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Bloodstained Ritual of the Night - acção 2D clássica - Antevisão E3

Criador de Symphony of the Night acredita no sucesso do género metroidvania.

Com o abandono da icónica série Castlevania por parte da Konami e de outras propriedades que ao longo de décadas ganharam projecção pela sua apresentação 2D conjugada com acção e puzzles, muitos fãs perguntaram o que faria Koji Igarashi, lendário produtor de alguns dos melhores Castlevania, como Symphony of the Night?

As histórias de produtores que simplesmente abandonaram os videojogos e ingressaram noutras actividades, depois do fecho de muitos estúdios (em especial os shmups) tornaram-se abundantes no Japão, país onde a indústria mudou imenso na última década. Com mais de 50 anos, Koji Igarashi podia hoje estar envolvido noutra actividade, a fazer outra coisa qualquer no Japão, mas não. Depois de deixar a Konami, sentiu que ainda podia dar mais ao género de acção e puzzles em 2D, não só por causa da nostalgia dos clássicos mas porque entende que muitos jogadores apreciam o género "metroidvania". Basta atentar na quantidade de títulos "indie" que se servem dos clássicos como influência.

Desmerecendo o estatuto de clássico, IGA, como também é conhecido entre quem com ele convive e sabe da sua carreira, criou um projecto "kickstarter" em 2015 no qual visava a recuperação de um regresso ao género "metroidvania", solicitando 500 mil dólares para o efeito. O pedido excedeu as expectativas e ao fim de algum tempo foram arrecadados mais de 5 mil dólares. O projecto avançou e a produção a cargo da IntiCreates depressa começou a ganhar forma, com provável data de lançamento para 2017.

O baptizado Bloodstained Ritual of the Night é toda uma aventura de plataformas, acção e perspectiva 2D, bem ao jeito dos clássicos Castlevania, enquanto que morde os calcanhares aos jogos de acção como Bayonetta ou Devil May Cry, dado que as personagens se encontram modeladas em 3D e só a perspectiva bidimensional confere o aspecto típico dos clássicos.

A boss battle é o maior desafio na demonstração e um prelúdio para o que nos espera na versão final. Entretanto saltem para o vídeo e vejam toda a demonstração.

Relegado o lançamento para 2018, muitos fãs abeiraram-se de alguma desilusão, com base nos receios de Mighty Nr. 9, também um projecto fundado no "crowdfunding", com a direcção do japonês Inafune (criador de Mega Man), que no entanto falhou em cumprir as expectativas. Depois de experimentarmos uma generosa demonstração esta E3, no espaço da 505 games, a editora responsável pela distribuição do jogo, parece-nos que não é caso para haver receio. Antes pelo contrário, Bloodstained Ritual of the Night pode bem vir a ser um caso de sucesso, contando o tempo que ainda tem pela frente o estúdio até ao próximo ano.

A demonstração pode entretanto ser visualizada na sua plenitude em vídeo, já que nos foi dada a possibilidade de captura de "gameplay", o que desde logo demonstra a segurança da editora em mostrar o ponto da situação relativamente ao desenvolvimento. Importa sublinhar que a área apresentada não corresponde ao começo do jogo, permanecendo a narrativa um pouco no segredo dos deuses, embora IGA nos tenha dito (numa entrevista a publicar adiante) que haverá mais personagens controláveis.

Certo é que neste segmento levado para a E3 controlamos Miriam num mundo complexo e labiríntico bem à imagem dos jogos de Igarashi, com imensas elevações, plataformas, progressões horizontais e verticais e algum "backtracking". A isto acresce um incremento das magias e poderes da personagem, com destaque para a habilidade que lhe permite usar a barra de magia para lançar uma espécie de projécteis de fogo. Algumas habilidades são essenciais para ultrapassar certos obstáculos, embora não tenhamos visto muitos desses puzzles nesta demonstração.

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Os poderes e habilidades adquiridos são apresentados através de uma pequena descrição e "modus operandi". A sua aplicação é muito intuitiva e prática. A subida de nível ocorre a dada altura, depois de quebramos mais "shards" e observamos o crescimento da personagem, mais habilitada para combater os monstros que encontra adiante. É natural que passem alguma parte do tempo a seguir vários caminhos. O mapa revela-se à medida que progridem e avançam, o que é desde logo um convite à exploração, com vários percursos alternativos e zonas de acesso a áreas secretas. Normalmente é recompensado o melhor dos exploradores e combatente, considerando que os inimigos fazem "respawn" sempre que voltam atrás.

O crescimento da personagem é constante e ao fim de algum tempo tem à sua disposição um conjunto muito alargado de habilidades que permite uma boa gestão das lutas. Parece-nos que a dificuldade foi um tanto suavizada. Nos jogos Castlevania é habitual sentir mais agruras e espinhos neste trajecto, que nos pareceu um pouco mais facilitado, mas nem por isso menos desafiante e interessante do ponto de vista do design, com áreas apetrechadas e repletas de elementos nostálgicos, como os candelabros que podemos desfazer em troca de algumas moedas. A acção é boa e fluída, com bom desempenho mesmo na "boss fight", talvez o melhor teste à nossa capacidade. A batalha reveste-se de um particular design, em especial a personagem que confrontamos.

Embora estejamos longe da versão final, a demonstração mostra-nos um jogo muito maduro e eficiente, bem cuidado em termos de mecânicas de combate e performance. É talvez o espelho daquilo que IGA mais quer atingir depois dos progressos e êxitos com a série Castlevania. Bloodtstained é o jogo para os mesmos fãs de sempre e, se tudo correr como prevê, não desapontará, mas falta saber até que ponto esta nova aventura poderá suplantar os feitos do passado.

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