Assassin's Creed segue para um futuro promissor
Diversificação de experiências e locais desejados.
No passado dia 10 de setembro, a Ubisoft apresentou a sua Forward e perto de 40 minutos foram passados a comemorar os 15 anos de existência da série Assassin's Creed. No entanto, ao invés de olhar para o passado, a Ubisoft focou-se num olhar ao futuro e numa reforçada aposta na história como a inspiração para estes recreios virtuais.
Estes anúncios foram feitos quando estamos prestes a comemorar 2 anos de Assassin's Creed Valhalla, lançado em novembro de 2020 e sendo o mais recente título na linha principal da popular série da Ubisoft. Isto significa que estamos há 2 anos sem um novo jogo, pois Valhalla focou-se em expansões pagas e atualizações gratuitas repletas de refinamentos ou novidades.
O tratamento a Valhalla parecia ser um forte indicativo do futuro de Assassin's Creed quando ouvimos falar pela primeira vez em Infinity, descrito como um serviço que seria sustentado com constantes atualizações. No entanto, Infinity não é um jogo, é uma hub a partir da qual Assassin's Creed ficará conectado com as diversas experiências ligadas para um universo em evolução.
Voltando a Valhalla, o tratamento aplicado foi uma continuação do que foi feito em Origins e depois em Odyssey. Tivemos Action RPGs de enorme escala, que duram mais de 50 horas e que podem ultrapassar facilmente as 100 horas de jogo com tarefas opcionais, apoiados por expansões pagas para se manterem apelativos e vendáveis durante muito mais tempo, enquanto atualizações gratuitas expandiam o arsenal, refinavam a experiência e introduziam novas atividades. De Origins a Valhalla, de 2017 a 2020, o tom de suporte em jeito de serviço foi crescendo, mas ao contrário do que parecia, Assassin's Creed não ficará marcado apenas por jogos como serviço.
A apresentação da companhia revelou Assassin's Creed Mirage, Assassin's Creed Codename Red, Assassin's Creed Codename Jade, Assassin's Creed Invictus e Assassin's Creed Codename Hexe. Apesar dos arautos da desgraça já gritarem que estamos perante demasiados jogos, não consigo deixar de sentir entusiasmo pelo futuro da série, pois a Ubisoft parece finalmente disposta a duas coisas muito importantes. Por um lado, está disposta a quebrar os ciclos de lançamentos anuais e a apoiar o mesmo jogo durante mais tempo (em 2019 não tivemos Assassin's Creed, enquanto em 2021 e 2022 também não tivemos um novo jogo para se manterem com Valhalla) e por outro, estão a diversificar o tipo de experiências criadas com o nome da série.
Assassin's Creed Mirage chegará mais de dois anos e meio após Valhalla e será uma homenagem aos clássicos vistos nos primeiros anos da série. Um jogo que começas e acabas em cerca de 20 horas, focado numa narrativa linear e sem as mecânicas RPG dos mais recentes. É um jogo ao estilo dos originais (que na altura foram criticados pelo cansaço e agora são alvo de pedidos de regresso, não há mesmo como agradar a todos!) É uma inesperada amostra da vontade de ramificar a série e não será mais um colossal Action RPG em mundo aberto com centenas e centenas de horas pela frente.
Enquanto jogo mais ao estilo dos originais, Assassin's Creed da Ubisoft Bordéus poderá ser uma lufada de ar fresco e um relembrar do tipo de experiências que popularizou a série no início. Uma cidade de Bagdade vibrante, Basim como protagonista (Valhalla é um dos jogos mais importantes da série em termos da narrativa e ter Basim de volta tem muito apelo), grandes multidões e ainda um design de gameplay assente no parkour como visto noutros tempos é o que está prometido. A equipa diz mesmo que deseja capturar a essência dos primeiros jogos Assassin's Creed, mas num tom atualizado.
Origins trouxe uma nova era de Assassin's Creed e Mirage será o encerramento dessa série, um tributo ao original antes da Ubisoft deixar as consolas PS4 e Xbox One para se focar a sério na PS5 e Xbox Series. Com isto vão chegar novas mecânicas, maior ambição e novos mundos abertos épicos. Até lá, teremos Assassin's Creed Mirage em 2023 como um intermédio entre períodos da série.
Após uma trilogia de ambiciosos Action RPGs em mundo aberto, Mirage será um jogo de ação e aventura, uma espécie de pausa, sendo indicativo de um futuro no qual Assassin's Creed será muito mais diversificado.
Se após 2 anos a jogar Valhalla querias mais um ambicioso Action RPG de mundo aberto, Mirage pode não ser para ti, mas Codename Red será o jogo que procuras, especialmente porque nos levará para o Japão Feudal. Um novo Assassin's Creed da Ubisoft Quebec para nos transportar para uma fantasia ninja com trama política e social à mistura, o conceito de introduzir os assassinos e ordem dos anciãos no meio do conturbado período de conflito bélico no Japão parecem um casamento mais do que perfeito.
Assassin's Creed Codename Red chegará em 2024, a correr bem, 4 anos após o mais recente Action RPG em mundo aberto na série da Ubisoft, tempo suficiente para respirar e bem diferente de Mirage. Red será a evolução da ambição que motivou a criação de Valhalla, será um jogo PS5, Xbox Series e PC apoiado por expansões pagas e expansões gratuitas ao longo de vários anos. Nem com a plataforma Infinity a permitir a existência de vários jogos Assassin's Creed em simultâneo, Red deixará os fãs da série assoberbados pois existirá um intervalo entre lançamentos.
A Ubisoft sugeriu uma experiência que é uma evolução de Valhalla, não apenas no suporte pós-lançamento, mas também no design. Melhores gráficos, maior dinamismo no mundo e IA, cenários mais complexos e um forte arranque da terceira era de Assassin's Creed. Red soa tão empolgante no papel que não me importo de esperar mais 3 anos, pelo meio terei Mirage e quem sabe não regresso a anteriores jogos para relembrar clássicos, talvez a Ubisoft lance uma coleção com melhorias.
Com Mirage a servir como um tributo ao original, algo que poderia ser feito com um remake, mas será feito com um novo jogo, e Red posicionado como a próxima mega fantasia que pega num período da história e combina-o com as temáticas da série, enquanto fã de Assassin's Creed fico com um sorriso na face. Isto porque tenho ainda de falar em Assassin's Creed Codename Hexe, um jogo que parece mais uma vez demonstrar o desejo de ramificar a série.
Acredito que seja fácil para muitos sacar da piada da vaca, mas quando a Ubisoft ostenta ambição nos seus planos (seja em géneros, temáticas ou tecnologias) em sintonia com o desejo de enveredar experiências diferentes, apenas posso sentir curiosidade e interesse. Hexe parece tratar-se de um jogo focado no terror e nem sabemos ainda se é um jogo de ação e aventura ou RPG. Parece tratar-se de um jogo diferente e a Ubisoft diz que apesar de chegar depois de Red, uma vez que o jogo no Japão Feudal será apoiado ao longo de vários anos, eventualmente vão estar ativos ao mesmo tempo.
No entanto, se Red é posicionado como "o próximo jogo estilo Valhalla", Hexe é de imediato descrito como um jogo diferente, com uma estrutura distinta. Além disso, a Ubisoft já mostrou que não precisa lançar RPGs todos os anos e Red será apoiado por vários anos, o que sugere que Hexe seja ao estilo de Mirage, com princípio, meio e fim, assim que o compras. É empolgante pensar no que pode ser feito ao transportar Assassin's Creed para outros géneros. Quem sabe uma aventura gráfica ao estilo de Life is Strange ou The Quarry, mas com conceitos Assassin's Creed?
À volta destas 3 principais experiências Assassin's Creed, terás Codename Jade e Invictus. Também aqui temos diversidade e propósitos totalmente diferentes, não criando conflito com os outros títulos. Assassin's Creed Codename Jade é um Action RPG mobile de grande ambição, provavelmente pensado para expandir o alcance da série de uma forma que, nos dias de hoje, é natural, enquanto Assassin's Creed Invictus é um jogo multijogador criado por talento que já lançou For Honor e Rainbow Six. Parece ser uma forma de criar uma experiência Assassin's Creed para vários jogadores que liberta os outros jogos de sentirem essa necessidade.
Escrito tudo isto, sinto que é difícil não sentir entusiasmo quando penso no futuro de Assassin's Creed. É uma série que acompanho desde o lançamento, onde vibrei com cada jogo, mesmo os mais pequenos como Revelations, na qual assisti com encanto à transição para a geração PS4 e Xbox One, devido à ambição mostrada em títulos como Unity ou Syndicate, e o que a equipa pretendia na evolução da série. Nem tudo correu pelo melhor, mas ao contrário das más línguas, a Ubisoft tentou diversificar ambientes, introduzir mecânicas específicas contextualizadas com cada era e tentou modernizar conceitos que já acumulavam anos.
Origins trouxe uma nova era para Assassin's Creed e senti um enorme fascínio pelos mundos abertos e a forma como foi criada a narrativa sobre a origem deste conflito. A jornada de Bayek e Aya ainda hoje é recordada com carinho por aqui, é um dos meus jogos favoritos da sua geração. Odyssey não conseguiu o mesmo equilíbrio, mas teve momentos muito interessantes, enquanto Valhalla foi uma ambição desmesurada suportada por uma das melhores histórias de toda a série e a fantasia viking que tanto desejados. Isto sem falar no fenomenal apoio pós-lançamento.
Agora, dou por mim à espera de Mirage, empolgado com Codename Red e curioso com Hexe, a sentir que a Ubisoft vai diversificar Assassin's Creed como jamais imaginava, pois dava por garantido que os Action RPGs em mundo aberto apoiados durante anos seriam a norma. Venham mais 15 anos de fantasia suportada por eventos históricos, ainda espero pelo jogo da Amunet.