As Desilusões do Ano 2010
Para o que te havia de dar.
Num início de ano que se assumia como simplesmente estonteante, um dos jogos que mais entusiasmo gerava no nosso Vítor Alexandre era mesmo Dark Void. O jogo vindo do mesmo estúdio que produziu Crimson Skies: High Road to Revenge para a Xbox original, a Airtight Games, mantinha na mesma o desejo de nos levar a voar pelos céus. Para toda uma geração, a possibilidade de ser uma espécie de Rocketeer virtual era por demais cativante e a Capcom ia promovendo o seu mais recente projecto pensado no mercado Ocidental. Este jogo de acção na terceira pessoa com ambiente sci-fi deixa-nos imaginar como seria fantástico a mistura da liberdade de poder voar pelos cenários com as secções de tiroteios que estavam tão populares quanto nunca. A história foi um dos seus pontos mais intrigantes e na análise na qual deu 6/10, Jorge Soares refere que nesta, "o piloto William Augustus Grey (voz de Nolan North), que em conjunto com os seus amigos, se despenha em pleno Triângulo das Bermudas. Mas em vez de ser um acidente normal, dão por si presos num universo paralelo, chamado de The Void, onde não conseguem sair."
As potencialidades da liberdade oferecidas pelas mecânicas de voo prometiam oferecer sequências emocionantes e um "jogar" com elementos tradicionais mas aqui moldados consoante a nossa posição, imaginem sequências de tiroteio mas na vertical. A jogabilidade de Dark Void foi simples mas agradável, algo que já não se pode dizer de outros pontos deste jogo como a dificuldade e os desafios que atira ao jogador. "Os níveis são lineares, não que isso seja em si algo de mau, mas juntando a isso inimigos que se comportam sempre da mesma forma, onde as instruções de movimentos se baseiam unicamente em ir de um ponto X a ponto Y, não traz novidade nenhuma nos níveis seguintes."
Este foi o grande desânimo para com Dark Void. Em perspectiva, existia potencialidade para um jogo inovador, fresco e acima de tudo desafiante. Na verdade, a experiência lançada pela Capcom apenas conseguiu cumprir com algumas das exigências e ficou abaixo do esperado. "A sensação que fiquei é que existe aqui um potencial imenso, um jogo que poderia ser muito mais que umas horas de divertimento. O jogo é extremamente simples na sua concepção, parecendo que os produtores não quiseram arriscar em nada, nem ir mais longe do que o que já se tem feito há três anos para cá." Para um jogo que prometia levar as coisas mais além e oferecer algo como nunca antes visto, Dark Void mais transpareceu como um jogo que poderia ter sido mais.
Também do Japão veio a outra experiência que defraudou por completo as expectativas de Vítor Alexandre e como o próprio disse na análise de 4/10, "as primeiras secções de Quantum Theory podem deixar os mais ferrenhos adeptos dos "thirdperson shooters" à beira do colapso, com vontade de atirar para bem longe o comando, sem dar sequer a mínima hipótese à primeira incursão da Tecmo num género profundamente ocidental, que os japoneses, de um modo geral, ainda sentem dificuldades quando pretendem construir algo que não faz parte dos moldes mais tradicionais.". Assim eram os primeiros passos com um jogo que chegou a ser dado como exclusivo PlayStation 3 e que nessa altura suscitou na massa adepta contornos de uma potencial experiência a lembrar o portentoso Gears of War.
Tal desoladora nota veio por via de um jogo que falha em praticamente todos os aspectos e quando se pode ler algo como, "Os adversários reagem bem na dificuldade normal, mas perdemos mais tempo em aceso debate com a mira do que propriamente conseguir abater os Diablosis," é por algo está mesmo mal. As ambições da Tecmo Koei em fazer deste um jogo de referência dentro das séries de companhia não conseguiram ser compridas. "Quantum Theory não consegue transmitir mais do que uma sensação de cópia chapada e bastante amarga de Gears of War." escreveu Vítor sobre este que é um dos jogos que mais o espantou e não pelos efeitos desejados.
Quantum Theory é um jogo que se apresentou com graves problemas na jogabilidade e ainda com um visual tão pobre quanto a sua palete de cores. Até a inserção de uma segunda personagem principal não foi aproveitada tanto quanto poderia ter sido, imaginem um modo cooperativo para dois jogadores, e todo o seu carisma parece ter ficado esquecido num estúdio de desenvolvimento no qual se calhar nunca chegou a entrar. "A construção gráfica é pobre, não sendo tão fraco o trabalho artístico, embora repisado e constante, a impressão global que fica é de um jogo que há cinco ou seis anos ainda passava, mas nesta altura e quando comparado com alguns portentos gráficos desta geração, Quantum Theory posiciona-se ao nível da geração 128 bit.".
Quantum Theory parecia em perspectiva a visão Japonesa sobre o sucesso que o Ocidente conseguia realizar com tanta facilidade. No entanto, não consegue assumir argumentos que lhe façam valer seja a quem for e provavelmente quem o vai comprar vai ser por curiosidade para ver como é tão mau. "a falha maior de Quantum Theory começa talvez pelo objectivo inicial, copiar Gears of War como modelo jogo para chegar a novas audiências. Mas sem originalidade e inovação, tendo outros problemas que desgraçam, não é possível conquistar um mínimo denominador e não há como dar a volta a um falhanço."
Desta forma, ficam aqui as nossas dez maiores Desilusões de 2010. Estes foram alguns dos jogos mais esperados aqui na redacção mas que simplesmente não nos conseguiram conquistar plenamente, ou quanto desejado. O nível da desilusão está intimamente ligado à expectativa sobre o título e enquanto uns nem sequer criaram grandes expectativas, outros pareciam levar os seus géneros em frente e tal ficou-se apenas pela promoção.