Binary Domain - Análise
Tóquio futurista de Nagoshi convence.
O jogo obriga-nos a escolher constantemente entre os nossos companheiros de equipa. Na maioria das vezes, temos que escolher dois para formar uma equipa de três, havendo sempre dois que ficam de fora. A escolha não recai sobre com quem temos um melhor relacionamento, mas sobre as armas de cada um. Ao longo da campanha vão encontrar umas máquinas onde podem melhorar a vossa arma e a dos vossos parceiros. A melhor estratégia é escolher dois companheiros que preferem e melhorar as suas armas ao máximo, formando uma equipa maravilha. No entanto, devem ter em conta que nem sempre todos os companheiros estarão disponíveis devido ao enredo.
A campanha é bastante competente e para o género não se pode pedir muito mais que isto. O cenário é a cidade de Tóquio de 2080 e no decorrer do jogo ficarão a conhecê-la muito bem, desde os seus esgotos até aos arranha-céus. Esta missão dura sensivelmente 10 horas e mantém-se fresca ao longo desse período com reviravoltas, introdução de novos companheiros incluindo um robô francês altamente bem educado e cenas de ação cada vez mais incríveis.
O online é outra surpresa sendo uma das experiências mais agradáveis que pude desfrutar nos últimos tempos, e por uma razão apenas, porque simplesmente funciona sem qualquer problema. Não há latência, nem problemas de ligação e o matchmaking é rápido e eficaz. São coisas simples mas essenciais para uma experiência decente, e não é raro ver outros jogos do género a falhar neste ABC.
Os modos são abundantes e variados, porém, não há realmente nenhuma novidade sendo todos eles herdados de outros jogos. Num género tão sobre-lotado como este, é sempre difícil pensar em algo. Nos sete modos incluídos há claro os tradicionais mas que nunca cansam Deathmatch (disfarçado com o nome Free For All) e Team Deathmatch, a variante Team Survival, e Data Capture que é basicamente um Capture the Flag. Outros modos menos comuns incluem Demolition, em que é necessário encontrar as bombas e plantá-las na base inimiga, e Domain Control, onde terão que controlar várias posições de um mapa. Por fim há o Operation, um modo que as duas equipas competem entre si para cumprir os objetivos pedidos.
Em adição a esta boa dose de modos, há 50 níveis para subir que desbloqueiam power-ups para equiparem. Normalmente sou contra a progressão por níveis no multijogador online devido ao grande desequilibro que criam entre jogadores de nível mais baixo e elevado. Em Binary Domain esse desequilíbrio é muito menor devido à natureza dos power-ups e também porque as armas são iguais para todos, independentemente do nível. Só depois do jogo começar é que se torna possível adquirir outras armas com o dinheiro ganho ao eliminar os outros jogadores.
Antes de se debruçarem no multijogador online, terão sempre que escolher uma classe que requer por consequência uma forma de jogar diferente. As cinco diferentes classes (Heavy Gunner, Recon, Special Operations, Demolitions e Assault) dão uso às diferentes armas do jogo, pelo que sempre que quiserem mudar de tipo de arma, terão que necessariamente mudar de classe. Felizmente podem mudar sempre que morrerem.
A complementar os modos competitivos, Binary Domain oferece o modo cooperativo para quatro jogadores Invasion. Mais uma vez, não há qualquer novidade. O nome é diferente, mas o que temos aqui é o modo Horde de Gears of War que já se tornou um padrão dentro do género. Terão que aguentar com hordas de robôs cada vez mais difíceis à medida que a munição se torna cada vez mais escassa. Chegar é horda final é um autentico pesadelo e requer que todos os quatro jogadores saibam muito bem o que estão a fazer. Se um deles morrer, é meio caminho andado para a derrota.
No que toca aos gráficos, o detalhe apresentado nos robôs é excelente. À medida que disparamos vemos claramente as diferentes peças a cair ao chão e a expor o esqueleto mecânico do robô. Nas personagens vemos sempre todo o equipamento que transportam, por isso quando chega a altura para mudar de arma esta não surge simplesmente do nada como já se tem visto em outros jogos. Não consigo, no entanto, deixar de reparar que Binary Domain exagera demasiado no cinzento. Outras cores, nem que fossem em pequenas quantidades, só lhe fariam bem para ajudar a quebrar a rotina.
Não era suposto Binary Domain ser assim tão bom, mas a questão é que o é, sendo uma surpresa agradável nestes primeiros meses de 2012. O sistema de comunicação é uma ideia interessante, mas precisava de ser melhor desenvolvida, e a relação com os companheiros de equipa é muito limitada quando comparada com Mass Effect. Não esperem encontrar nada de novo em Binary Domain. O que podem esperar é um third-person shooter altamente polido, elevadas doses de ação e diversão irracional de desfazer robôs com uma rajada de tiros. Na verdade, não consegue estar bem no mesmo nível que as referências do género, contudo, não ficou muito longe, e tendo em conta que é um título novo, há que reconhecer que é um resultado que merece respeito. Fica o aviso de Nagoshi para os ocidentais de que os japoneses não estão para brincadeiras, e se não tiverem cuidado, ainda lhes passam a perna sem que se apercebam.