Arcane é mais do que uma série para fãs de League of Legends
Esperávamos algo leve, mas levámos um "soco" no estômago.
Este artigo está livre de spoilers
A História diz-nos que são raros os casos de adaptações bem sucedidas dos videojogos para o cinema e vice-versa. É certo que são meios que partilham similitudes, mas ultimamente, são tipos de entretenimento radicalmente diferentes e que não podem ser abordados da mesma forma criativamente. O que resulta num videojogo, pode não resultar num filme, e quando se pensa em casos como League of Legends, a adaptação pode ser ainda mais difícil. Como é que se pega na jogabilidade de League of Legends e se coloca não num filme, mas numa série da Netflix? A resposta da Riot Games foi ignorar completamente esse factor e focar-se em contar uma boa história... peço desculpa, uma brutal história.
Comecei a ver a série com uma tela branca. Não li a sinopse nem vi os trailers. Esperava algo leve em termos de narrativa, com maior foco nas batalhas entre Champions no Summoner's Rift (o mapa mais conhecido do jogo). Não podia estar mais errado. Se não soubesse, era impossível apontar que esta era uma série baseada no jogo da Riot Games. É certo que pega em personagens que os fãs vão reconhecer imediatamente, mas entrega algo muito mais profundo do que alguma vez receberás no jogo (ou mesmo a ler o lore oficial). Nos três episódios a que tive acesso antecipado para escrever isto, fiquei agarrado e com o coração nas mãos. A série é um turbilhão de emoções, até para quem pouco ou nada conhece do universo.
A Riot Games, a Netflix e os escritores foram inteligentes na abordagem à adaptação. Em vez de concentrarem-se em explicar o complexo universo do jogo, a série está centrada na história de um pequeno grupo de personagens na cidade de Piltover e na zona subterrânea chamada Zaun. É um universo de fantasia, onde existe magia (a que se chama Arcane, daí o nome da série), mas que apresenta personagens bem humanas, com sentimentos e emoções com as quais rapidamente te relacionas. A série faz aquilo que nunca senti no jogo, que é aproximar-me das personagens e sentir que são palpáveis. Até agora, olhava para os Champions de League of Legends como meros bonecos que controlo com os cliques do rato.
"Em vez de concentrarem-se em explicar o complexo universo do jogo, a série está centrada na história de um pequeno grupo de personagens"
É uma das melhores adaptações de videojogos que tenho na memória, que não se preocupa em traspor para a série qualquer cena que a aproxime do jogo. As personagens são o mais importante para edificar uma história e em Arcane isso salta à vista. A Riot Games não pensa na série como um substituo para o jogo ou sequer como uma forma de atrair mais pessoas. Para os fãs, Arcane é um complemento, que oferece algo que não obtêm a jogar. Para os restantes, Arcane funciona perfeitamente como algo isolado, uma história que vale a pena conhecer. O facto de ser animada, em vez de actores reais, pode enganar. Esta não é, definitivamente, uma série infantil (e já agora, a qualidade da animação é do melhor que há).
"Para os fãs, Arcane é um complemento, que oferece algo que não obtêm a jogar. Para os restantes, Arcane funciona perfeitamente como algo isolado, uma história que vale a pena conhecer"
Portanto, se tens Netflix, independentemente se gostares ou não de League of Legends, Arcade é uma série que vale a pena e um exemplo a seguir para outras adaptações. No momento em que este artigo estiver publicado, tens os três primeiros episódios disponíveis, que compõe o primeiro arco. A 13 de Novembro seguem-se mais três episódios, com o segundo arco, e finalmente, a 20 de Novembro, ficarão disponíveis os últimos três episódios com o último arco. Não podia estar mais ansioso para ver o que acontece a seguir.