Bakeru - Review - O poder do tambor taiko
Uma divertida viagem pelo Japão.
Originalmente lançado para a Nintendo Switch em exclusivo para o território japonês no fim de 2023, em menos de um ano a editora Spike Chunsoft publica no ocidente uma versão localizada e com pequenas melhorias que aprimoram a jogabilidade da versão mais antiga. BAKERU é uma produção da Good-Feel, estúdio japonês fundado por um antigo programador da Konami, que se notabilizou por um acervo de produções em consolas da Nintendo. Desde o mais recente Princess Peach: Showtime, passando por Kirby’s Epic Yarn, são distintas e múltiplos e distintos os jogos. É uma produtora que já demonstrou ser capaz de insuflar de cor algumas personagens como Wario, Kirby e Yoshi.
Desta vez, contudo, é uma narrativa original que prevalece em Bakeru, nome dado pela personagem principal, um guaxinim, ao título. Além disso, combina elementos da história, mitologias, festividades e contos japoneses num argumento leve mas bem servido, numa apresentação em jeito de banda desenhada. O estilo é esfuziante e depressa somos contagiados por aquele universo vibrante baseado em festividades e em certas tradições japonesas, nas quais é fácil a um interessado pela cultura nipónica encontrar pontos de interesse.
Porém, o Japão vive sobre a ameaça de espíritos maléficos, uns Yokai comandados pelo Oráculo Saitaro, que se serve de um festival bizarro para espalhar as suas tropas e comandar o país. Tendo o apoio de Sun, do Clan Issun, Bakeru entra numa aventura que o leva bem distante, ao longo de 47 perfeituras japonesas, derrotando as tropas festivaleiras e restaurando a paz no país do Sol Nascente.
O conceito do jogo compreende elementos de aventura e acção, numa navegação aberta em espaços representados por via tridimensional. Há muita inspiração nos jogos Super Mario em 3D, ainda que com segmentos mais simplificados. No entanto, não é de menosprezar a variedade de mecânicas e golpes com os quais o endiabrado Bakeru e o seu tambor taiko pode neutralizar e vencer gigantes robôs e adversários plenos de fantasia. Os mundos são coloridos, vibrantes e oferecem uma atmosfera dinâmica. O tempo é do Japão actual, já que muitos objectos são contemporâneos e facilmente localizados no tempo mas há uma componente histórica, de recurso à fantasia e aos contos tradicionais que emana sobretudo das festividades e criaturas.
A aventura é algo simples e fácil de assimilar até nos sentirmos confortáveis a jogar. As áreas são amplas e recheadas de pontos que urge visitar, à procura de coleccionáveis e alguns elementos que podem melhorar a performance e até transformar o seu corpo de modo a atingir áreas secretas. A maior parte do tempo é ocupado a defrontar criaturas e a superar os desafios de cada uma das 47 perfeituras. À medida que avançamos, novos e poderosos adversários são atirados para o nosso caminho. Ainda que o rumo seja bastante linear, é possível serpentear as áreas. Além disso foram integrados vários mini jogos que fogem da rotina e servem de desafios suplementares, com diferentes mecânicas, algumas a fazer lembrar Space Harrier, por exemplo.
O jogo começa na perfeitura de Tokushima. De referir que em todas as perfeituras existem torres onde se encontram alojadas criaturas maléficas. Para as derrotar, Bakeru terá que destruir as lanternas que mantêm a criatura aprisionada. O desafio consiste em vencer os inimigos que as escondem. Uma vez reduzidas a cinzas, há que vencer os colossais inimigos. O seu tamanho, a composição e a dinâmica de combate são quase sempre diferenciados e assentam em modelos distintos, tanto em tamanho como em poderes. É nestes momentos que o amplo conjunto de golpes de Bakeru e a sua capacidade para usar o tambor taiko são colocados à prova.
O sistema de combate não é complicado e tem como base os botões esquerdo e direito, com os quais é possível utilizar os dois braços de forma independente ou simultânea, como quem bate num tambor. Combinações são possíveis, usando o “timming perfeito”, seja para golpes fortes, com capacidade para derrubar vários adversários, seja para fazer “parry” em projécteis adversários e lançar um contra-ataque. As possibilidades são grandes e há destaque para dois novos ataques: o spinning top e o Hurricane. Além disso, Bakeru é capaz de transformar e herdar muitos poderes dos adversários, o que o fortalece e o deixa equilibrado nos poderes a que dá uso contra o próximo rival. Apesar do equilibrio na dificuldade não se pode dizer que seja um jogo difícil.
Em termos de apresentação e produção visual, Bakeru é um jogo bastante competente, com boa fluidez e uma boa construção dos níveis, assim como das personagens. Alguns efeitos poderiam ser mais vibrantes. Pensamos em como Okami é mais consistente neste aspecto. Mas a atmosfera visual e o colorido que sobressai nos festivais aproxima o jogo de uma animação, de um cartoon ou de uma banda desenhada. É pena que nalguns momentos de maior conjugação de movimentos e personagens haja uma oscilação na frame rate, contudo nada que ponha em causa o regular funcionamento do conceito de jogo.
Bakeru, não sendo dos mais notáveis jogos de aventura e acção em 3D que vão encontrar, é ainda assim uma aventura digna de observação, especialmente se procuram um desafio mais leve, divertido e equilibrado, sem grandes picos de dificuldade, mas com um bom sentido de missão e progresso, através de uma bacia imensa de poderes que tornam Bakeru um título proveitoso. É bom ver um jogo nestes moldes, fora das tradicionais personagens e séries. Ainda que cingido a um conceito regularmente explorado, a aventura é bem interessante.
Prós: | Contras: |
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