Brink
Arca com furos comprometedores.
As classes não só podem completar objetivos diferentes, como possuem habilidades diferentes. Ao subirem de nível, terão acesso a novas habilidades. O ideal de Brink é ter uma personagem que esteja maximizada em todas as classes. O objetivo do jogo é este. Quando não estiverem no multijogador, estarão a melhorar e estilizar a vossa personagem.
Dito isto, Brink é então um jogo fortemente concentrado no multijogador e que mistura elementos RPG. Isto não representa nada de novo no género. Já outros títulos oferecem o que Brink oferece. Talvez não com este nível de personalização e de compromisso, mas a ideia está lá.
A campanha é em si uma desilusão. Depois de um vídeo de introdução fantástico, é desapontante perceber que as missões não passam de um conjunto de objetivos semelhantes com uma cinemática de 20 segundos a ligar os acontecimentos. Compreendo que a Splash Damage queria criar uma experiência para interagir outros jogadores, todavia o resultado final é, recorrendo a termos culinários, insosso.
Mesmo a jogabilidade SMART (Smooth Movement Across Random Terrain), uma funcionalidade que permite movimentação como um praticante de parkour, não impressiona. Já em outros jogos é possível correr pelos corrimões das escadas e saltar para alcançar sítios difíceis. Brink é apenas um pouco mais fluído a realizar esta tarefa. E para além disto, esta fluidez apenas é percetível quando jogamos com o físico magro.
Como já referi, Brink não deve ser jogado a solo. Existem duas razões para isto, primeiro porque a IA não é o ideal e as últimas missões tornam-se frustrantes se optarem por jogar com os Bots. E em segundo, o jogo adquire uma dimensão mais estratégica quando jogado com outras pessoas. Se estão a pensar em adquirir Brink para desfrutarem dele sozinhos, digo-vos desde que é uma má decisão. É um jogo ideal para os amantes do multijogador, e para aqueles que quando metem um disco na consola, saltam diretamente para o online.
Além da campanha, existe o modo Challenge, um conjunto de quatro desafios diferentes, cada um deles com três níveis de dificuldade. Tal como o resto do jogo, podem jogar este modo em conjunto com outros jogadores. Mas para um jogo que se concentra tanto no cooperativo e no multijogador, é uma falha não dar para jogar em splitscreen, uma funcionalidade que seria bem-vinda.
A meta gráfica demonstrada nos primeiros vídeos de Brink não foi alcançada. Não quer isto dizer que os gráficos sejam maus, até porque neste campo consegue ser um jogo competente, mas ficou uns furos abaixo daquilo que foi prometido. Visualmente não é tão nítido e as texturas não possuem a mesma qualidade. Apesar disto, a nível de apresentação está muito bem conseguido.
Depois de várias horas de jogo, a sensação que Brink transmite é que poderia ter sido muito mais. É mais um daqueles jogos com potencial enorme não aproveitado. Consegue oferecer uma experiência decente no que toca ao multijogador, mas voltando à problemática inicial dos first-person shooters, será que traz inovação? A resposta é não. Antes de chegar às nossas mãos, Brink sofreu dois adiamentos. Pergunto-me se esse tempo extra terá valido a pena, porque, repetindo o que disse, a sensação com que fiquei é que a Splash Damage poderia ter feito muito mais. À medida que os anos passam, a fasquia para os videojogos está constantemente a aumentar, principalmente num género tão popular como este. Infelizmente, Brink está abaixo dessa fasquia.