Caixas de loot deixam crianças susceptíveis ao vício dos jogos de sorte, diz Serviço Nacional de Saúde no Reino Unido
"A saúde dos jovens está em risco."
O Serviço Nacional de Saúde no Reino Unido não tem qualquer dúvida, as caixas de loot estão a preparar as crianças para se viciarem nos jogos de sorte.
Claire Murdoch, directora do SNS no Reino Unido, assinou uma declaração na qual refere que é preciso tomar medidas contra as caixas de loot e que as editoras dos videojogos deviam acabar com elas.
O SNS abriu um novo centro de entretenimento para responder às crescentes preocupações sobre os vícios relacionados com os videojogos e ainda novas 14 clínicas para pessoas viciadas no jogo, procurando apoiar as pessoas mentalmente afectadas pelo vício.
Em 2019, as caixas de loot e os potenciais riscos para deixar os jogadores viciados foi um tema que chegou aos meios generalistas e representantes de companhias como a Epic Games ou Electronic Arts tiveram de responder perante o governo em Inglaterra.
Jogos como FIFA e Fortnite estão entre os mais populares e o governo naquele país decidiu investigar como podem estar a afectar a mente das crianças, especialmente no risco de gastarem dinheiro sem consentimento dos pais ou passar demasiado tempo a jogar.
Foi nesta audiência que a representante da EA disse que as caixas de loot são mecânicas surpresa.
"Com toda a franqueza, nenhuma companhia deveria deixar crianças susceptíveis a adquirir um vício ao ensiná-las a apostar no conteúdo destas caixas de loot," diz Murdoch. "Nenhuma empresa deveria vender jogos com caixas de loot às crianças com este tipo de probabilidades, por isso sim, essas vendas precisam terminar."
No Reino Unido, especialmente as polémicas que surgiram no final de 2018 e ao longo de 2019, as caixas de loot deram que falar nas principais televisões e jornais, o que motivou o governo a conversar sobre o assunto.
Diversas entidades pedem agora um controlo mais rígido sobre estes jogos que incluem caixas de loot ou mecânicas surpresas, que podem deixar as crianças viciadas, sempre com vontade de abrir mais uma caixa até conseguirem o item que querem.
Num relatório chamado Gaming the System, um jogador de FIFA com 16 anos de idade disse que as caixas de loot são mesmo como jogos de sorte: "podes perder todo o teu dinheiro e não conseguir alguém bom, ou ter alguém mesmo muito bom."
Um relatório da Royal Society of Public Health revela que metade dos jovens acreditam que jogar um videojogo pode levar a vícios com jogos de sorte e que essa ligação é negativa.
Murdoch quer banir o jogos com caixas de loot que encorajam as crianças a apostar o seu dinheiro na sorte e espera que as companhias introduzam limites para impedir que sejam cometido exageros.
O SNS do Reino Unido diz que a comissão responsável pelo regulamento dos jogos de sorte não regulam as caixas de loot pois as companhias dizem que não pode ser classificado como tal.
Após a apresentação da declaração do SNS no Reino Unido, outras entidades Britânicas juntaram a sua voz e dizem que os videojogos escondem o perigo de deixar as crianças viciadas nos jogos de sorte.
Estas entidades acreditam que as caixas de loot são mesmo jogos de sorte e devem ser tratados como tal, com todo o regulamento a que isso obriga e sem margem para as companhias continuarem a escapar nas entre linhas.
Recentemente, entidades Britânicas aliaram-se a figuras famosas, como o futebolista Rio Ferdinand, para sensibilizar filhos e especialmente os pais, que devem usar controlos parentais nos seus dispositivos para impedir que as crianças gastem dinheiro.
Um dos pontos através dos quais as companhias estão a tentar lutar esta percepção é ao revelar as probabilidades de obter cada item, mas para estas entidades isso não é suficiente.
Dizer a uma criança que pode gastar dinheiro numa caixa com a esperança de eventualmente obter o item que deseja está a posicioná-la para se tornar viciada em jogos de sorte.