As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne - Análise
Uma aventura desapontante e sem ambição.
Se há coisa que todos os jogadores devem aprender, é que não devem ter grandes expectativas para jogos baseados em filmes. O resultado raramente é bom. Mas ainda assim, e apesar das baixas probabilidades, de vez em quando deparamo-nos com um jogo que parece que vai contrariar o esperado.
The Adventures of Tintin: Secret of the Unicorn (As Aventuras de Tintin - O Segredo do Licorne) é um desses jogos. A aventura cinematográfica criada por Steven Spielberg já está nos cinemas e é fantástica. E quando saímos da sala do cinema, queremos simplesmente que a aventura continue e o jogo é a única forma de conseguir esse efeito. Agora resta saber se a adaptação da Ubisoft consegue oferecer a mesma qualidade do filme.
O jogo é simples e é bastante fácil visando a audiência mais jovem. Na maior parte das vezes, é um jogo de plataformas em duas dimensões, embora também haja partes em três dimensões. Ao longo dos seus três modos, campanha, cooperativo e challenge, haverá a oportunidade de jogar com Tintin, Haddock, Snowy(Milu) e Dupont e Dupond.
Na campanha, controlamos Tintin e de longe a longe o seu cão Snowy(Milu) por breves momentos. Como já disse o jogo é simples. Para passar os vários níveis teremos que saltar, resolver alguns quebra-cabeças não muito complicados e apanhar inimigos de surpresa, ou então lutar com eles frente-a-frente. O jogo não foge muito deste esquema e é precisamente isto que estraga tudo.
A adição de níveis de baixo de água e as secções a três dimensões, em que conduzimos um sidecar e um avião, criam por breves momentos de variedade, mas a ideia que fica marcada é que Secret of the Unicorn é repetitivo e um jogo de sensações breves. É divertido ao começo, mas a sensação rapidamente se desvanece.
A forma como a estória é contada e as transições são feitas, não são as melhores. Tão rápido estamos dentro de um navio que está a afundar-se, como de repente já estamos emergir à superfície são e salvos, ficando-se sem perceber o que aconteceu. Na estória, as cinemáticas são o único meio usado para o seu avanço. Isto é, enquanto estamos a jogar, não sentimos que o que estamos a fazer, contribui de alguma forma para a estória. Não condeno o uso de cinemáticas, até porque todos os outros jogos as usam, mas o seu uso aqui é em demasia.
As partes da campanha a pensar no PlayStation Move (apenas opcional, podem sempre usar o Dualshock 3) são o ponto mais baixo. Nestas partes controlamos o antepassado de Haddock num embate contra um navio pirata. Não temos qualquer controlo sobre o andar da personagem, visto que é on-rails, e tudo o que temos de fazer é abanar o analógico ou o Move para os lados ou para cima/baixo, imitando o movimento da espada para derrotar os inimigos.
Depois de completada a campanha, que dura umas 4 horas, os modos cooperativo e challenge garantem longevidade extra. O modo cooperativo oferece níveis completamente novos, mas tal como a campanha, rapidamente perdem a graça. O modo challenge, leva-vos de volta a determinadas partes da campanha para cumprirem objetivos.
A nível visual, o estilo cartoon utilizado é engraçado. Os mais novos vão dar uma gargalhada quando perderem e virem as estrelinhas a rodar na cabeça de Tintin, ou quando este mancar com dores no traseiro. Mas está longe de impressionar. Tal como o resto do jogo, tudo é simples e básico.
Tendo os mais novos como público alvo, deveria haver pelo menos legendas em português, mas nem isso. É possível escolher vozes em inglês, francês, espanhol, entre outras, mas não a nossa. É pena, sabendo que existe uma versão dobrada para português do filme.
The Adventures of Tintin: Secret of the Unicorn acaba por ser um jogo médio, muito por falta de ambição. Não é um daqueles jogos maus que até conseguem causar frustração. É simplesmente aborrecido e sem interesse. Se querem um prolongamento depois do filme, esta não é uma boa opção.