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Battlefield 4 - Análise

A evolução da guerra.

O novo capítulo da série Battlefield já se encontra disponível, passaram dois anos desde BF3, e a questão a colocar é simples, será que foi o tempo suficiente para uma real evolução da série? Relembramos que o hiato temporal entre BF2 e 3 foi de 6 anos, onde pelo meio presenciámos diversas incursões, com o lançamento de títulos como Battlefield: Bad Company 2, considerado por muitos como um dos jogos mais equilibrados na sua componente multiplayer.

A associação desta série ao modo competitivo para múltiplos jogadores é tão natural que nada mais vem à nossa cabeça, mas a DICE continua a apostar numa campanha para um jogador, introduzindo algo mais ao pacote final. Desta forma consegue piscar o olho a quem gosta de uma história militar recheada reviravoltas, tiros e muitas explosões, em que somos o herói em destaque.

Nesta campanha somos Recker, e iremos percorrer vários locais na Ásia em batalhas frenéticas onde temos que matar tudo o que se mexe. A linearidade que nos é apresentada era de esperar, não há muito poder de escolha, temos que seguir em sentido único. É um desenrolar de acontecimentos que nada acrescenta ao que já foi elaborado em outras oportunidades. Não temos um momento diferente, inovador, digno de ser mencionado. É tudo muito banal e previsível, limitamo-nos a disparar com o arsenal que nos é disponibilizado.

Não fosse o fantástico grafismo apresentado estaríamos perante algo muito penoso de se jogar. Os cenários são na sua maioria de uma beleza acima da média, construídos de forma a mostrar todo o potencial do Frostbite 3. Em momentos chega a ser graficamente irrepreensível, com as caras dos personagens do mais real que já se viu, um assombroso poder de destruição dos cenários, e paisagens de cortar a respiração.

Mas mais uma vez é de questionar porque a DICE continua a apostar numa componente para um jogador sem que esta tenha qualidade suficiente. A campanha singleplayer é uma deceção de todo o tamanho, conseguindo ser inferior à de BF3. Não existe imersão com os personagens, não entramos verdadeiramente nos seus estados de espírito. A interação que é apresentada não convence, com fraca expressão corporal dos sentimentos relacionados com o que se está a passar em cada momento particular.

A acompanhar temos problemas técnicos que retiram qualquer seriedade a esta história. Temos problemas sonoros que vão desde inconsistências a nível do som ambiente, do som de algumas explosões e até em determinados momentos com os veículos. Há uma missão que controlamos um tanque de guerra, e por vezes o som deste deixa de ser audível. Também são presenciados momentos caricatos relacionados com a IA, tanto dos nossos companheiros como dos inimigos que por vezes não reagem à nossa presença.

Resumindo, temos uma campanha para um jogador que não deveria existir. São 6 horas perdidas de volta de algo sem nexo. Não ajuda para o modo multiplayer, não nos prepara para nada. Este modo é apenas entendido no sentido de oferecer algo que os jogos da concorrência também oferecem, é a única razão que encontramos para que se continue a insistir em criar algo tão vulgar.

Esquecendo completamente o que foi jogado na campanha, penetramos no que é realmente Battlefield 4, o multiplayer competitivo. O primeiro impacto que se tem, para quem vem de BF3, é que o jogo está diferente, mais rápido, mais intenso, menos tático. Mas não passa de uma ideia que desvanece com o tempo, quando entramos na sua lógica e nas suas mecânicas ligeiramente diferentes do anterior. Como sempre, é importante identificar como havemos de jogar, conhecer cada recanto dos mapas, explorar as potencialidades dos mesmos para as classes disponíveis.

Os mapas são mais uma vez estupendos, há para todos os gostos, com a dimensão que já nos habituamos, adaptando-se aos vários modos de jogo. Temos 10 mapas de uma beleza invulgar, o Frostbite 3 é fantástico, permitindo cenários ainda mais belos que BF3. Incrivelmente, esta nova versão corre com maior fluidez, é de notar uma maior otimização do motor de jogo que não exige tanto do hardware como anteriormente. De salientar também as mudanças climáticas no decurso das rondas em determinados mapas, são fantásticas e alteram de certa forma o desenrolar dos acontecimentos. Também não esquecer o tão badalado Levolution, em que a destruição de edifícios, represas, condutas de gás, etc., vai alterar por completo o mapa de jogo.

Os modos de jogo que podemos encontrar vão desde o clássico Conquest até ao Obliteration, que é um dos novos modos de jogo juntamente com o Defuse e Elimination. Temos modos que vão satisfazer todos os tipos de abordagem e formas de se jogar, desde batalhas recheadas de veículos em mapas gigantescos até modos onde apenas é permitida a infantaria. Voltamos a referir o modo Obliteration, que é fantástico. Este modo consiste em duas equipas que lutam pela posse de uma bomba, que terá que ser colocada em determinado ponto inimigo para ir destruído esses mesmos alvos. Battlefield continua fiel a si mesmo, com múltiplas opções de jogo, onde cada um de nós consegue encontrar algo que encaixe ao nosso modo de jogar. Esse continua a ser um dos pontos fortes da série. Se não gostas de veículos tens opções de jogo, se adoras uma boa batalha aérea BF4 satisfaz os teus desejos.

As classes são as mesmas, com pequenas alterações na jogabilidade e na sua evolução. Como exemplo temos a classe Support, onde agora há dois tipos de pacotes de munição a fornecer, um mais simples e outro mais completo que deverá ser desbloqueado. O leque de personalizações é agora também um pouco maior, tanto para as classes como para os veículos. De destacar que agora podemos personalizar um dos barcos de guerra.

Consideramos que estamos perante uma evolução da série onde mudanças subtis e novas adições conseguem demonstrar que foi dado um passo em frente. Um pormenor que à partida parece menos importante, mas que dá um maior leque de opções, é a maior atenção dada aos veículos aquáticos. Claro que já existiam e tinham a sua importância, mas desta vez são mais relevantes e preponderantes nos mapas onde estes existem. O bom manuseamento do Barco de Ataque torna-o numa arma muito poderosa. O multiplayer está mais completo que nunca, com imensas formas de influenciar verdadeiramente os embates. Temos mais opções, mais diversidade, mas personalização, mais armas, mais veículos, mais de tudo. A DICE não brinca em serviço.

BF4 dá continuidade ao que foi alcançado no capítulo anterior, mas ainda há um longo caminho a percorrer até que atinja a qualidade refinada pretendida. Relembramos que inicialmente BF3 não era o que temos atualmente, um jogo potencializado ao máximo com todas as melhorias introduzidas ao longo de dois anos. Mas os jogos não deveriam estar prontos no dia do seu lançamento? Claro que sim, é o que também nós pensamos, mas qual o jogo nos dias de hoje que está completamente pronto no dia que sai para as lojas? Podemos contar pelos dedos. Há que dar tempo a esta nova versão, com a chegada de mais mapas, correção e otimização de alguns parâmetros.

Battlefield 4 é imprescindível e teria que ser lançado, o monopólio nunca foi saudável, e este ramo não foge a essa regra de ouro. É bom para todos que haja competição entre diferentes franquias, para elevar a qualidade, para que não se caia na monotonia das reciclagens sem qualidade. Se ainda não deram o salto está na hora de o fazerem. Vemo-nos no campo de batalha.

9 / 10

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