Blade & Soul - Análise
As artes marciais finalmente chegaram ao Ocidente.
Se nos últimos cinco anos estiveste atualizado sobre quais MMORPGs viriam para o ocidente, poderás, com certeza, lembrar-te do dia em que viste o primeiro gameplay de Blade & Soul em 2012. Com o seu trailer demonstrou ter um sistema de batalha tão dinâmico quanto um jogo de luta, uns gráficos tão bonitos como os jogos vistos nas consolas da geração da época, e uma grande variedade de escolhas para a criação da personagem.
Blade & Soul é um MMORPG de ação cujo seu tema principal é o folclore coreano e as artes marciais chinesas. Foi anunciado que sairia no Ocidente, mas nenhuma data foi dada e o próprio website oficial do jogo para o ocidente esteve inativo durante três anos e meio. No fim de 2015 finalmente foi anunciada a sua beta fechada que apenas suportaria um número limitado de jogadores. Um pouco mais tarde a sua data de lançamento foi revelada, ficando marcada para 19 de Janeiro de 2016.
Contudo, neste momento a pergunta que estará na cabeça de todos deverá ser esta: Será que o jogo valerá a pena ser jogado depois de tanto tempo de espera e de hype adormecido?
O jogo disponibiliza quatro raças à nossa escolha: os Gon, os Lyn, as Yun, e os Jin. Algumas raças são por vezes fáceis de distinguir dados os seus atributos físicos facilmente visíveis. Apesar da criação de personagens ser muito flexível, todas as raças têm os seus atributos visuais básicos. Para exemplificar, os Lyn são os mais fáceis de distinguir das restantes raças devido a serem baixos por natureza, terem orelhas enormes, e um ar mais adorável.Os Gon são por definição mais altos, musculados, e com uma expressão mais séria, entre outros atributos visuais mais sugestivos. Os Jin são a raça mais idêntica à clássica raça humana. São mais pequenos e com menos atributos físicos do que os Gon, porém, são maiores e fisicamente mais desenvolvidos do que os Lyn.
Terminando com as raças sobra-nos as Yun, que são uma raça de um sexo só. As Yun são difíceis de distinguir muitas vezes das mulheres Jin e em certos casos das mulheres Gon, pois elas não são tão básicas nem tão extravagantes em termos de aparência física, contudo, apresentma-se como sendo uma raça que está mais em sintonia com a Natureza. Todas estas raças têm os seus prós e contras. Por exemplo, os Gon podem ter mais força física, enquanto os Lyn são ligeiramente superiores em ataques rápidos.
Além das raças, como é normal num MMORPG, existem as classes que, de preferência, sejam mais fáceis de distinguir e de diferentes dificuldades. As classes em Blade and Soul são distribuídas atentamente de acordo com a história e as capacidades físicas de cada raça, não excluindo o facto de que existem classes exclusivas para uma ou outra raça. Começando com o exemplo do Blade Dancer, uma classe exclusiva dos Lyn, consiste em ataques extremamente rápidos e de alta mobilidade usando uma espada para atacar e desviar os golpes inimigos.
A Assassin é a classe exclusiva para os Jin. Mais uma vez, é uma classe que dá uma certa notoriedade à rapidez do utilizador, porém, como os Jin são maiores do que os Lyn, usam técnicas que recorrem às sombras, venenos, explosivos, e facas. Quase tudo para ser um ninja, faltando apenas os shurikens. Para usar o total da força física temos o Kung Fu Master, a classe mais difícil do jogo. A Kung Fu Master pode ser usada por todas as raças exceto os Lyn, pois a extrema força e precisão desta classe exige imenso cuidado com o dano tomado e precisamos de deflectir ataques com a máxima exatidão.
"O jogo disponibiliza quatro raças à nossa escolha: os Gon, os Lyn, as Yun, e os Jin"
Para os que gostam de carregar armas gigantes e pesadas, a classe Destroyer é uma ótima escolha. Afinal de contas porque não usar a força bruta quando temos inimigos a mais no nosso ecrã? Vale lembrar que esta classe é a segunda mais fácil de jogar; a personagem é resistente, os ataques apesar de lentos são fortes, e evidentemente que esta classe é exclusiva dos Gon.
A classe Blade Master é uma classe que, apesar de também requerer uma espada como os Blade Dancers, marca bem a sua diferença, e não é por ser exclusiva para os Jin e as Yun. Para termos uma boa ideia, o Blade Master é quem utiliza a espada tanto para atacar como para defender. Este usa ataques que não são tão rápidos como os dos Blade Dancers e usa contra ataques como os Kung Fu Master, porém, a sua característica marcante são as Battle Stances que mudam exatamente o tipo de habilidades que o jogador deverá usar.
Passando para as classes de ataque à distancia, temos inicialmente o Force Master, que é uma pequena mistura do clássico mage com um shaman, isto devendo-se ao facto de que eles podem alternar entre elementos nos seus ataques que são usados a uma distância segura. Os ataques dos Force Masters podem ser bastante fortes, mas os utilizadores são pouco resistentes ao dano, apesar de poderem ser Gon, Yun ou Lyn.
Terminando com as classes, temos a mais fácil de jogar, os Summoners, tendo como utilizadores unicamente os Lyn. A técnica desta classe é simples, pois com esta temos acesso a um animal de estimação que é conhecido como Familiar, que causará uma boa percentagem do dano enquanto o Summoner terá que o ajudar com certas habilidades para que a batalha seja ganha rapidamente.
Todas estas classes estão perfeitamente harmonizadas com as raças destinadas, contudo, não estão tão bem equilibradas como poderiam estar para jogadores de PVP. Um Summoner facilmente pode passar a perna a um Blade Master pois a maior parte do seu dano é destinado a um único alvo. Um Assassin pode muito facilmente derrotar um Forcemaster devido às suas habilidades de evitar dano direto. Tirando estas pequenas lacunas, o PVP poderá ser muito divertido, ainda mais fazendo uso do bom sistema de combate ativo que o jogo tem. Pode não estar tão polido quanto queríamos, mas ainda pode de ser melhorado com futuras atualizações.
No que toca ao PVE, Blade & Soul não traz boas notícias. A não ser que gostes de quests extremamente repetitivas e com pouco fundamento, vais passar um mau bocado. Em muitas destas quests vão-te pedir para matares um certo número de monstros, ou que transportes X pedras para aqui ou acolá, e ainda outras que te exigem algo que está dentro de uma dungeon, seja um objeto específico ou a morte de um boss.
As dungeons em Blade & Soul mostram muito pouca dedicação e carácter. Quase todas elas parecem iguais, são pouco marcantes, têm inimigos muito genéricos, e bosses mais descolados do que um autocolante que já foi usado. Apesar de desafiantes para quem as faz sozinho, as dungeons são extremamente pequenas e todas se assemelham a uma genérica gruta onde nada de interessante acontece dentro dela, e encontram-se soldados a andarem na sua zona programada para atrair mais inimigos para cima do jogador.
Um ponto positivo deste jogo é que, apesar de ser Free-to-Play, não é Pay-to-Win. Quase todos os items que podem ser comprados na loja são puramente estéticos e em nada influenciarão a experiência. A estética também toma um grande lugar em Blade & Soul, não por algumas roupas em personagens femininas serem sugestivas, mas porque muitas vestimentas que podemos usar marcam-nos como membros de uma certa facção, e obviamente onde há facções há inimigos. Só o facto de estares a usar uma certa roupa numa zona que é mais povoada por pessoas de uma facção inimiga à tua pode te colocar em perigo. É um bocado desajustado para um MMO mas ainda com a sua lógica. Infelizmente as roupas não dão benefícios de estatísticas à personagem.
As estatísticas são conseguidas através de armas, colares, anéis, e outros acessórios como é o caso dos Soul Shields que, quando combinados, beneficiam a personagem com mais estatísticas. Apesar de equipar a personagem ser um factor muito comum nos MMO's, Blade & Soul faz com que as armas e outras peças de equipamento não sejam obtidas tão frequentemente. Em vez disso obriga-nos a evoluir as armas que já temos, o que é bom para nos obrigar de facto a ter cuidado com as suas reparações e utilização, e para que nos venha um sorriso à cara sempre que recebemos uma arma nova muito mais forte.
"O combate é muito repetitivo em golpes e combinações"
Em termos de história o jogo tem um melhor desenvovlimento do que muitos outros MMOs. É longa, acompanha o level cap, tem reviravoltas pelo meio, no entanto, ainda poderá ser mais expandida no futuro com novas atualizações e/ou expansões. A história começa com a nossa personagem a acordar na escola de artes marciais Hoongmoon que se situa no céu. Aqui teremos que fazer pequenas tarefas enquanto aprendemos os básicos das habilidades nas nossas classes e exploramos um pouco do que se passa à nossa volta. Pouco depois a escola é atacada por Jinsoyun, uma ex-aluna da escola que estava presumidamente morta, mas volta para destruir a escola, matar os estudantes, e roubar uma espada conhecida como Twilight Edge, sendo o jogador o único a conseguir escapar desta situação.
A musica está devidamente apropriada para o ambiente. Durante o nosso tempo na Hongmoon School podemos ouvir uma musica bastante calma, leve e com uma sensação dezen, mas logo quando entramos em combate, algo mais pesado e grave toca de maneira a fazer o jogador sentir-se ameaçado ou em perigo.
Uma conclusão que podemos tirar de Blade & Soul é que é um jogo com um bom mapa e uma boa maneira de transporte rápido, mas infelizmente para algumas pessoas, as famosas montadas não estão disponíveis e o sprint do jogador esgota-se muito rápido. O jogo tem o seu charme oriental com uma bela captação das artes marciais. Realmente faz-nos sentir isso enquanto lutamos para alcançar o nível máximo do jogo, pois alcançar o nível 45 (e futuramente 50) não é fácil, principalmente para quem joga sozinho. Apesar de algumas censuras, tem ótimos gráficos até mesmo para os dias de hoje, mas isso não safa as lacunas que o jogo sofre no PVE, que é repetitivo, pouco flexível e exige muito grind. Felizmente o PVP não sofre do mesmo problema. O combate é muito repetitivo em golpes e combinações, o que irá causar algum tédio depois dos primeiros 15 níveis.