Alan Wake: The Writer
No escuro é que é bom.
O que os conteúdos adicionais tem de bom é que nos fazem regressar aos jogos que compramos e entretanto já terminamos e provavelmente já nem pegamos há algum tempo. Alan Wake é a nível pessoal uma das pérolas máximas da indústria deste ano, e um dos melhores títulos lançados na primeira metade deste ano. Como tal, mais do que mostrar a sua qualidade, The Writer mostrou o quão bom foi jogar Alan Wake e é precisamente aqui que reside um dos elementos mais cativantes deste novo pacote, no relembrar dos momentos e sensações passadas embrulhadas numa série de acontecimentos novos que vem oferecer aquilo que os fãs mais desejam, uma conclusão e as explicações que todos queriam.
Por muito que se queira discutir sobre controvérsias inúteis sobre tempos de desenvolvimento prolongados, cortes ou alterações, o que interessa é que o produto final que nos foi dado a conhecer pela Remedy como Alan Wake, é espantoso em diversos aspectos. Quando muito se reclama sobre um reconhecimento e estatuto ao nível da indústria cinematográfica para este nosso mundo videojogável, são estes esforços que nos lembram a incrível personalidade e o carácter arrebatador que estas experiências podem ter.
Foi inevitavelmente isso que The Writer recuperou. O desconforto, a atmosfera, a sensação de perigo constante, o pânico iminente e acima de tudo, uma explicação a uma das histórias mais intrigantes e cativantes dos últimos anos. Após o final do anterior pacote adicional, The Signal, temos o seguimento dos eventos que finalmente nos levam ao derradeiro final escolhido pela Remedy e que nos deixam perante um final bem interessante. Vamos tentar não divulgar muito sobre o que aqui se passa para evitar estragar surpresas mas algumas coisas têm que ser ditas quanto ao enredo. Com The Writer, o jogador vai ter todas as respostas que ficaram por responder no final do jogo e para as quais The Signal não foi conclusivo. Mesmo que ainda fique a sensação de livre interpretação, pelo menos a Remedy aprofundou e detalhou tanto a sua visão sobre o final do jogo como também dá as linhas para o futuro da série.
Tal como The Signal, também The Writer é uma experiência que assenta nas bases da jogabilidade do produto original mas com alguns elementos novos introduzidos pelo primeiro pacote, se bem que nada de novo realmente oferece. No entanto, tudo o que o primeiro tinha de bom, o segundo faz melhor. Também aqui Alan luta contra a sua própria mente e mergulhado na escuridão, vai enfrentar o seu derradeiro desafio. Para progredir, Alan vai novamente ter que seguir a luz e enquanto escritor, ele sabe mais do que nunca o poder que as palavras detêm. Esse é novamente o destaque e o elemento base de toda a experiência, o jogador tem que apontar a lanterna para as palavras e desbloquear assim o caminho a seguir, armas, munição e itens.
Onde The Writer se mostra largamente mais engenhoso que o anterior é que enquanto este apostava no reciclar de locais do evento original, o novo recorre ocasionalmente a esse efeito mas aposta muito mais em cenários novos, completamente enquadrados em todo este universo, ou seja, partes que se sentem naturais nesta Bright Falls. Outro dos pontos que dão maior valor a este pacote é que não parecem existir momentos desnecessários, todos os momentos contam e o ritmo alto é envolvente. Na verdade temos mesmo aqui um uso altamente interessante dos cenários que nos oferecem momentos tão altos quantos alguns dos melhores vistos no jogo principal.
Não vou entrar em detalhes muito específicos pois são momentos para os quais a surpresa é de suprema importância. É no apanhar o jogador desprevenido que estas situações conseguem um maior impacto. No entanto, podemos referir que até a própria gravidade vai brincar com Alan Wake e tendo a sua própria mente como inimiga, o uso engenhoso de elementos dos cenários também revela que se não tivéssemos tão concentrados em nos sentir tão desconfortáveis, com certeza que daríamos os parabéns a esta pobre mente perturbada.
The Writer é sem dúvida um belo cartão de despedida e uma forma de manter os fãs interessados em redor do escritor e ainda a percorrer os cantos mais sombrios daquele local. O escritor não estava a brincar quando sentimos o expoente máximo a chegar e nos diz que os próximos momentos vão ser intensos. O jogador é desafiado e não deixa de se sentir agradado pois sente que é tratado com algo inteligente e bem pensado.
Tal como o predecessor, The Writer é uma experiência pequena, possível de ser terminada em cerca de uma hora e meia. No entanto, compensa a relativa curta longevidade com uma experiência intensa e com um ritmo muito melhor do que o anterior pacote. A dificuldade é aproximada, senão igual, mas a intensidade é consideravelmente maior e a forma como desafia o jogador através de uma dificuldade inteligente e interessante é de assinalar. Se bem que tudo permanece altamente linear e enquanto o anterior promovia o coleccionar de itens, este não o faz.
Dentro do panorama geral dos conteúdos adicionais, The Writer pode ser humilde mas dentro do universo Alan Wake é uma espantosa despedida. Tantos meses passados após o lançamento apenas reforçou o encanto pessoal quanto à experiência e vincou ainda mais a forte personalidade deste título. Obrigatório para todos os fãs.