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After Us e a tranquilidade de uma jornada apocalíptica

Encontrar esperança no meio da escuridão.

After Us é o novo esforço da espanhola Piccolo Studio, conhecida por Arise: A Simple Story, está de volta com mais uma promissora produção, na qual a Private Division da Take-Two Interactive continua a mostrar o seu foco em apoiar pequenos projetos indie que tornam difícil imaginar o quão pequenas são as equipas que os produzem. No caso da Piccolo, são 27 funcionários a trabalhar na produção.

Graças à oportunidade de jogar uma demo com acesso aos primeiros 90 minutos de After Us, tivemos o prazer de descobrir um jogo com imenso potencial, mais uma vez capaz de destacar o papel das produções indie nesta indústria. Cada vez mais associadas ao engenho artístico e criativo, os indies são capazes de apaixonar os jogadores de formas que os grandes AAA raramente tentam, uma vez que precisam servir mestres como a popularidade e gratificação generalizada.

Frequentemente olho para os indies como alimento para a alma e numa indústria repleta de empolgante diversidade, ocupam um lugar especial. Merecem a atenção de todo o tipo de jogadores e é isso que After Us parece ter para dizer. Este é um jogo que nos remete facilmente para Journey, mas ao invés de uma jornada sobre vida e morte, capaz de nos deixar a refletir sobre a nossa própria vida com o seu tom abstrato, After Us foca-se no impacto das nossas decisões sobre as futuras gerações.

After Us é um jogo sobre a poluição, sobre a extinção da fauna e flora às mãos do ser humano. É uma exploração interativa de temas pertinentes e atuais, como alterações climatéricas e como vivemos à beira de um futuro apocalíptico que durante tantos anos parecia pertencer somente a histórias de ficção.

Poesia visual num formato interativo parece ser o objetivo da pequena equipa espanhola. Se assim for, cumprem em pleno.

Imagina um debate sobre a frase "só depois da última árvore derrubada, do último rio poluído, do último peixe morto, o homem irá perceber que dinheiro não se come" de Alanis Obomsawin transformado em videojogo, isso é After Us. Um jogo no qual jogas com Gaia, o espírito da vida, que tenta salvar a alma de animais extintos num planeta desolado e repleto de paisagens que facilmente nos tiram qualquer esperança.

Saltitando por cidades devastadas e autoestradas repletas de carros abandonados, ajudarás Gaia a encontrar estes espíritos e se alguns estão bem visíveis, outros estão escondidos. Com o recurso de uma mecânica própria, recebes uma indicação da sua direção e frequentemente terás de usar uma mecânica que limpa a poluição do cenário para progredir.

Encontrar os espíritos permitirá preencher as constelações e quando chegares ao final desse local, encontrarás o espírito do último animal da sua espécie. Como seria de esperar, assistirás a um momento melancólico que pretende consciencializar para o impacto de cada um no planeta. O gameplay é simples e apesar do tom desolado de After Us, a esperança é constante e sentes o tom purificador e esperançoso do toque de Gaia.

Desde o rasto de flores, a necessidade de purificar os cenários, libertar espíritos e rejuvenescer a fauna para dar cor a locais desolados, faz parte do gameplay.

Enquanto experiência simples que pretende transmitir uma mensagem específica através de um formato interativo de forte tom artístico, After Us consegue cumprir o seu objetivo, mas ainda fica a sensação de algum trabalho por fazer.

Os controlos cumprem o seu propósito, jogamos em modo 2K a 60fps, mas fica a sensação que podia existir uma maior agilidade nos movimentos de Gaia. Além disso, sem visuais propriamente deslumbrantes, After Us sofre com quedas constantes no desempenho e no geral, a demo deixa a sensação que é precisa uma boa dose de refinamento.

Locais desolados com vestígios do que outrora foram dias de imensa vida. O impacto da cruel ignorância.

After Us parece um cruzamento entre Journey e Shin Megami Tensei, no qual exploras um local desolado sempre à procura de encontrar a luz e formas de espalhar cor e esperança. Este pequeno excerto gameplay deixou-nos empolgados com o resto que chega a 23 de maio para a PlayStation 5, Xbox Series e PC, mas precisa de algum polimento. Se quiser convencer os jogadores com um gameplay capaz de engrandecer o lado artístico, a Piccolo Studio não pode adormecer na reta final.

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