AstralShift - A produtora portuguesa que já recebe elogios em todo o mundo
Fomos à descoberta do talento nacional.
A indústria Portuguesa dos videojogos continua a crescer, à semelhança do que acontece no resto do mundo, com títulos lançados pelo globo fora que despertam imensos elogios e certamente despertam entusiasmo noutros criadores para tentarem a sua sorte. Decidimos partir à busca de mais informações sobre a nossa indústria e esperamos ter a sorte de partilhar mais contigo dos esforços nacionais, como é o caso da AstralShift, uma produtora indie que já colocou o seu nome na boca do mundo.
A AstralShift é mesmo um dos casos nacionais mais intrigantes e empolgantes. A produtora de Little Goody Two Shoes e Pocket Mirror, dois títulos com os quais poderás ficar surpreendido e dignos de inúmeros elogios por parte dos que já os jogaram. São dois jogos nacionais, lançados com o apoio de conceituadas editoras japonesas, que muito provavelmente vão-te fazer ganhar enorme respeito por esta equipa.
Na nossa busca por mais informações sobre a indústria de videojogos em Portugal, tivemos a sorte de falar com João Caetano, que aceitou contar-nos mais sobre a AstralShift. João Caetano é um dos cinco sócios-gerentes que têm a AstralShift a seu encargo, e desenrola funções no papel de CEO e lead de programação da equipa - sendo que divide esta última responsabilidade com outro sócio-gerente, André Rufo.
Podes partilhar connosco um pouco do teu trajeto profissional? Como tudo começou?
No meu caso, comecei por me formar em Engenharia de Software no ISEL. Após concluir os meus estudos, trabalhei numa empresa como desenvolvedor de software durante 3 anos. Foi nessa época que fui convidado a integrar a AstralShift por um dos elementos da equipa. A partir daí, foi um longo período de muito trabalho de forma a conseguirmos assegurar financiamento para os dois projetos que estávamos então a desenvolver, Little Goody Two Shoes e Pocket Mirror ~ GoldenerTraum.
Já no caso dos restantes membros da AstralShift, a maioria dos nossos integrantes têm formação em desenvolvimento de software ou em design gráfico
A AstralShift é uma produtora nacional, podes partilhar quais os principais desafios de tentar viver dos videojogos em Portugal?
Infelizmente, não existem muitas editoras activas no panorama nacional e ainda menos fundos de apoio ao desenvolvimento de videojogos. Isto obrigou-nos, naturalmente, a ter de procurar esse apoio no estrangeiro. Dito isto, queremos salientar que a comunidade de desenvolvedores portugueses tem crescido a olhos vistos, e temos confiança que existe o talento e a motivação necessários para permitir que sejam feitos grandes progressos no futuro.
Até ao momento, produziram dois jogos, ambos apoiados por editoras japonesas. Como é que conseguiram formar essas relações?
Foi maioritariamente uma questão de persistência e perseverança, sendo que o contexto foi ligeiramente diferente para cada um dos nossos títulos.
No caso de Pocket Mirror ~ GoldenerTraum, abordamos a Komodo Entertainment (antiga Degica Games) pois já contava com um largo catálogo de títulos RPG Maker e era, nessa altura, a editora oficial do próprio RPG Maker. Para quem não sabe, Pocket Mirror foi o primeiro título produzido pela AstralShift, lançado de forma gratuita por volta de 2016. Foi uma situação benéfica para as duas partes, e o apoio especializado da Komodo facilitou muito o desenvolvimento da versão remasterizada de Pocket Mirror.
Já Little Goody Two Shoes foi o clássico caso de entrar em contacto com várias editoras. Foi um processo demorado, que exigiu muito trabalho, mas acreditamos neste projeto até ao fim. Após estabelecermos contacto com várias empresas, acabamos por encontrar o parceiro ideal na Square Enix Collective, que partilhou do mesmo entusiasmo e visão que tínhamos para Little Goody Two Shoes.
Little Goody Two Shoes chegou no final de 2023 e ostenta 95% de críticas positivas dos utilizadores Steam, isto é motivo para grande orgulho, certo?
Claro que sim! Little Goody Two Shoes teve uma recepção muito positiva por parte dos jogadores, o que nos deixou muito felizes, gratos, e motivados para regressar no futuro com um título ainda mais impressionante. É óbvio que procuramos sempre validação entre os nossos colegas e pares da indústria, mas no fim do dia não existe nada mais importante do que saber que o nosso trabalho é reconhecido e valorizado pelo público.
Podes falar-nos da criação de Little Goody Two Shoes e da decisão de apostar neste como o vosso segundo projeto?
O primeiro conceito para Little Goody Two Shoes surgiu no seguimento do lançamento da versão original de Pocket Mirror.
A equipa procurou expandir a história de Elise, uma personagem secundária de Pocket Mirror, e através dela dar resposta aos mistérios do primeiro jogo. Desta forma, embarcamos numa aventura de 6 anos de desenvolvimento intermitente, no qual investimos todo o nosso esforço e paixão criativa.
Soubemos desde logo que Little Goody Two Shoes seria a nossa oportunidade de provarmos o nosso valor, e que teria de ser uma melhoria significativa em comparação ao seu antecessor, tanto em extensão como em qualidade.
Quais foram as principais inspirações para Little Goody Two Shoes?
Soubemos desde o início que queríamos que Little Goody Two Shoes tivesse uma identidade visual distintamente vintage, maioritariamente inspirada pelas séries de anime dos anos 90. Da multitude de referências dessa época que nos inspiraram, as mais importantes de destacar são séries como Revolutionary Girl Utena, Cardcaptor Sakura, e Magic Knights Rayearth — séries shoujo que celebram a força e sensibilidade femininas.
No que toca ao design das personagens, fomos fortemente inspirados por jogos de culto japoneses, como Touhou e Umineko no Naku Koro Ni, os quais admiramos pela sua capacidade de incorporar e traduzir os traços de personalidade individuais de cada personagem no seu design.
Podes falar-nos do teu próximo jogo?
Infelizmente, ainda não podemos partilhar muita informação ou detalhes! Para criar um bocadinho de expectativa, podemos dizer que vamos embarcar numa nova aventura que, mantendo a identidade característica da AstralShift, vai seguir numa direção distinta daquilo que temos feito até agora.
O que dirias aos nossos leitores para os convencer a jogar Little Goody Too Shoes?
Se gostarem de jogos de aventura que misturam componentes de aventura, terror e romance, queremos convidar-vos a experimentar Little Goody Two Shoes. Trata-se de uma fusão de géneros que irá surpreender e satisfazer muitos jogadores, especialmente se estão à procura de algo novo para quebrar a vossa rotina. Com belos visuais, banda sonora totalmente original, e vários segredos e finais a descobrir, acreditamos que Little Goody Two Shoes vos irá impressionar!
Se quiseres, podes encontrar os jogos da AstralShift na tua plataforma de eleição, através das seguintes ligações: