As primeiras horas em Mira, o planeta de Xenoblade Chronicles X
A nossa antevisão ao jogo da Monolith Soft, para a Nintendo Wii U.
Estamos em contagem decrescente para um dos jogos mais aguardados do ano para a Wii U. Dentro em breve, Xenoblade Chronicles X estará disponível na Europa. Ainda foi uma longa espera. Quando a Nintendo anunciou a nova produção da Monolith Soft, numa Direct em Janeiro de 2013, ficámos com um vislumbre do que seria uma espécie de avanço do marcante Xenoblade Chronicles. Ambos partilham a quase totalidade do título e muitas mecânicas foram reaproveitadas e melhoradas nesta nova incursão. Mas o destaque vai para a nova história e para o mundo aberto, um conceito que Tetsuya Takahashi explora pela primeira vez e que opera um grande avanço perante o jogo anterior.
É verdade que Xenoblade Chronicles introduziu muitas mecânicas oriundas dos jogos de role play em mundo aberto, contemplou valências dos mmo's e apresentou uma exploração horizontal e vertical, algo inéditas num título que parte das bases típicas de um jrpg. Xenoblade Chronicles X já vai muito mais à frente. Representa uma ousadia que Takahashi teria de seguir depois da aventura que desenvolveu para a Nintendo Wii. Quem conheça as produções deste japonês, que se notabilizou com Xenogears e a trilogia Xenosaga, antes da incursão na plataforma da Nintendo, reconhecerá imediatamente o design que dá relevo ao seu novo jogo.
Atendendo à tradição e uma certa resiliência da produção japonesa no tocante à definição do futuro dos jrpg's, Takahashi não se importa de prosseguir nesta incursão, que leva Xenoblade Chronicles X a pôr-se num termo de comparação mais evidente diante dos jogos de role play de mundo aberto criados pelos ocidentais. Seria uma oportunidade perdida se não aceitasse o desafio. Vários anos em desenvolvimento ilustram bem como a Monolith Soft, com o apoio da Nintendo, não quer de forma alguma defraudar as expectativas dos fãs, em alta a partir do momento que lhes foi revelada a escala incrível do novo mundo habitado pelos humanos.
Xenoblade Chronicles X é uma experiência no segmento do jogo para a Wii, mas com uma definição de proporções ousadas e claras, mal ficamos a conhecer o teor da história. Ao fim das primeiras horas de jogo testemunhámos a escala impressionante do planeta Mira. Um planeta azul, aparentemente rico em fauna e flora, regiões colossais e secções montanhosas até perder de vista. Neste planeta habitam criaturas de diferentes espécies. Alguns são gigantescos e voam. Outros, herbívoros, não dão sinais de agressividade à nossa passagem. Acordados num planeta novo, onde os humanos que sobreviveram ao desastre e explosão do planeta terra, no seguimento de uma guerra letal entre forças alienígenas, procuram criar as condições necessárias de adaptação e sobrevivência, a exploração é o primeiro grande ímpeto que sentimos. A nossa personagem é um dos poucos humanos que sobreviveram após a queda da "White Whale", uma nave espacial que andou no espaço durante dois anos, até ser atacada e se despenhar, por sorte, neste belo planeta.
"Xenoblade Chronicles X já vai muito mais à frente. Representa uma ousadia que Takahashi teria de seguir depois da aventura que desenvolveu para a Nintendo Wii"
Sem condições para aterrar normalmente, apenas uma porção da nave em forma de anel se soltou e pôde descer dos céus em segurança, poisando numa secção de terra banhada por um mar tranquilo. Na queda, foram libertadas algumas cápsulas, de onde saiu vivo ou viva a nossa personagem. A introdução do jogo abarca ainda a criação da personagem, através de um editor bastante personalizável. À nossa espera, depois da saída do pod, está uma personagem feminina elegante. Equipada com protecções e armas, de pronto presta auxílio e fornece indicações básicas sobre o planeta. Trata-se de uma fase de adaptação ao ambiente e algumas das principais mecânicas.
Logo percebemos as ligações com Xenoblade Chronicles. Ao avançarmos dentro da região ganhámos pontos de experiência quando entramos numa nova zona. A passagem do tempo tem influência sobre as criaturas. À noite, certos seres, como insectos, propagam-se facilmente, enquanto que seres herbívoros, por seu turno, tendem a aparecer à luz do dia. O sistema de combate assenta no esquema de "arts" implementado no jogo para a Wii. Trata-se de um conjunto de ataques e defesas especiais, que combinados com os ataques das outras personagens, através de um jogo de equipa personalizável por via das indicações directas, nos deixa à beira do sucesso e da subida de nível.
Muitos destes ataques implicam a realização de "quick time events", isto é, a pressão sobre alguns botões para que se consiga um dano extra. Um ponto crucial dentro deste sistema é a existência de um sistema de arrefecimento, que significa que durante alguns segundos (dez ou vinte), não poderão utilizar esse ataque. Só depois de abastecido é que poderá ser activado novamente. De resto, o posicionamento diante dos inimigos é essencial para ganharem a batalha. Alguns ataques surtem maior efeito quando aplicados na parte lateral ou atrás. Basta atentar na eficácia da "art" e nas fragilidades do inimigo. Existe um grande número de ataques e armas. A personalização é muito ampla, o que nos deixa criar diferentes combinações a pensar em inimigos especiais.
Normalmente cada criatura tem sobre si um número com indicação do nível, o que é desde logo um sinal claro sobre a sua capacidade de ataque e se configura realmente uma ameaça. Algumas criaturas não se incomodam à nossa passagem, enquanto que outras podem atacar imediatamente. Neste caso, não há fuga possível e poucas opção restam à "party" senão contra-atacar. A batalha decorre em tempo real e este é um dos pontos, que à semelhança de Xenoblade Chronicles, torna a experiência muito fluída, já que não existem quebras, nem loadings entre a exploração e a entrada e saída do combate. A acção é quase ininterrupta e só dá lugar, por escassos segundos, ao quadro de subida de experiência, caso o combate corra a nosso favor, pois de outro modo, regressámos à última área que exploramos.
"Xenoblade Chronicles X faz-se de grandes áreas"
Xenoblade Chronicles X faz-se de grandes áreas. Assim que passámos a fase inaugural, de conhecimento e adaptação à New Los Angeles (NLA - o grande anel), temos pela nossa frente uma série de missões. Entre principais e secundárias, somos enviados para os confins do planeta. Mira divide-se, tal como a Terra, em continentes. As regiões de cada continente podem ser visualizadas através do GamePad, como casulos. O comando torna-se num acessório úti e que quase substitui uma série de menus. Nele podemos ver os extensos mapas, a nossa localização e a distancia que falta até ao objectivo. Por vezes é gigantesca. A deslocação pode ser efectuada a pé. Por vezes perdemo-nos a explorar Mira, nem damos pela passagem do tempo e só depois percebemos que já passaram várias noites. Existe uma alternativa de peso a andar a pé ou correr. Os Skells são como robôs gigantes (Mechs, um fetiche de Takahashi, que resultam bem nos seus jogos) que podemos controlar como aparelhos de voo ou então sob a forma de veículos, para uma deslocação terrestre mais rápida.
Tanto em termos sonoros como visuais, Xenoblade Chronicles X consegue deixar boas impressões. Em termos gráficos, destaque para a dimensão e design das paisagens. Ao avançarmos somos constantemente surpreendidos por inimigos diferentes e bem desenhados, alguns verdadeiramente impressionantes. As expressões faciais podiam estar melhor e de um modo geral, quando comparado com outros jogos de mundo aberto, como os ocidentais, parece faltar mais algum detalhe. Não podemos deixar de mencionar nesta jornada de antevisão a banda sonora de Hiroyuki Sawano, com temas que assentam muito bem no jogo. É uma composição musical algo diferente da que ouvimos em Xenoblade Chronicles mas repleta de temas singulares e que revelam uma direcção bastante peculiar.
O próximo artigo escrito que iremos publicar sobre Xenoblade Chronicles X será muito provavelmente a análise, prevista para a próxima semana. Até lá, permanecemos noite e dia em Mira, um planeta esmagador que não nos deixa cansados nesta senda de exploradores, como humanos que mais uma vez procuram descobrir o que os rodeia. Antevê-se uma jornada longa, cheia de surpresas e desafios, múltiplas missões e um enquadramento narrativo que nos deverá manter atentos ao desfecho.