Batman: Arkham Asylum
Escondido por entre as sombras.
Podíamos muito bem começar esta análise com a introdução da praxe, onde dizemos que todos os jogos baseados em licenças não passam do nível medíocre, não havendo, portanto, grandes razões para os jogar. No entanto, se o fizéssemos estaríamos a mentir. Isto porque por vezes há uma minoria que consegue destacar-se por entre centenas de jogos. Batman: Arkham Asylum é um desses títulos, produzido pela Rocksteady Studios, que provou ser uma enorme surpresa e, adiantamos já, um dos jogos do ano.
A história, essa, não podia ser melhor, escrita pelo premiado Paul Dini, que já trabalhou em obras como “Perdidos” e séries animadas para a Warner Bros. e DC Comics. Escusado será dizer que estamos perante um enredo que faz inveja a muitos filmes do morcego, bastante imersivo que, por ser tão viciante, quase nos obriga a ficar colados ao ecrã até chegarmos ao fim do título.
Gotham City está constantemente sob ataque, mas desta vez é Joker que faz das suas. Deixando-se apanhar num ataque à câmara Municipal, é levado por Batman e por uma grande escolta policial para o asilo de Arkham. No entanto, isto era o que o vilão pretendia, e com a ajuda de um agente que passou para o outro lado da barricada, assim como da sexy Harley Quinn, Joker assume o poder do local, pondo em prática o seu plano macabro de criar um super exército de reclusos, com o objectivo de espalhar a destruição por Gotham e, obviamente, matar Batman.
Dito isto, controlando o famoso herói, o jogador terá de travar os planos de Joker, tendo para isso que entrar nos seus jogos. Mas apesar dos esforços do inimigo, Batman tem um vasto arsenal de habilidades que o ajudarão a passar os mais diversos obstáculos. A mais útil, e que será certamente a mais utilizada, é o modo detective, que nos dá informações vitais sobre o cenário que nos rodeia, como é o caso do número de inimigos presentes num local, se estão armados, o seu batimento cardíaco, itens interessantes, entre outros.
É uma ferramenta bastante útil, até porque algo que aprendemos desde o início do jogo é que ter uma estratégia bem definida é essencial para ultrapassar todos os obstáculos. Imaginem uma sala apinhada de inimigos armados. Como é óbvio, o nosso herói não pode manejar nenhuma arma de fogo, por isso só lhe resta os seus “gadgets”, que vão sendo adquiridos ao longo da aventura. Desta forma, para evitar uma morte rápida, temos de planear uma estratégia. Por exemplo, ao sairmos de uma conduta de ar, ligamos o modo detective e localizamos os inimigos presentes. Furtivamente, aproximamo-nos do adversário que se encontra mais próximo e matamo-lo silenciosamente, para de seguida aplicar um pouco de gel explosivo. Ao voltarmos para a conduta de ar, esperamos até que alguém dê conta do sucedido e chame o resto dos guerrilheiros. Com o grupo reunido é altura de causar a explosão, deixando-os, no mínimo, inconscientes por alguns segundos, o tempo necessário para os eliminar a todos.
É verdade que estas ferramentas nos dão de certa forma vantagem, mas não pensem que por isso o jogo será fácil, tornando-se monótono ao fim de algumas horas de jogo. Os desafios vão sendo cada vez maiores, e é necessário “moldar” a forma como trabalhamos os gadgets à nossa disposição. No entanto, a sensação de poder é simplesmente deliciosa. Quando os inimigos dão conta da nossa presença, mas não conseguem descobrir onde estamos, proferem frases como “ele simplesmente desapareceu!”, ou ainda, com um tom de desespero e frustração, “vamos ser os próximos!”. Nestas situações é impossível não esboçar um sorriso e termos a sensação de poder absoluto, já que sabemos onde estão todos os opositores e podemos controlar toda a acção, algo impossível em outros jogos, onde estamos sempre preocupados de onde pode vir o perigo.