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Beta de Call of Duty Modern Warfare 2 deixa preocupações

Ainda há esperança para a série?

A reta final de cada ano é acompanhada por lançamentos crónicos e algumas das franquias mais conhecidas reservam as suas entregas para este período, entre as quais está Call of Duty.

Assim tem sido há mais de uma década com sistemáticos lançamentos. Um novo COD chega sempre antes da época natalícia, preparando terreno para que seja uma das principais escolhas dos jogadores.

No próximo ano será quebrado o ciclo de lançamentos e não teremos um novo Call of Duty. Modern Warfare 2 (2022) é o único título reservado para os próximos dois anos.

3000 funcionários, mas ainda há reciclagem

Segundo a Activision, são mais de 3000 funcionários a trabalhar no jogo deste ano, o que é impressionante. A beta é a primeira amostra para se saber o que temos em mãos para os próximos dois anos. Obviamente, ainda está sujeita a correções e ajustes. As atualizações têm sido constantes, um sinal de que estão em cima do jogo e a fazer as mudanças necessárias.

Mas vamos então à minha experiência com esta nova versão. Estranhamente, é uma viagem até Call of Duty: Modern Warfare de 2019, herdando muitos dos aspetos desse jogo, alguns deles negativos. Desde um grafismo muito similar, a mesma movimentação, passando pelo som dos passos que está a um nível ensurdecedor, agora parecemos elefantes a correr pelo mapa. A decisão de transportar a experiência de jogo do título de 2019 é um tanto amarga, denota-se bastante reciclagem e algum desleixo para trazer até aos aficionados do modo Multijogador novidades frescas que o direcionem no caminho certo.

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Quais são as novidades de Modern Warfare 2?

Em termos de novidades, temos ajustes em pontos relacionados com as ferramentas que são disponibilizadas. Os Perks foram adaptados/reajustados, são apenas dois fixos e ativos inicialmente, o terceiro é ganho com o desenrolar da partida, e o quarto está ligado ao nosso desempenho durante a estadia nessa mesma partida. Ghost quase desapareceu, está lamentavelmente no quarto Perk. Já o amado Dead Silence faz parte do Field Upgrade e ganha-se com o decorrer da partida, não existe como um Perk. Outra adição é o Gunsmith 2.0, que sinceramente, é uma tremenda confusão, uma salgalhada que demora a entender o propósito da mudança.

No minimapa, existe mais um presente envenenado, os pontos vermelhos dos disparos das armas inimigas deixaram de existir (herdado de Modern Warfare 2019). A leitura tática dos embates através dos pontos vermelhos não é opção, uma questão a colocar à equipa de 3000 funcionários. Também existe uma alteração incompreensível no reload das armas. Não é possível cancelar o reload, assim que pressionamos a ação a animação não pode ser cancelada, apenas podemos trocar de arma e quando voltamos à que estávamos a fazer reload, a animação está lá em modo de pausa. São estas alterações que me fazem concluir que tudo o que é bom é retirado ou é incluído através de um esquema para dificultar ao máximo a sua utilização.

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Ao longo dos anos as funcionalidades, sejam elas mecânicas de jogo ou o comportamento e movimentação pelo mapa, são delineadas para um maior equilíbrio das partidas, para que todos se sintam bem quando jogam Call of Duty, mas essa linha está a bloquear a perceção de progressão no desempenho de cada um, muito devido à utilização do SBMM que junta em cada partida jogadores com estatísticas muito similares. A diversão no multijogador de COD acabou há já muitos anos, Modern Warfare 2 (2022) parece elevar a dificuldade em encontrar diversão para um patamar inimaginável.

Os mapas a que se tem acesso na beta são mais do mesmo. Alguns são até terríveis, demasiado confusos e de uma dimensão sem lógia aparente para os modos de jogo que são implementados. Com edifícios e divisões a mais, janelas e portas aos pontapés e muitas rotas para se avançar. Dos que joguei na beta, os meus preferidos são Farm 18 e Mercado Las Almas, que são obviamente os mais pequenos. Valderas Museum e Breenbergh Hotel são quase intragáveis, enormes, com demasiadas rotas, edifícios, buracos, etc. Não consigo entender esta linha de criação de mapas para o multijogador. Os fãs deste modo pedem coisas simples, mas os produtores parece que fazem o contrário do que se pede, entregam criações que não lembram a ninguém.

Sobre o modo na 3ª pessoa

Mas nem tudo é mau, temos a inesperada inclusão de um modo na terceira pessoa que funciona melhor do que eu estava à espera. Nessa perspetiva, há potencial. Resulta muito bem e denota-se que a perceção do mapa é superior devido à aumentada visão periférica, apesar do mecanismo um tanto incomodativo quando fazemos mira, que passa para o modo tradicional em primeira pessoa - é algo intrusivo. Também há novidades de modos de jogo, Prisoner Rescue e Knock Out. Não vi potencial nesses modos, são certamente de nicho ou até para eventos competitivos Esports.

Esta não é a versão final, mas parece que está muito perto. Será mesmo esta a experiência multijogador para o lançamento? Há muitas questões a dissecar na análise final. Estes dois anos podem ser penosos para os aficionados do multijogador, que a meu ver está em morte lenta desde há alguns anos, muito devido aos fatores já referidos. A satisfação de jogar Call of Duty tem desaparecido, muito pelas alterações impostas e delineadas por caminhos que vão ao encontro de se criar um planalto de desempenho. Todos iguais e com resultados idênticos.

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Muitas das questões que levantei são de quem joga Call of Duty desde a sua primeira aparição no longínquo ano de 2003 (havia multijogador feito por modders), sendo que a chegada do multijogador oficial foi apenas em Call of Duty 2. Estas observações menos positivas podem passar ao lado dos jogadores mais recentes e até aos que estão agora a chegar ao seu universo, que não experienciaram o que se tinha no passado. Pode agradar à camada de jogadores mais atual, certamente que é essa a direção tomada há vários anos.

A beta continuará já no dia 22, em formato aberto para as consolas PlayStation e fechada para a Xbox e PC. Fica posteriormente aberta a todos de 24 a 26 de setembro. Ainda temos alguns dias para a dissecar um pouco mais, mas o cerne do que foi preparado para os próximos dois anos já está concluído e terá modificações apenas a longo prazo. Serão meses de diversão ou uma penosa caminhada até que surja o novo título, em 2024.

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