Bit.Trip Presents Runner 2: Future Legend of Rhythm Alien - Análise
Proeminente corredor.
Runner 2 contempla cinco mundos divididos por dezena e meia de níveis. Entre percursos secretos e níveis clássicos, são mais de 120 níveis para percorrer ao todo, algo que nunca será atingido em menos de umas 5 a 6 horas, sendo que o tempo gasto também depende da dificuldade escolhida. O valor de repetição pode ser encontrado especialmente a uma segunda provável volta, quando nos sentimos mais confiantes e conhecedores das mecânicas de jogo. Melhorar as pontuações é algo tão irresistível como essencial para cravar uma marca pessoal.
Felizmente, Runner 2 não oferece só uma variedade de mundos. Às diferentes definições de apresentação de cada mundo, acrescem outros elementos que tornam menos previsível o ritmo dos níveis. Nalgumas partes, a personagem terá de avançar por uma estrutura oval, o que nos levará a rodar o botão analógico por forma a recolher o respectivo tesouro. Outro processo algo similar acontece quando a personagem avança para o interior de uma estrutura rectangular e ao passar pelos diversos ângulos é necessário pressionar os botões do GamePad numa ordem dentro do tempo limite. Ao fazê-lo ganha-se mais alguma pontuação. Por outro lado, no último nível de cada mundo existe uma "boss fight" que se estende por três sequências. Neste caso e ao contrario dos outros níveis que possuem um "checkpoint" intermédio que serve de ponto de gravação, existem dois pontos de gravação. Ao contrário dos outros níveis, não existem tesouros para recolher e o resultado disso manifesta-se na pontuação, quase sempre na ordem das centenas.
É pena, de resto, que a Gaijin Entertainment não tenha dado uso à propriedades tácteis do GamePad. Podendo ser desfrutado no modo off-TV, não existe mais nenhum outro aproveitamento das funções disponíveis, resultando num potencial por aproveitar. Felizmente podemos encontrar alguns níveis de produção clássica. Ao chocarmos contra uma espécie de cartuchos Famicom, somos directamente encaminhados para uma produção 8-bit, num revivalismo retro que assenta como uma luva neste domínio. A jogabilidade é a mesma, mas os créditos estão limitados a três tentativas, pelo que terão de ser cautelosos e eficazes. Como a entrada nestes níveis acontece de rompante, até fica a sensação de termos chocado contra um bug, ou que simplesmente aconteceu algum crash.
Runner 2 não impressiona menos no design dos mundos. Apesar da perspectiva em 2D, os cinco mundos foram construídos em 3D, projectando mais profundidade aos níveis. Com cenários como construções nas nuvens, praias paradisíacas, bosques densos e secções industriais, o último mundo revela-nos um cenário de inspiração informática. Todos funcionam muito bem e marcam sobretudo pelas fortes sonoridades que lhes estão associadas.
Créditos para Charles Martinet, a supresa do jogo, o narrador de uns breves slogans e de uma narrativa que raramente se torna preponderante. Da pessoa que dá voz a Super Mario, é quase uma lufada de ar fresco descobri-lo no seu registo vocal do dia-a-dia. Faz falta escutar esta voz em mais produções, pois fora do contexto dos efeitos que acrescenta exclusivamente para a Nintendo, o seu potencial de locução ultrapassa a fronteira da mera competência.
É interessante descobrir em Runner 2 como acções, plataformas e música se ligam tão bem, talvez fruto do trabalho afincado da Gaijin em fazer uma sequela marcante. De arquitectura ondulante e musica penetrante, o sincronismo das nossas acções em certas fases é acompanhado por um maior vigor musical. Apesar dos recuos provocados por um choque que nos levam a voltar ao ponto de começo ou ao checkpoint intermédio, é como se esse atraso nunca fosse um prejuízo irremediável, mas sim uma tentativa para completar o desafio. No final, Runner 2 dá sinais de ser mais do que um jogo de ritmo. Isso não está errado, como não é menos certo o equilíbrio dos seus elementos, que até nos fazem esquecer os limites das nossas acções. E por isso é que não nos importamos nada de voltar ao ponto de partida