Alan Wake's American Nightmare - Análise
Os traumas de um escritor famoso.
O primeiro jogo da série Alan Wake foi um dos meus mais esperados nesta geração de plataformas. Um eterno adiado que passou a ser um exclusivo Xbox 360, depois de muitas mudanças, quer a nível de objetivo final, como também da própria personagem. Depois de quase dois anos, o estúdio Remedy relança a série, com Alan Wake original a chegar no PC e ao Xbox Live Arcade o Alan Wake's American Nightmare.
Neste novo jogo, em formato digital, o estúdio Remedy entrega o que poderemos quase chamar de um episódio de uma série de TV. Em formato mais pequeno, quer em preço, como tempo de jogo e locais a visitar, poderá ser consumido quase em exclusivo pelos fãs da série, ou que tenham jogado o jogo anterior e os seus episódios por DLC. Neste aspeto deixa pouca margem para novos jogadores, a não ser que peguem primeiro no original.
Alan Wake é um escritor que vive assombrado pela sua própria fama, recriando na sua mente e em termos físicos muitos dos seus livros e histórias. Neste caso temos um episódio de Night Springs, uma série de televisão criada por Alan Wake, muito parecida com a saudosa The Twilight Zone. Neste episódio, denominado de Alan Wake's American Nightmare, Alan Wake vai em busca de Mr. Scratch (introduzir literalmente aqui o barulho), o seu lado mais negro e estranho. Mr. Scratch é no fundo um outro Alan Wake, violento, mau, mas ao mesmo tempo parece viver o que Alan Wake não vive. Para além de que é um assassino em série.
Um dos pontos altos em Alan Wake's American Nightmare é mesmo a personagem Mr. Scratch. No primeiro jogo os vídeos que podíamos ver nas TVs eram na sua maioria algo secantes. Os episódios de Night Springs podiam ser vistos em trechos, e noutros víamos cenas de Alan Wake, em situações que não recordávamos ter passado. Agora em Alan Wake's American Nightmare, a estrela é Mr. Scratch, e alguns dos vídeos são simplesmente deliciosos. Com um humor negro e sempre a divertir-se, Mr. Scratch é mesmo muito diferente de Alan Wake. Então quando começa a dançar, é algo que recomendamos ver até ao fim. Não deixem de procurar cada episódio pelos TVs espalhadas pelos três capítulos/locais do jogo.
Alan Wake terá que lutar contra o tempo e uma realidade alternativa, adulterada por Mr. Scratch. Novamente temos os manuscritos da sua história espalhados pelo cenário do jogo. Agora, diferente do primeiro jogo, os manuscritos são mais interessantes e a sua leitura é extremamente importante para podermos entrar dentro do episódio, ficar a par de tudo. Para aqueles interessados na série, os novos manuscritos deixam novas pistas e esclarecem algumas coisas sobre o passado de Alan Wake e a relação com a sua esposa Alice.
O palco deste novo jogo é o Arizona, um pedaço de deserto, onde não faltam as típicas oficinas de carros, bombas de gasolina, motel, os cafés e até cinema ao ar livre. Tudo tipicamente americano, levando-nos para filmes série B. Nomes como David Lynch saltam de imediato na nossa mente. O estúdio Remedy conseguiu num pequeno espaço de cenário recriar muito bem este lado dos EUA. Um local estranho, desértico e cheio de mistérios. Por outro lado esperava uma zona de exploração maior, ficando o jogo resumindo a três espaço específicos.
Outras das novidades em Alan Wake's American Nightmare é a sua melhoria em termos gráficos. Agora, apesar de tudo se passar de noite, o jogo tem mais cor. Os efeitos de sombras, nuvens, nevoeiro e luz estão ainda melhores que o primeiro jogo. De acrescentar também uma certa melhoria nas animações, quer da personagem quer também dos inimigos, os Taken. Mas neste aspeto ainda existe muito por onde melhorar, sendo que muitas vezes temos a sensação de estar a jogar com alguém desprovido de sentimentos, principalmente nas cut-scenes.