de modos, entre os quais se destacam a campanha, uma série de jogos no War Room e a criação de novos campos de batalha dentro de um editor. Neste último, terão que obedecer a uma série de regras imperativas, como a colocação obrigatória de um quartel-general dentro do espaço reservado aos exércitos.

Combate por ar, terra e mar.

É interessante descobrir quão vasta se torna a experiência a partir do momento que passam a comandar a aviação, com os seus helicópteros e bombardeiros, e a frota naval, com as flotilhas de submarinos e navios de combate. Ao todo são quase duas dezenas de unidades à disposição, implicando um conhecimento muito grande sobre o funcionamento de cada um, conjugado com a capacidade para avançar com uma estratégia capaz de aniquilar o adversário, mas ao mesmo tempo consciente da limitação de recursos, especialmente o combustível e as munições que não são ilimitadas. A isso acresce uma boa colocação das tropas e das unidades nos espaços que promovam vantagens em relação ao adversário. Duas ou três decisões erradas podem ser suficientes para arruinar uma campanha. O oponente reage bem e não perde tempo em destruir as nossas tropas mal colocadas ou desprotegidas, garantindo uma preciosa vantagem.

Com 114 campos de batalha, Advance Wars oferece um desafio muito extenso. Pena é que não seja possível desfrutar do modo Link até quatro jogadores, uma opção disponível na versão para a GBA. Não obstante, Advance Wars consegue dar aquilo que muitos jogos de estratégia apenas conseguem aspirar. Foi o primeiro jogo da série Wars a chegar ao ocidente e apesar de outras entradas da mesma série não terem alcançado o mesmo nível, Advance Wars continua a ser um vivo e muito bem fabricado jogo de combate e estratégia. Um cartucho memorável para a GBA que agora pode ser conhecido ou reconquistado através da edição digital.

Lê também