Análise às especificações: Samsung Galaxy S4
Do outro mundo?
Segundo a Samsung, conseguiu vender 40 milhões de Galaxy S3s em apenas seis meses. Comparado com os 80 milhões e consolas Xbox 360 em sete anos, coloca em perspetiva o quão grande é o mercado smartphone, e o quão bem sucedidas são as ofertas da companhia Coreana - a super marca iPhone tem finalmente uma competição séria. Na semana passada, o sucessor do S3 foi revelado e as especificações são simplesmente imensas. Quando chegar, o Galaxy S4 vai quase certamente ser o smartphone mais poderoso que o dinheiro pode comprar.
O protagonista é o novo processador Octa Samsung Exynos, que combina um impressionante leque de componentes de processamento. Primeiro que tudo, como o nome sugere, o chip tem oito núcleos de CPU - inédito num aparelho móvel. No entanto, é importante salientar que apenas quatro deles estão activos ao mesmo tempo: o CPU é baseado na nova arquitetura big.LITTLE da ARM, que procura corrigir um problema fundamental com a nova arquitetura A15 - o facto que é na verdade demasiada intensiva no consumo para um aparelho do tamanho de um smartphone. A solução da ARM é engenhosa, colocar em par cada núcleo A15 com um núcleo A7 menos capaz mais mais eficiente no consumo. Os dois núcleos partilham o mesmo leque de instruções e podem correr o mesmo código, o aparelho alterna entre eles dependendo da carga. Este alternar de poder é todo gerido pelo chip em si, o SO reconhece o CPU simplesmente como uma parte padrão de quatro núcleos.
Agora, a habitual forma de poupar consumo é bem direta - as velocidades de relógio crescem consoante a carga do CPU, mas isto não produziu os resultados que a ARM queria. O A15 é um núcleo avançado, que ocupa uma boa quantidade de silicone e mesmo em velocidades baixas, o consumo era na mesma muito alto. O A7 opera de forma similar ao quinto núcleo "companheiro" mais pequeno no chip Tegra 3 da Nvidia, mais pequeno e mais simples, menos poderoso e mais direcionado para tarefas exigentes. A noção de formar par tal núcleo com cada um dos maiores A15 é certamente ambicioso, e não vai ser barato - a Samsung está claramente a investir fortemente para assegurar que o Galaxy 4 tem o mesmo tipo de vida decente de bateria que o anterior.
Poder em perspetiva
Então quanto poder tem um A15 quad-core a correr no máximo? Análises recentes ao processador dual-core do iPhone 5 colocam em perspetiva o quão magro é o poder de processamento a este respeito - o Motorola Razr I tem um núcleo Intel Atom virtualmente inalterado daquele que dava poder à loucura netbook de há alguns anos e na maioria dos testes, era facilmente o melhor em termos móveis. Na verdade, um CPU com cinco anos e de baixo poder que igualava a performance de um processador de PC com dez anos era mais rápido que o iPhone 5.
O recente teste da Anandtech do Atom vs. A15 mostra progressos, o Exynos Dual mostra um aumento de 40 a 65 por cento na performance sobre o da Intel. Duplicar os núcleos do CPU não oferece tradicionalmente 2x a performance, mas o facto é que com o A15 quad-core do Galaxy S4, devemos ver um enorme aumento sobre o Atom e por consequência, sobre o iPhone 5.
A componente não é tudo do Exynos Octa - é evidente que a Samsung não se descuidou com o processador gráfico. A passagem para um ecrã tão rico em pixeis quanto o ecrã de cinco polegadas a 1080p do 4S requer uma GPU de nível adequado para correr as coisas suavemente. O PowerVR SGX544 da IMG Tecnology foi o escolhido - a mesma tecnologia de processamento vista numa configuração de quatro núcleos no iPad de quarta geração. Com menos pixeis com que lidar, a Samsung optou por uma configuração de três núcleos para o S4. Tendo em conta que está a lidar com cerca de 50% menos pixeis, a performance gráfica geral deve ser bem aproximada entre os dois aparelhos e mesmo com a resolução muito menor do iPhone 5, a performance nos jogos a 1080p deve estar nos mesmos parâmetros.
No geral, os dois componentes principais de processamento no novo S4 devem ser mesmo muito fortes - até de topo. Como a Samsung conseguiu isto resume-se a dois fatores definidores. Primeiro, existe a passagem para um processo de fabrico a 28nm para o Exynos Octa - os chips mais pequenos não aquecem tanto e são mais eficientes no consumo (em comparação, a maioria dos smarpthones de ponta estão atualmente nos 32nm). Segundo, o básico fator forma do Galaxy não mudou muito comparado com o anterior - é na mesma um aparelho largo, permitindo a inclusão de uma bateria 2600mAh - aumento da de 2100mAh do S3, e muito maior que a de 1434mAh do iPhone 5.
Fora o ecrã 1080p 441ppi (o Xperia Z e o HTC One batem a Samsung aqui) outros refinamentos são escassos, levando muitos a chamar o novo telemóvel de "Galaxy S3S". O fator forma geral do aparelho é basicamente o mesmo que o do S3, com um nível similar de qualidade de construção - se não gostavas do acabamento em plástico do anterior, pouco mudou aqui.
Apesar da bateria maior, o aparelho é um pouco mais pequeno - foram tirados 0.8mm à largura, enquanto a espessura encolhe de 8.6 para 7.9mm, tirando 3g ao peso. A velocidade de memória e largura de banda também melhoraram, a Samsung transita de 2GB de LPDDR2 para a nova LPDDR3. A Samsung oferece uma nova versão 64GB em adição às já existentes configurações 16/32GB, mas mantém a expansão microSD em todos os modelos.
As câmaras também foram significativamente melhoradas com a traseira a transitar para um sensor de 13 megapixeis e a frontal a passar para uma decente a 2 megapixeis - isso deve ser bom para filmes a 1080p30. As especificações são apoiadas por funcionalidades adicionais: a Samsung estreou o que chama de "drama shots" - composições de várias imagens que mostram movimento de objetos compostos numa só imagem, e ainda existe o modo "story album", que te permite criar enquadrar álbuns básicos de imagens com legendas apropriadas. Existe até uma função para capturar das duas câmaras ao mesmo tempo: portanto preparem-se para uma nova loucura na fotografia nos telemóveis com reações imagem-em-imagem vindas da dona.
Android 4.2.2 personalizado, melhorias TouchWiz, novas funções media
Com as credenciais tecnológicas do S4 aparentemente longe de críticas, a questão é o que a Samsung tenciona fazer com ele. Respostas firmes são escassas, apesar de na conferência de imprensa da semana passada termos visto um número de novas funcionalidades. O Android 4.2.2 está no aparelho, trazendo consigo a mais recente versão da interface TouchWiz da gigante Coreana.
Superficialmente parece basicamente igual ao S3, mas existe um número de melhorias bonitas, especificamente registo de dedos que te permite varrer a interface sem tocar mesmo no ecrã - aparentemente até podes atender chamadas assim. A tecnologia Smart Stay que regista os olhos, diz ao aparelho se estás a olhar para o ecrã ou não, está melhorada e o vídeo agora pára quando não estás a olhar para o ecrã.
A funcionalidade media no geral tem um aumento significativo, com a capacidade de fazer stream de media para outros aparelhos via All Share, enquanto existe até uma funcionalidade para colocar em rede vários S4 e tocar a mesma música - "poderoso sistema de som que melhora a qualidade de som e deixa a festa continuar" - como diz a Samsung. A nível mais prático, o aparelho está claramente a pensar no futuro: descodificação por equipamento inclui suporte para HEVC (High Efficiency Video Coding) - o sucessor do padrão h.26 na compressão de vídeo usada agora.
Funcionalidades catitas à parte, a revelação do S4 parece uma afirmação poderosa da Samsung, claramente impulsionada pelo sucesso do S3. Longe da transição para o chipset gráfico PowerVR 6-Series "Rogue" (agora previsto para mais tarde no ano), é justo dizer que não existe muito mais que a Samsung poderia ter feito para tornar o Galaxy S4 mais poderoso do que é. Coisas entusiasmantes, e vamos tentar analisar completamente o aparelho mais perto do lançamento no final de Abril.