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Call of Duty: Black Ops 6 review Campanha - demasiadas ideias dentro do mesmo saco

Faz progressos mas ainda há muita reciclagem.

Crédito da imagem: Activision
A campanha single-player de Call of Duty: Black Ops 6 progride em alguns aspetos, mas ainda está presa à reciclagem do passado. Há alguns momentos dignos de nota, mas a diversidade excessiva das missões cria uma sensação de saturação. Fica a esperança de que os futuros lançamentos sejam mais ambiciosos.

Ano após ano, a série Call of Duty da Activision volta a ser apresentada aos jogadores, uma tradição que se mantém desde há duas décadas. No entanto, este ano há um pormenor diferente: é a primeira vez que a série é produzida com o olhar atento da Microsoft desde que a gigante adquiriu a Activision Blizzard. Esta mudança de direção originou uma onda de esperança, de que a Microsoft fosse em certa medida ainda a tempo de exercer a sua influência na produção. A ideia de uma renovação da série Call of Duty parece mais próxima que nunca, dando origem a uma curiosidade coletiva sobre o impacto desta nova era para uma das séries mais icónicas da história dos videojogos.

Esta mudança de liderança pouco ou nada deve ter afetado os estúdios da Activision, que continuam a operar sob a mesma direção criativa de sempre - como é evidente na própria campanha de Call of Duty: Black Ops 6. Esta mantém a fórmula habitual, com um uso repetido de viagens no tempo para narrar eventos fictícios e inserir o jogador em momentos estratégicos. Apesar das expectativas de inovação geradas pela supervisão da Microsoft, o novo título oferece muito da mesma experiência, com alguns sinais de uma revisão mais substancial.

Narrativa e ambientação

Tudo se inicia com uma sensação de déjà-vu: uma sala de reuniões onde os militares são interrogados pelos seus superiores sobre anteriores operações e tudo o que correu mal. Este cenário, já muito familiar, dá o mote inicial para a campanha de Black Ops 6, com uma apresentação que parece estéril e sem ideias novas. A repetição desta estratégia parece indicar que os estúdios da Activision ainda estão presos a velhas construções narrativas, talvez até reféns de um modelo que se revelou eficaz no passado, mas que agora mostra falta de ousadia criativa. Sob a supervisão da Microsoft, esperava-se que o título inovasse pelo menos na sua estrutura narrativa, mas Black Ops 6 parece apenas reciclar fórmulas, sem apresentar uma renovação significativa para a campanha.

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Em Call of Duty: Black Ops 6, a narrativa desenrola-se durante a Guerra do Golfo em 1991, seguindo os agentes da CIA Troy Marshall, William 'Case' Calderon e Frank Woods, que foram recentemente suspensos pelo diretor da agência, Daniel Livingstone. Quando os agentes se juntam a Russell Adler, que há muito investiga uma organização secreta chamada Pantheon, que se infiltrou na CIA, tudo começa a mudar. No decurso da campanha, o grupo descobre a existência de uma arma altamente perigosa produzida pela Pantheon, designada por The Cradle. Com dilemas morais e traições, os protagonistas exploram temas de lealdade e traição enquanto tentam neutralizar esta nova ameaça.

A busca pela organização Pantheon leva o jogador a explorar diferentes cenários e a experimentar diferentes estilos de missão. Combinamos furtividade, exploração, momentos de terror e ação intensa num verdadeiro cocktail de mecânicas, concebido para permitir uma grande variedade de experiências de jogo. Embora esta diversidade traga frescura e dinamismo à campanha, também resulta numa sensação de falta de coesão, como se o jogo não conseguisse estabelecer a sua própria identidade de tão diversificado que se torna.

Os agentes da CIA Troy Marshall, Frank Woods e Russell Adler refugiam-se numa velha mansão na Bulgária conhecida como The Rook, um esconderijo abandonado do KGB. Este local serve de base improvisada para seguir a organização clandestina Pantheon e prevenir a ameaça de uma perigosa arma em produção. A base é o centro de operações, onde o jogador pode interagir com outras personagens, obter informações sobre cada uma delas através dos diálogos. Também é possível melhorar as habilidades usando o dinheiro ganho ao completar as missões. Esta caraterística acrescenta uma atmosfera de união de grupo, dando uma visão mais profunda da dinâmica da base e uma sensação de progressão através das habilidades, conhecidas como perks.

A mansão, com a sua longa e misteriosa história, guarda segredos do passado que o jogador pode descobrir, o que enriquece o enredo e oferece uma dimensão extra de exploração. Estes mistérios escondidos nos corredores e divisões de The Rook são para quem quer aprofundar a narrativa e descobrir detalhes adicionais sobre o cenário e os seus antigos ocupantes, alargando o contexto da campanha para uma atmosfera de intriga que vai para além da ação principal.

Diversidade de mecânicas de jogo

A base serve de centro de operações, de onde se parte para cada missão. As missões destacam-se pela sua grande diversidade: algumas são lentas e requerem uma investigação cuidadosa, enquanto outras são intensamente focadas na ação. Há também uma mistura interessante, com algumas a desenrolarem-se ao longo de um período de tempo considerável, com várias abordagens que permitem uma evolução orgânica. No entanto, a execução destas missões não é uniforme; a qualidade varia muito. Algumas seguem fórmulas habituais, resultando em experiências previsíveis e nada desafiadoras, enquanto outras têm momentos de genuína diversão, especialmente nas secções que dão mais liberdade e nas partes que incorporam elementos de terror.

Não pretendo revelar pormenores que estraguem a vossa experiência, mas é importante referir que a campanha apresenta uma construção deliberadamente diversificada da proposta jogável. Esta variedade pode, por vezes, criar uma sensação de abundância, mas, por outro lado, pode faltar-lhe uma autenticidade e identidade próprias. Apesar de tudo, algumas missões destacam-se pela sua boa construção; se fossem mais extensas e produzidas em maior profundidade, o conteúdo poderia ser consideravelmente mais rico. Vale a pena referir que todas as missões são passíveis de repetição, de modo a permitir completar desafios adicionais ou acumular dinheiro.

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Atmosfera de espionagem e dinamismo

Uma caraterística que me agradou foi a sensação de estar inserido num filme de James Bond, com um dinamismo que nos transporta para momentos bem construídos. Esta atmosfera é criada através de diálogos instigantes, da utilização de dispositivos criativos e até de um certo charme que percorre as interações. Esta combinação de elementos permite uma melhor reprodução que capta a dinâmica de uma narrativa de espionagem, dando a impressão de que o jogador faz parte de uma missão estimulante e cheia de estilo.

Embora existam algumas boas ideias na campanha, a reta final revela-se surrealmente estranha, com um declínio de qualidade muito acentuado. A experiência, que inicialmente mistura elementos refrescantes ao estilo James Bond com uma dinâmica de ação e guerra, acaba por se desviar para uma realidade alternativa cheia de acontecimentos bizarros. A revelação da vilã também se destaca como um ponto fraco, faltando consistência na sua execução. Embora a premissa seja plausível, a forma monótona como o desfecho é apresentado, juntamente com elementos de jogabilidade desinteressantes, colocam por terra os aspetos positivos introduzidos este ano na vertente single-player.

Infelizmente, Black Ops 6 esbarra mais uma vez em problemas recorrentes, como a inteligência artificial, que é frequentemente limitada e cómica. Esta fraqueza da IA provoca realmente reações de mal-estar, comprometendo a imersão durante as missões. Para além disso, não posso deixar de falar dos gráficos, que, embora bem-apresentados nas cinemáticas, ficam aquém nas sequências de jogo. Se bem que esta abordagem gráfica permita que o jogo seja compatível com as consolas mais antigas, como a PS4 e a Xbox One, penso que já é tempo de a franquia dar o salto para um padrão visual mais atual e ambicioso.

Conclusão

A campanha single-player de Call of Duty: Black Ops 6 é, até certo ponto, um passo na direção correta, mas não deixa de ser uma proposta presa a velhas fórmulas e cheia de reciclagens, apresentando-se excessivamente diversificada. Embora existam alguns momentos dignos de nota que merecem ser explorados, persiste a sensação de que a campanha poderia ter aprofundado os seus conceitos positivos, abandonando as metodologias repetitivas que já saturaram.

Prós: Contras:
  • Bons momentos ao estilo James Bond
  • Há missões muito bem construídas
  • A base de operações é uma bela ideia
  • A narrativa não ganha nenhum prémio
  • Visualmente nada impressionante
  • A inteligência artificial é péssima
  • Muita reciclagem de ideias que já não funcionam
  • O final da campanha é fracamente fraco

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