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Blasphemous 2 - hino à adrenalina

Mais um espetacular teste à destreza.

Crédito da imagem: The Game Kitchen
Um metroidvania cuja estética te faz pensar nos clássicos, mas cuja metodologia é inspirada nos Soulslike, que tanto marcam a atualidade. É um jogo altamente difícil, que exige total concentração e dedicação à superação do desafio

Blasphemous 2 chega quatro anos após o aclamado esforço da espanhola The Game Kitchen, e tal como esse primeiro jogo, temos aqui uma nova simbiose entre elementos clássicos Metroidvania e novas mecânicas oriundas dos Soulslike. Vivemos realmente numa era em que a japonesa FromSoftware está a inspirar todo o tipo de equipas no mundo, que usam conceitos atualmente populares para expandir o alcance de outros géneros.

Inspirado pela cultura espanhola e pela Igreja Católica, Blasphemous 2 usa pixel art para te transportar para cenários austeros que representam muito bem um gameplay difícil. Os teus reflexos serão constantemente testados, terás imensas tentativas e erro na exploração dos locais, labirintos na forma de um metroidvania side-scrolling de inspiração 16-bits a relembrar os clássicos Castlevania da Konami, e claro, os inimigos sem misericórdia.

Blasphemous 2 pode ser descrito com essa palavra, austero, com um gameplay rigoroso e cuja progressão é conquistada a pulso. Se a ideia de um Castlevania da década de 80/90 combinado com metodologias Soulslike te soa bem, então prepara-te, pois, Blasphemous 2 é tudo o que procuras. Para os fãs do original, é tudo o que queriam.

Ao jogar Blasphemous 2 foi fácil sentir que estava a jogar um metroidvania dos anos 90/2000, mas com um forte foco na dificuldade dos adversários e bosses para sentir que qualquer inimigo te pode derrotar. É a era dos Soulslike, com XP e recursos para ganhar, que podes perder a qualquer momento. Isto força-te a ter mais cuidado ao saltitar pelos cenários e a escolher bem os inimigos que queres enfrentar. Com um hub onde podes obter melhorias nas lojas ou desbloquear novas habilidades, Blasphemous 2 torna-se numa boa ponte entre o passado e o presente.

A equipa desenhou o jogo para transmitir total sensação de mérito ao jogador, seja ao vaguear pelos cenários na tentativa de descobrir o caminho, algo que até se poderá tornar um pouco irritante quando te "enganas" várias vezes seguidas e tens de fazer back-tracking, ou no combate contra todo o tipo de inimigos. Com uma estética que consegue vários momentos impressionantes, Blasphemous 2 é realmente um jogo com um forte propósito, desafiar-te a repetir várias vezes as secções até conseguires.

No seu melhor, Blasphemous 2 torna-se numa experiência de grande adrenalina. Ao usar as várias armas, a defesa e as habilidades de cada uma delas, conseguirás criar a memória muscular que um jogo destes exige e isso torna-se gratificante. Superar secção difícil atrás de secção difícil, desbloquear atalhos e executar os contra-ataques devastadores que enaltecem o tom de risco vs recompensa de um Soulslike, é muito divertido. É fácil sentir que Blasphemous 2 é um daqueles jogos com muitos méritos e quanto mais te dedicas, mas recompensado te sentes.

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No entanto, existem dois elementos específicos que podem fragilizar os planos da equipa, algo cuja perceção variará de pessoa para pessoa. Um dos elementos é a artificialidade na dificuldade. Existem diversas secções, especialmente aquelas nas quais ficas fechado e tens de eliminar vários inimigos antes das portas se abrirem, que evidenciam como Blasphemous 2 foi desenhado para ser difícil a todo o custo, mesmo que a tua diversão seja o preço. Alguns movimentos dos inimigos e o design de algumas zonas aumentam de forma artificial a dificuldade e poderás sentir que lhe escapa a preciosa sensação de justiça no gameplay que é vital a estes jogos.

O outro elemento está relacionado com a navegação pelos labirintos que são os cenários de Blasphemous 2. A The Game Kitchen focou-se tanto na austeridade da experiência que por vezes isso a prejudica. Navegar pelos cenários para perceber repetidamente que não podes progredir pois só o poderás fazer quando desbloquear uma habilidade específica (o padrão metroidvania) acontece demasiadas vezes e quebra o ritmo.

Blasphemous 2 é o perfeito exemplo de um jogo feito à imagem dos clássicos de outrora, mas totalmente ciente dos contextos atuais. Enquanto metroidvania, é um jogo que se diferencia pelas suas imagens e temáticas, mas a dificuldade do gameplay e a exigência que coloca sobre ti estão dentro do que já estás habituado. Numa era em que a FromSoftware inspira cada vez mais talentos, Blasphemous 2 é mais um belo exemplo de estúdios indie a seguir os mestres.

Prós: Contras:
  • Não existe qualquer hand-holding
  • Metroidvania difícil e que exige a tua atenção
  • Boss fights que te forçam a aprender padrões e testam reflexos
  • Sistema de combate divertido, simples de aprender e difícil de dominar
  • Estilo visual repleto de bons momentos
  • Existe alguma artificialidade na dificuldade de várias zonas
  • O ritmo de progressão sofre quando passas muito tempo a tentar perceber para onde ir

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