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As Surpresas do Ano - Parte 2

Continuamos surpreendidos.

Para terminar a lista dos dez jogos que mais surpreenderam os membros da equipa Eurogamer Portugal, faltam dois títulos e um deles é nada mais, nada menos, que Lara Croft: The Guardian of Light. Depois de realizar uma espantosa trilogia Tomb Raider que trouxe novo vigor para a série, poucas dúvidas haviam quanto ao talento da Crystal Dynamics e depois de tirar Lara Croft da lama em que se encontrava, o estúdio decidiu ir um pouco mais longe. Aproveitando a existência dos serviços de venda de conteúdos digitais, o estúdio responsável por recuperar o interesse na série da Eidos decidiu criar uma experiência direccionada para esses mesmos serviços. Começando assim o que pode vir a ser uma nova série, separada e distinguida aqui pelo nome, Lara Croft ao invés de Tomb Raider.

Esta nova experiência foi desenhada como um jogo de plataformas em 3D com uma perspectiva isométrica e veio pela primeira vez realmente oferecer um produto diferente no mundo dos videojogos relacionado com esta personagem. Para um produto que entrava pela primeira vez em território não explorado, Guardian of Light ficou-se pela mera curiosidade durante os meses que antecederam o seu lançamento mas quando chegou, espantou. O primeiro e mais importante impacto vem de todo o ambiente e mesmo com a câmara fixa, o jogo não deixa de transpirar Tomb Raider por todos os poros e é precisamente a sua personalidade dentro do que conhecemos na série que nos conquistou.

Guardian of Light adopta um novo esquema mas mantém toda a essência Tomb Raider. Divertido e acessível.

Em Guardian of Light, Lara, ou Totec se o jogador assim preferir, vão executar as mesmas tarefas que na série tradicional mas enquadradas nas novas mecânicas. Saltar, resolver puzzles inteligentes e bem pensados, disparar armas de fogo são alguns dos elementos clássicos que são moldados debaixo das novas condições. A Crystal Dynamis decidiu ainda incorporar algumas novidades como a possibilidade de equipar itens que melhoram os atributos dos personagens e ainda a possibilidade de melhorar armas. Acima de tudo, onde realmente Guardian of Light surpreendeu e conquistou a um nível sem expectativas foi na soma do seu todo, na sintonia com que todos os seus elementos trabalham e na consequente e imensa diversão que oferece ao jogador. Após o lançamento o jogo recebeu ainda uma actualização com um modo cooperativo online reforçando ainda mais a diversão e longevidade do jogo que já eram impressionantes. Mais do que criar um título baseado na personagem com qualidade para agradar a muitos mais que os fãs de sempre, a Crystal Dynamics criou também um dos jogos mais impressionantes a nível gráfico e um dos mais recompensadores de sempre, na medida em que o jogador se sente bem na forma como é entretido e desafiado.

Se Guardian of Light me surpreendeu imensamente pelo prazer que ofereceu em ser jogado, também Red Dead Redemption se tornou incontornável sem a momento algum contar com tal. Anunciado a 4 de Fevereiro de 2009, aquele que por estes dias vai sendo aclamado como um dos jogos do ano, e até como o jogo do ano, não começou o ano propriamente da melhor forma. Em Janeiro, surgiam notícias de um desenvolvimento conturbado e cujos seis anos de desenvolvimento não foram aproveitamos como deviam. Realizado por uma equipa composta por "sobras", como disse um membro dessa própria equipa, e sem quaisquer ambições, nem a própria editora parecia acreditar no sucesso do seu produto. Os adiamentos foram mais que muitos mas em Abril a Rockstar já começava a promover com força o seu título e não se poupava a elogios.

O certo é que quando chegou, aquele que chegou a ser dado como um dos jogos mais caros de sempre e que obrigou o famoso analista Michael Pachter a corrigir as suas previsões, triunfou sem contestação. Aclamado como um dos jogos do ano e de toda a actual geração, a aventura de John Marston parecia à primeira vista como passável, mas cedo constatei que era por demais incontornável e assim que entrei no Velho Oeste, fiquei de tal forma envolvido que não mais parei até conseguir terminar o jogo. Para além dos modos online que ofereciam imenso valor a todo o pacote, Red Dead Redemption conquistou-me principalmente pela jornada de Marston para salvar a sua família.

Da Rockstar para os nossos corações. Envolvente. Intenso. Chocante. Red Dead Redemption.

Com um enredo envolvente protagonizado por um leque de personagens rico, irreverente e profundo, do melhor alguma vez feito na indústria, Red Dead Redemption prendia o jogador desde os primeiros instantes em que o nosso ex-criminoso agora homem de família se sentava no comboio em Blackwood em direcção a Armadillo. Neste mundo aberto e com uma jogabilidade reminiscente de Grand Theft Auto IV, a profundidade e tamanho deste Velho Oeste eram francamente surpreendentes e imersivos. Ao longo deste surpreendente enredo que nos colocava perante momentos intensos e que, como já é apanágio na Rockstar, não tinham qualquer receio em piscar o olho à sétima arte, o jogador conhecia o ladrão de campas Seth Briars, o vigarista Nigel West Dickens, o caricato Abraham Reyes, e o inspirador Landon Ricketts.

O ano de 1911 trouxe-nos um dos produtos mais emblemáticos desta indústria e se alguém duvida da qualidade do que se vai fazendo nesta indústria, deve deitar os olhos a este título antes de falar. A jogabilidade é surpreendentemente acessível, intuitiva e imediata para a quantidade de acções e tarefas que podemos fazer e as missões ofereciam uma boa variedade e como um todo, Red Dead Redemption é dos melhores pacotes no qual podem investir. Visualmente soberbo e com um estilo de arte envolvente, a recriação do Velho Oeste desta equipa é tão vil, cruel e intenso quanto os melhores filmes do cinema o conseguiram fazer.

Assim sendo, ficam aqui as nossas surpresas para este ano de 2010 e apesar de muitos outros nos terem surpreendido, são estes os que mais consideramos dignos de destaque. São jogos que para além de nos surpreenderem, deviam estar nas colecções de cada jogador com a consola para os quais foram lançados e ainda agora vão marcando presença assídua nas nossas consolas. No entanto, nem tudo foi bom neste ano e nem tudo nos conseguiu surpreender. Alguns títulos conseguiram o efeito contrário e é sobre esses que vamos falar num artigo a sair brevemente.

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