Assassin's Creed Valhalla - uma fantasia de Vikings
Ubisoft expande a nova fórmula a mais um período histórico.
Se excluirmos os jogos de desporto, que são lançados anualmente independentemente do que possa acontecer, a saga Assassin's Creed é uma das que mais tem aguentado sem grandes interrupções - actualmente a Ubisoft lança um jogo destes a cada dois anos, embora tivesse apostado em lançamentos anuais depois de Assassin's Creed II. É impossível uma saga continuar durante tanto tempo sem haver mudanças ao longo dos anos e se compararmos o primeiro jogo com o mais recente - neste caso Assassin's Creed Valhalla - o desnível é assustador. Ainda há semelhanças é claro, mas acabam por ser jogos radicalmente diferentes. Para que a saga pudesse continuar, sem haver esgotamento de novas ideias, a Ubisoft transformou Assassin's Creed numa saga em que revivemos os diferentes períodos históricos da humanidade. Onde este conceito realmente ganhou forma foi em Assassin's Creed Origins, o jogo que essencialmente transformou a série nesta geração de consolas.
Assim como Assassin's Creed Odyssey foi uma evolução do conceito introduzido em Origins, Valhalla é uma continuação do que foi feito em Odyssey. Não são jogos iguais, mas quem jogou os dois títulos anteriores, ou pelo menos um deles, vai sentir-se familiarizado. Recentemente tive a oportunidade de experimentar uma grande demo de Assassin's Creed Valhalla - durante mais de 3 horas - e de conhecer o novo mundo e a nova época histórica que a Ubisoft preparou para os adeptos os fãs dos jogos em mundo aberto e de aventura. Antes de mais nada, sou um confesso adepto do período dos Vikings desde que comecei a assistir à série do canal Histórica. Eventualmente comecei a procurar pela temática e encontrei outra série fantástica deste período histórico: The Last Kingdom. Aliás, estas são duas séries que recomendamos que vejas para te prepares para o jogo. Vai ajudar bastante a perceber a cultura dos Vikings e o contexto político deste novo capítulo de Assassin's Creed.
A derradeira fantasia Viking
É esta a experiência que a Ubisoft quer oferecer com Assassin's Creed Valhalla. O jogo decorre durante o século IX, durante as invasões dos Vikings à Grã-Bretanha. A presença dos Vikings neste período está bem registada e o jogo atira-nos para o meio do conflito entre dois povos. De um lado temos os bretões e do outro os Vikings, cada um com crenças, comportamentos e ambições distintas. A nossa personagem Eivor - que pode ser tanto um homem como uma mulher (tu escolhes) - é um Viking que, por aquilo que pude perceber da história, quer ajudar a manter a ordem no território. Nas missões de história disponíveis na demo ajudamos Oswald a tornar-se no rei de East Anglia. Nesta altura a Grã-Bretanha ainda estava dividida em vários reinos, cada um com o seu próprio rei. Só mais tarde é que viria a tornar-se naquilo que conhecemos hoje como Reino Unido.
Não sabemos ainda de que forma é que Eivor entra em contacto com a Ordem dos Assassinos e de que forma é que a parte de ficção vai encaixar com os factos históricos, mas no que toca a criar a derradeira fantasia Viking, esta demo deixou-nos bastante convencidos. Este não seria um verdadeiro jogo de Vikings sem batalhas épicas e desde logo que esta figura como uma das principais actividades que terás acesso. Os Assaults podem ser feitos em terra ou em mar, sendo que neste último caso precisas de chamar o teu barco usando um corno facilmente acessível no menu de utilidades (carregar d-pad para baixo). Esta actividade, que surge em momentos determinados momentos narrativos, recordou-me dos ataques a fortalezas introduzidos em Middle-Earth: Shadow of War. São batalhas teatrais, com dezenas de soldados envolvidos e com múltiplas fases. Precisas de combater, despachar arqueiros, ajudar a arrombar as grandes portas das fortalezas e, ultimamente, derrotar os líderes daquela fortaleza.
"São batalhas teatrais, com dezenas de soldados envolvidos e com múltiplas fases"
A acompanhar os Assaults estão as Raids, que são ataques a localizações mais pequenas e com menos protecção em que o objectivo é mesmo saquear os itens valiosos que lã estão, seja prata ou os diferentes materiais envolvidos no sistema de crafting e melhoria das tuas armas / armadura. Para quê fazer estes saques? Aparentemente os recursos que recolhes servem para melhorar o teu Settlement, mas esta é uma das novidades que não estava incluída neste demo - recorda-te, a demo é um trabalho em progresso de um jogo que só será lançado daqui a quatro meses. Mesmo assim, dá para perceber que o jogo está num bom caminho e senti-me de facto no papel de um mundo, transportado para aquela realidade. Embora a área do mapa disponível fosse limitada na demo, o mundo do jogo é vasto, com uma dose equilibrada de actividades secundárias para realizar.
Uma evolução da nova fórmula Assassin's Creed
A Ubisoft fez um óptimo trabalho a adaptar a nova fórmula de Assassin's Creed ao contexto dos Vikings e evolui o trabalho que fez nos jogos anteriores. O combate está altamente fluído e responsivo, com o regresso dos ataques leves, pesados, um botão para te desviares, e possibilidade de fazeres parry para abrires uma brecha na defesa dos adversários. Não é novidade para quem jogou os anteriores, mas este estilo de combate tem muito a dever a Dark Souls, embora esteja longe de ser tão desafiante. Regressam também as habilidades de combate, que ficam disponíveis assim que acumulas adrenalina suficiente. Existem habilidades para as tuas armas principais como para o teu arco. Nesta demo tinha uma habilidade que me permitia atirar múltiplos machados, extremamente útil para crowd control. Outra habilidade deixava-me colocar veneno na arma, com cada a ataque a causar dano colateral no adversário - quantos mais ataques acertares, mais o veneno faz efeito, resultando em grandes quantidades de vida perdida.
Há quem diga que os novos Assassin's Creed se desviaram demasiado da fórmula original. Em particular, há quem sinta falta do stealth. Nesta questão, as notícias não são as melhores. Embora o stealth seja uma opção, não hã nenhuma razão plausível para jogar dessa forma, pelo menos nos conteúdos apresentados nesta demo. De qualquer modo, podes esconder-te nas ervas, andar pelos telhados, matar sorrateiramente os inimigos e esconderes os seus corpos, mas como já referi, o ritmo da jogabilidade e a forma como as actividades são apresentadas não te encaminham para o stealth nem te recompensam por isso. Existe a opção, mas creio que o jogo é muito melhor e mais divertido com combates directos. Os combates não envolvem apenas adversários humanos. Seguindo as pegadas de Origins e de Odyssey, são introduzidos inimigos mitológicos como grandes lobos e bruxas que lançam feitiços de fogo e de electricidade. É um jogo que mistura realidade com ficção, aproveitando-se da mitologia nórdica.
Uma forma divertida de passar o tempo
Assassin's Creed Valhalla nunca será elogiado pela sua ousadia ou inovação. É um jogo construído nas bases implementadas pelos dois jogos anteriores, herdando o mesmo sistema de combate, o enfâse nos elementos RPG - como desbloquear habilidades, subir de nível e ganhar novos equipamentos - e um mundo estruturado para te agarrar e dar conteúdo para muitas horas. Daquilo que jogámos, parece seguro dizer que será um bom jogo, que agradará particularmente àqueles que estão desejosos para viver uma fantasia de Vikings. Era isto o que esperávamos, e foi isto o que esta demo entregou. Quanto à qualidade visual, não podemos adiantar muito. A demo foi jogada via streaming. Surpreendentemente, o jogo respondia muito bem, mas a qualidade visual ia flutuando e nunca chegou a ser equivalente ao ter o software a correr mesmo ali, no nosso PC. Numa nota mais pessoal, tornou-se num dos jogos que quero definitivamente jogar até ao final de 2020.