Anomaly: Warzone Earth - Análise
A melhor defesa é o ataque.
Quando Anomaly: Warzone Earth se estreou em Agosto de 2011 nos iOS, quatro meses após a versão PC/Mac, tive a oportunidade de conhecer uma experiência que me acompanhou e me fascinou durante bastante tempo. O fascínio pelo conceito de 'tower defense' sempre me escapou mas quando o 11 bit Studios apresentaram Anomaly com o cativante conceito 'tower ofense', ou defesa de torre revertida como alguns preferem chamar, fiquei desde logo intrigado com o conceito e sobre o desafio que poderia oferecer ao jogador. No seu formato iOS, Anomaly mostrou-se como uma experiência repleta de profundidade que ia conquistando o jogador a pouco e pouco e de igual forma lhe ia introduzindo as mecânicas de jogo. Agora, passado quase um ano após a versão original no PC/Mac temos a chegada do jogo ao Xbox Live Arcade e o apelo continua igual.
Anomaly coloca-nos no papel do comandante do 14º pelotão do exército Norte Americano e a nossa missão é investigar anomalias que estão a ocorrer um pouco por todo o planeta após uma nave extraterrestre se ter despenhado na Terra. Tal como no tradicional jogo de tower defense, existe um percurso que se pode percorrer, com variantes, e inimigos colocados ao longo dele para impedirem a progressão. Na experiência tradicional e aclamada é o jogador que coloca as suas armas ou unidades nos pontos desejados para impedir que as forças que caminham pelo cenário cheguem ao fim do percurso, geralmente a sua base. Aqui é ao inverso, somos nós e as nossas tropas que tem que chegar ao fim do percurso e destruir as defesas do adversário.
Após uma sequência na qual os eventos da história se desenrolam, sem grande apelo diga-se, o jogador tem que escolher as unidades que vão compor o seu pelotão, dependendo do dinheiro disponível (mais tarde pode comprar novas ou melhorar existentes com dinheiro adquirido no meio do percurso)e aqui também vai ter que escolher o percurso que vai percorrer. Nesta sua curiosa abordagem ao género na qual reverte a fórmula de defesa de torres, a 11 bits coloca-nos em cenários que não são estáticos e tem variantes nos seus percursos. O jogador tem que escolher um percurso específico e que pode alternar em tempo real devido ao desenrolar dos acontecimentos.
Esta mecânica é vital na gameplay pois vamos ter que frequentemente alternar entre rotas para evitar confrontos desnecessários e quando temos diferentes tipos de inimigos, com ataques específicos e tempos de reação diferentes, é essencial um olhar atento e constante às rotas e aos inimigos que nelas estão posicionados. De igual forma é vital para a sobrevivência recorrer às diferentes habilidades especiais que vamos ganhando consoante o jogo progride. Isto porque quando a intensidade aumenta vamos ter que entrar num verdadeiro jogo de ritmo no qual lutamos para sobreviver.
Desde a capacidade para "curar" as unidades mecânicas que compõe o nosso pelotão, todas com características únicas e que forçam a estratégias específicas e pré concebidas, a uma névoa que serve para reduzir a eficácia dos ataques adversários, a um decoy que atrai fogo inimigo, Anomaly fornece ao jogador as ferramentas para uma experiência dinâmica e de ritmo bem elevado. A intensidade de alguns momentos torna-se bem elevada e estamos constantemente a recorrer ao menu de habilidades para as usar alternadamente para triunfar nos diversos momentos isolados que rem conjunto nos fornecem a vitória da guerra.
"Esta combinação de estratégia em tempo real com defesa de torres revertida é do melhor que tive o prazer de jogar em 2011 e 8 meses depois Anomaly volta a cativar sem quaisquer reservas."
O uso dos menus torna-se intuitivo a cada vez que os usamos e toda a experiência em si pode ser completamente ajustada pelo jogador. Se quiser pode ter um jogo casual e de tom suave mas caso queira algo mais pode elevar a dificuldade e aceder a um verdadeiro desafio de arrepiar. Existem checkpoints em pontos importantes que evitam que o jogo possa ter qualquer ponta de frustração mas alguns momentos vão mesmo testar a habilidade do jogador.
Outro elemento da gameplay com o qual o jogador tem que contar é a sua representação no campo de batalha. Ao contrário da grande maioria dos jogos do género nos quais apenas colocamos as unidades e vemos o desenrola da ação, também aqui a 11 bits dá o seu próprio toque à experiência e coloca-nos no campo de batalha. Mais do que servir como um waypoint para a câmara, o nosso personagem caminha pelos cenários e funciona como uma espécie de cursor ativo e interventivo na ação. Isto caso seja bem usado pode tornar-se numa boa ferramenta de jogo pois é através do personagem que recolhemos os itens que os aviões deixam pelos cenários e podemos atrair fogo inimigo e quando meros segundos podem fazer toda uma diferença é algo bem significativo.
Esta combinação de estratégia em tempo real com defesa de torres revertida é do melhor que tive o prazer de jogar em 2011, na sua versão iOS, e cerca de 8 meses depois Anomaly: Warzone Earth volta a cativar sem quaisquer reservas. Nesta versão Xbox Live Arcade, em comparação com a versão iOS que representa o único contacto que tive com a experiência, apresenta um produto de contornos muito mais cinematográficos e apesar dos controlos touch serem do mais intuitivo que acredita se poder ter, os controlos nesta versão cumprem sem quaisquer reservas. Inicialmente pode surgir alguma falta de sintonia e podemos carregar no botão errado e aceder a um menu que não queremos mas rapidamente tal se dissipa.
Graficamente temos um jogo que cumpre sem grandes pontos de destaque e não temos efeitos de maior ou um grande aparato. Temos um jogo cuja componente visual é competente e se enquadra dentro dos propósitos necessários. Não temos grandes animações ou grandes efeitos especiais a emanar dos ataques mas temos campos de batalha detalhados e que nos dão cidades viradas do avesso com um bom efeito.
Anomaly: Warzone Earth é provavelmente uma das melhores experiências que podem encontrar em qualquer serviço digital nestes primeiros quatro meses de 2012. Se são fãs do género tower defense então o seu toque pessoal que reverte a fórmula é demasiado delicioso para resistir. Pode a médio prazo perder parte do seu fulgor mas enquanto a curiosidade e a dedicação perdurarem vai ser um verdadeiro prazer de conhecer e certamente que todos vão ficar com o seu nome e o da 11 bits na sua memória.