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Call of Duty: Advanced Warfare - Trovões de guerra se aproximam - Antevisão

O poder tem um novo rosto.

Três anos da vida de Glen Schofield e de todos os elementos que compõem a Sledgehammer Games, foi o tempo que precisou o estúdio responsável pelo desenvolvimento de Advanced Warfare, o próximo título da série Call of Duty (COD), da Activision. É o que nos diz o director de Advanced Warfare quando encerra a apresentação em Madrid e para a qual fomos convidados, a pouco mais de um mês do lançamento para as consolas Xbox One e PlayStation 4 (para a PS3 e Xbox 360, Advanced Warfare foi produzido pela High Moon Studios). Apoiando a Infinity Ward em Modern Warfare 3, depois da saída de Jason West e Vince Zampella, Advanced Warfare representa a estreia da Sledgehammer na produção de um novo COD.

Com elementos oriundos da Visceral, conhecida por jogos como Dead Space e Dead Space Extraction, à Sledgehammer foi ainda confiada a produção de um "third person shooter" sob a marca COD, denominada Fog of War e baseada na guerra do Vietname. O jogo viria a ser cancelado, tornando prioritário o desenvolvimento conjunto com a Infinity Ward em Modern Warfare 3. Como resultado, o estúdio apontou baterias à produção de um novo jogo da série, consumindo as vidas de um grupo unido e focado em criar um jogo de guerra absolutamente "next-gen", fortemente inovador mas sem perder a marca COD, há muito acompanhada por legiões de fãs.

A transição da série entre diferentes estúdios é o segredo para a manutenção da franquia a um ritmo anual. Habituada a preencher as necessidades de um mercado disposto a validar novas narrativas, muitos combate e uma escala épica, a Activision prossegue a sua estratégia. Ao mesmo tempo, este ritmo de produção permite aos estúdios pesquisar, trabalhar e aprimorar o jogo, com todo o tempo para garantir a qualidade do jogo e preencher as expectativas dos jogadores.

Desde o primeiro "trailer" tornado público em Maio, que se antevê o esforço da Sledgehammer em fazer de Advanced Warfare um jogo de guerra absolutamente "next-gen". Entre os vários elementos que moldam a experiência, não pode deixar de ser dado destaque à presença de Kevin Spacey, o famoso actor norte-americano que emprestou o seu corpo, cara e voz, através de um processo de captura de movimentos e voz muito similar ao utilizado pela Naughty Dog, no decisivo The Last of Us. Encontramos expressões faciais altamente realistas e um grau de detalhe impressionante. A equipa levou bem longe o trabalho de captura de movimentos, fazendo de Jonathan Irons (a personagem interpretada por Spacey), o líder de um grupo militar de intervenção privado, uma das figuras mais relevantes da narrativa. Nas palavras de Scofield, quando Spacey leu o guião, a adesão foi imediata.

Contar uma grande história, com os olhos no futuro

O contexto das narrativas de COD há muito que deixou os trilhos da segunda guerra mundial. Com Modern Warfare a Activision definiu um novo modelo de narrativa nos jogos de guerra. Oscilando entre situações de conflito contemporâneas, passadas e futuras, raramente os argumentos tocam as mesmas pontas, exceptuando os jogos de um mesmo estúdio. De algum modo os estúdios procuram explorar situações diferentes mas plausíveis do ponto de vista da sua realização. A colaboração com historiadores militares, membros ligados ao exército e estruturas de cariz militar científico, abastecem de informação os produtores e possibilitam uma compreensão mais clara dos cenários de guerra, mas sobretudo a tecnologia e as armas de combate.

Com COD: Advanced Warfare, a Sledgehammer quis entregar aos jogadores uma história forte, capaz de colar e motivar os jogadores do primeiro ao último instante, usando temas como a vida, a esperança, a amizade, dor e perda, salienta Scofield. O tempo é o futuro, o ano 2054, quando uma organização terrorista leva a cabo uma série de ataques que põem em causa a paz mundial. Os EUA, enquanto potência militar, não conseguem responder militarmente. A esperança repousa nos grupos militares privados, como o Atlas, liderado por Jonathan Irons (Kevin Spacey) Sem transição entre personagens, o jogador vai controlar apenas uma personagem; Jack Mitchell (Troy Baker), um soldado que prova a sua utilidade e vitalidade para o combate depois de equipar o Exoskeleton, uma estrutura que se molda ao corpo humano e membros, potenciando a sua velocidade, rendimento e agilidade. Com este equipamento, um soldado à partida limitado, transforma-se numa autêntica máquina de combate.

Scofield quis veicular uma melhor percepção do soldado do futuro através do Exoskeleton. Mais ágil, rápido e transformado visualmente, a visão oferecida torna-se plausível mas não muda por completo a jogabilidade como a conhecemos. Em termos de combate, Advanced Warfare continua a ser COD. As alterações são significativas: em primeirra linha temos o Exo Climb, que permite ao jogador alcançar plataformas superiores mais facilmente, as luvas magnéticas e o "boost jump" promotor de uma grande verticalidade. Os níveis foram criados de modo albergar as alterações, especialmente ao nível do multiplayer.

As armas, redesenhadas e plausíveis num quadro temporal mais avançado, fazem a diferença, mas também existem veículos futuristas como a hoverbike . Os carros também foram alterados. Scofield comenta as transformações levadas a cabo, salientando que isto é ciência sobre ficção científica.

Give him power (Abraham Lincoln)

Traffic é o nome de uma missão da campanha revelada por Scofield. É exibida pela primeira vez nesta apresentação. Principia com uma citação de Abraham Lincoln: Give him power. Nesta missão, assumimos a pele do soldado Mitchell, infiltrado no campo inimigo. O objectivo é resgatar o primeiro-ministro nigeriano, feito refém. Juntamente com outros elementos, vemos o grupo a escalar um edifício de grandes proporções, usando o "exo climb" para o efeito mas também as luvas magnéticas. No topo do edifício o grupo faz detonar explosivos especiais, abrindo um buraco por onde acedem ao interior. Ao longo de corredores e usando uma visão especial, o grupo abate os terroristas e liberta o refém. Na fuga, o grupo é surpreendido pela explosão de um rpg, isto numa movimentada rua, causando o caos e abrindo fogo como tradicionalmente conhecemos na série. Os escudos de protecção são usados numa primeira instância defensiva mas também permitem golpes de contra-ataque, na eventualidade de alguma surpresa.

"O fulgor visual e gráfico é espantoso."

De seguida Mitchell e mais alguns colegas entram numa perseguição entre veículos. O fulgor visual e gráfico é espantoso. Neste momento estamos no epicentro de uma cena de combate a todo o vapor. É claro que a cena converge numa direcção, linear e todos os acontecimentos são automatizados, mas do ponto de vista da emoção, não perdoa. Algo particularmente interessante e que Scofield não se coíbe de enunciar é o impacto sonoro. Não apenas o som que provém da trilha sonora mas das explosões e disparos das armas. A intenção em Advanced Warfare é tornar ainda mais decisiva a composição áudio, capaz de abalar os tímpanos, mesmo do mais veterano dos jogadores.

No que respeita ao multiplayer, a prioridade é a personalização. A equipa trabalhou mais de dois anos a desenhar e redesenhar o mapa em função da verticalidade proporcionada pelo "boost jump". Na verdade este é o elemento mais diferenciador assim que entramos em combate, até porque há mapas devidamente adaptados à estrutura, numa composição mais vertical, com destaque para as plataformas.

A dimensão táctica dos combates, força dos soldados e velocidade, provém do Exoskeleton mas muito depende do equipamento que destinamos ao nosso soldado e da personalização, através do Pick 13. Existem combinações quase infindáveis, pelo que todos os combates serão necessariamente diferentes. Existirão 12 modos diferentes e no novo modo Uplink, duas equipas competem numa espécie de modalidade militar desportiva. O terceiro grande bloco de Advanced Warfare (à semelhança dos anteriores jogos da série) é constituído pelo Exo Survival, no qual o jogador e mais três amigos enfrentam diferentes tipos de inimigos, desde soldados a drones, entre outros.

Veremos como no final se conjuga todo este esforço da Sledgehammer em sustentar um novo palco de guerra mundial num futuro significativamente distante. A presença de Kevin Spacey confere um particular interesse no jogo e também vamos encontrar a voz de Troy Baker (Joel em The Last of Us, etc) em Jack Mitchell, o soldado que teremos à disposição. A missão apresentada abre alguma expectativa em torno da narrativa, embora estejam lá as marcas tradicionais dos COD como impacto e emoção. O multiplayer deverá constituir o modo que mais longevidade dará ao título, enquanto que precisamos de mais tempo de jogo para uma conclusão mais segura do Exo Survival. COD Advanced Warfare revela um sério compromisso da Sledgehammer em deixar uma marca na série.

O Eurogamer viajou até Madrid a convite da Activision.

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