Afro Samurai
Uma vingança com fraca convicção.
Todo este esquema repetitivo e pouco atractivo de Afro Samurai pode mesmo abalar todos os que estão habituados a este género e sabem encarar as suas fraquezas assim como agraciar as suas forças, mas mesmo com essa predisposição, Afro Samurai consegue ser desanimador. Especialmente porque sentimos todo um potencial que não é de forma alguma aproveitado e nada parece ser feito para impedir que o jogo se livre da banalidade.
Prova disso é o péssimo sistema de câmara que apenas vem piorar o que pensávamos que não podia piorar. Se a um esquema repetitivo e extremamente linear acrescentamos uma câmara praticamente ineficaz então a coisa fica muito pior. Raras são as ocasiões em que o comportamento da câmara consegue ser compreensível, quanto mais aceitável. Perspectivas completamente inúteis e despropositadas não ganham maior revelo e frustração apenas pelo fraco comportamento dos inimigos, caso contrário estaríamos perante algo ainda pior. Quando estão a meio de uma luta contra um boss e apenas sabem onde ele está porque ele não se mexe e não tem qualquer visão sobre ele, então é porque algo está mesmo muito mal. Recorrentes são as situações onde o ângulo de visão não oferece uma válida prestação sobre os acontecimentos e a incrível capacidade de se focar em Afro e esquecer os inimigos é estranha. Várias vezes atacamos inimigos porque calculamos que alguém esteja ali e investimos sobre o "desconhecido".
Por entre o desfilar de todo o seu estilo próprio e de toda a irreverência, Afro Samurai consegue raros bons momentos com alguns cenários que são interessantes mas que pecam pela falta de modos e alternativas ao modo história que pode ser terminado em cerca de 7 horas. Se tiverem paciência e ímpeto para conhecer o único modo disponível, ficam perante sem qualquer tarefa adicional a fazer, a não ser voltar a repetir o mesmo modo, o que não deve ser propriamente o desejo da maioria.
Todos estes problemas a nível de jogabilidade conseguem ser causadores de maior tristeza quando temos em conta o brilhante aspecto visual que o jogo pode alcançar. Com uma qualidade visual bastante agradável e bela de ver, Afro Samurai está cheio de belos pormenores que quase nos parecem enganar a pensar que estamos perante um desenho animado. Mérito do motor de jogo criado pela Surge que realiza uma boa prestação a este nível. As animações são bastante suaves, mesmo não sendo o melhor que já se viu, e conseguem captar a fonte do jogo com grande qualidade. Tanto os personagens como os locais apresentam um efeito a imitar o traço de um lápis que dá um toque especial a todo o ambiente, e o uso das cores contribuem para as ambições e desejos dos produtores.
Outro dos pontos onde Afro Samurai não se faz rogado em mostrar grande qualidade, pena que não seja assim em todos, é na componente sonora. Desde as músicas às vozes que dão vida às personagens, tudo denota um trabalho impecável. As músicas não foram feitas por Rza mas a sua fidelidade para com a série é tanta que quase nos enganam. Quanto às vozes pouco se pode criticar quando estamos perante nomes como Samuel L. Jackson, Ron Pearlman ou Kelly Hu. Uma das principais fontes da personalidade e estilo que o jogo consegue envergar à semelhança da série.
Afro Samurai é um jogo de completo contraste. O seu visual e a sua componente sonora são de grande qualidade, mas tudo o resto falha e rapidamente se torna repetitivo em demasia, desinspirado e com pouca capacidade para cativar. Os fãs podem ainda manter uma réstia de motivação mas todos os outros cedo vão cair em monotonia, o que é uma pena pois este jogo podia ter sido muito mais.