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BoxBoxBoy - Análise

Uma caixa cheia de boas surpresas!

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Uma produção minimalista e amorosa, recheada de valiosos quebra-cabeças. Provém na linha do anterior mas a receita de sucesso é a mesma.

À primeira leitura o nome desta produção criativa e altamente divertida do estúdio nipónico Hal Laboratory confunde-se quase com uma comunicação via rádio de uma equipa de Fórmula 1 para um seu piloto no sentido de rumar à boxe para uma mudança rápida de pneus. Mas não. BoxBoxBoy é sequela de BoxBoy, lançado o ano passado para a Nintendo 3DS, a portátil da Nintendo que, apesar da sua idade, continua a receber novidades todas as semanas. BoxBoy é capaz de ser dos jogos mais curiosos que me passaram pelas mãos nos últimos anos. Um jogo aparentemente simples, dotado de uma estética minimalista, quase todo a preto e branco, muito geométrico e vincado. Tem tudo para desagradar a uma grande maioria e ao mesmo tempo é capaz de desafiar a tese de que só gráficos, jogabilidade complexa e mundos abertos é que mandam. Agrada-me que certos estúdios não deixem de arriscar em fórmulas arrojadas como esta, mesmo quando o que vemos no ecrã parece simples, numa clara aposta do conteúdo sobre a forma.

É que para lá daquela simplicidade esconde-se um dos mais autênticos jogos de puzzles. A personagem principal é uma pequena caixa - um quadrado se quisermos - com duas pernas (dois traços) e dois olhitos (duas pintas). Mesmo assim consegue transmitir uma imensa expressividade. Podendo saltar entre plataformas o truque ou "plot" da jogabilidade está na capacidade que esta personagem tem de criar caixas, podendo usá-las para criar um degrau que lhe permita chegar a uma zona superior ou atravessar plataformas muito separadas e com espinhos entre elas. Rapidamente os puzzles passam da simples sessão de aprendizagem, com indicações básicas sobre a jogabilidade, para níveis avançados, recheados de obstáculos um tanto mais complexos de ultrapassar. Apesar de não ser um jogo muito longo, BoxBoy marcou-me. Um ano depois a sequela volta a surtir efeito.

Podem gastar alguns créditos por nível antes de perderem os bónus.

BoxBoxBoy começa pelo final do jogo anterior. É uma boa decisão. Não separa a audiência e ainda pisca o olho aos novos utilizadores no sentido de experimentarem o título anterior. Como resultado temos uma experiência progressiva, sem alterações drásticas na fase inicial, oferecendo uma transição suave e na qual se insere a componente de aprendizagem através de uma curva de dificuldade acessível a todos os jogadores, sejam eles veteranos ou casuais.

Qbby é o nome desta amorosa caixa e com ela somos postos à prova ao longo de mais de dez mundos, compostos por diferentes níveis e cada um recheado de diferentes obstáculos, ameaças e todo um tipo de desafios que requerem não só concentração mas uma propensão para contemplar diferentes perspectivas. Só que agora há uma diferença significativa. Enquanto que anteriormente só podíamos criar um conjunto de caixas (duas ou mais interligadas), agora é possível criar dois conjuntos o que potencia situações mais complexas. As ameaças podem surgir através de espinhos entre plataformas, raios laser e muitas vezes é imperioso atravessar os blocos em suspensão, criar degraus e activar certos interruptores. Depois de criado podemos sempre empurrar o bloco numa direcção. Mas se experimentarem resolver os puzzles e falharem mais do que quatro ou cinco vezes perdem alguns bónus como as coroas.

Além disso, ao completarem um nível ganham medalhas que poderão trocar por uma série de coisas como músicas, comics e acessórios para a vossa personagem. Nada de muito profundo ou substancial (os comics têm quatro páginas) mas naquela estética minimal e geométrica, concedem uma vida e particular carácter ao jogo.

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Impressionante a gama de puzzles. Os primeiros mundos completam-se com mais ou menos dificuldade. Por vezes a situação é tão óbvia e flagrante que a nossa intuição para o complexo tolda-nos a visão. Só depois de gastarmos algumas medalhas para desbloquearmos uma dica é que ficamos com a horrível sensação de que afinal era tão fácil e podíamos ter poupado aquele pecúlio para os puzzles bem mais desafiantes. Importa não deixar de lutar pelas coroas, pois elas oferecem um bónus imprescindível em termos de pontuação.

No fim, apesar da estética original que há nesta composição quase feita à mão, é nos puzzles que a nossa cabeça vai de encontro e aqui encontrá-los-emos sob as mais diferentes perspectivas, constantemente dando sequência a novas mecânicas e perspectivas que mostram como as situações podem ir do mais simples até à tarefa mais árdua. Não será por isso um jogo indicado para grandes sessões. Normalmente um ou dois níveis por dia são suficientes para afiar o intelecto, ainda espalmado à primeira luz do dia. Provém na linha do título anterior, pelo que as semelhanças são berrantes, mas é um jogo tão bonito, assente nas velhas plataformas 2D e conceptualmente engenhoso, capaz por isso de desafiar a nossa mente, que não vemos como escapar a esta proposta do Hal Laboratory.

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