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Call of Duty: Black Ops II - Análise

Cyber Warfare.

Não obstante as explicações do passado que nos levam a percorrer territórios conhecidos como Nicarágua e novos locais como Angola e mais à frente Afeganistão, estas secções conduzem a uma representação mais previsível, caótica e algo desorganizada por nos levar a mudar muitas vezes de personagem e de ambiente, procurando assim criar uma base para o que sucede no futuro. Em 2025 vemos bastantes transformações, ao nível do território e armamento. Sem prejudicar com grandes spoilers, temos em foco outras localizações como Iémen, Paquistão, ilhas Cayman e uma derradeira Los Angeles altamente caótica à beira da destruição completa. À grandiosidade e opulência das áreas junta-se um certo trabalho de previsão, com construções gigantescas como o espetacular edifício montado nas ilhas Cayman que nos leva a entrar por algumas diversões noturnas. A variedade de missões é grande, mas sobretudo a maior ênfase está, por esta altura, no armamento.

Os drones são o elemento com maior destaque. Peças de artilharia voadora, patrulhas voadoras que detetam a nossa presença, robôs circulantes e depois as espingardas dotadas de tecnologia avançada que permitem ver os inimigos para lá das paredes. Neste aspeto, ao levar a uma diferenciação entre passado e futuro, encontramos razões que justificam interesse em ter e utilizar tal armamento. Menos bem estão as secções nas quais controlámos um Jeep e até voámos um FA-38. Esta parte é para esquecer. Contribui para muito espetáculo e sensação de guerra, mas é sofrível tal a qualidade limitada do combate aéreo e nem um jogo arcade minimamente concebido nos daria uma oferta similar.

A Activision promove a série Call of Duty ao mais alto nível.

Haverá momentos em que serão chamados a tomar certas decisões; entre salvar uma vida a um inimigo ou acabar com ela, ou entre escoltar o carro do presidente ou efetuar trabalho de “sniper” eliminando todos os alvos que se aproximem. Esta última integra aquela faixa de decisões que abre caminhos alternativos dentro da mesma missão, numa opção que põe em cima da mesa a abordagem aos inimigos. No primeiro caso, essa decisão trará efeitos ao nível do desfecho e do final do jogo. Em Black Ops 2, os produtores forçam o jogador a tomar decisões que afetam o desfecho e qualquer delas que venham a tomar não mais poderá ser repetida enquanto não começarem uma campanha nova. Do final que me calhou em sorte, não foi uma grande surpresa, antes um desfecho com mais “plots” que sobretudo acaba por confundir e evidenciar a péssima realização do mesmo.

Para ver os restantes finais, urge iniciar a campanha e ter especialmente atenção aos “strike force levels”. Estas missões de índole estratégica revestem particular significado, já que fazem parte do posicionamento geo-estratégico militar da campanha, de modo que as vitórias alcançadas nestes níveis terão efeitos quanto ao desfecho do jogo. Estas secções quebram alguma da linearidade das missões principais e a sua estrutura do tipo mapas para vários jogadores torna-os bastante consistentes. Dando ordens em grupo através de uma perspetiva com vista superior ou atuando unilateralmente em conjugação de esforços, o objetivo passa por segurar a vitória dentro de um tempo limite. Ainda que possam sair derrotados num destes níveis a campanha prossegue.

Refira-se, por fim e quanto à campanha que a mesma não é particularmente longa. Em menos de cinco horas é possível observar os créditos finais. Não podemos omitir que existem algumas inconsistências na inteligência artificial dos adversários durante a campanha, quer da parte dos nossos colegas de equipa que não cobrem o nosso avanço quando se espera que o façam numa zona mais controlada e também para muitos inimigos que nos vêem e, apesar disso, fazem pontaria para outro lado da área. Apesar do bom aspeto gráfico, Black Ops 2 não é particularmente extraordinário e dá sinais de estagnação e até algum retrocesso, particularmente na secção onde vamos a cavalo no Afeganistão e temos de abater canhões e helicópteros usando a RPG, com algumas quebras de animação.

"Apesar do bom aspeto gráfico, Black Ops 2 não é particularmente extraordinário e dá sinais de estagnação e até algum retrocesso."

Mapa Nuketown 2025 é já um dos extras das reservas.

Não sendo a campanha um dos fortes do jogo, não podemos olvidar a força do multiplayer e do modo zombies enquanto estruturas relevantes que garantem outra longevidade de Black Ops 2, para novatos e veteranos. Em termos de novidades, o multiplayer foi alvo de melhorias e um dos primeiros aspectos a ganhar destaque é a substituição dos “kill streaks” pelos “score streaks”. Enquanto que anteriormente o jogador era premiado por matar outros jogadores, com os “score streaks” o jogador não só recebe a pontuação por matar outros jogadores como outras acções positivas que envolvem domínio do território são valorizadas ao ponto de desbloquearem recompensas. Isto leva a que seja maior o trabalho de equipa, afastando muito do interesse em atuar isoladamente.

Outra novidade respeita à implementação de jogos para várias mini equipas, pondo vários esquadrões em confronto. Aqui o jogo do gato e rato é mais rápido, mas também mais forçado e injusto por força dos constantes “respawn”. A escolha do equipamento também foi alterada, em favor de um maior número de opções, perks, o que significa levar grandes quantidades de engenhos para o campo de batalha. À partida este sistema alargado poderá parecer intimidatório, mas também depende das escolhas e de uma maior amplitude que nos permite adaptar para as mais variadas situações, tendo em vista os assaltos ou segurar uma posição à distancia para tiros ao alvo.

Os mapas aqui presentes oferecem uma representação mais eficaz para combates multiplayer de algumas zonas das secções da campanha ancoradas no futuro. Algumas já vimos anteriormente aquando da preview do modo multiplayer. Outros mapas como o “Turbine” são ótimas representações projetadas a partir de Modern Warfare 2 e destaque também para a estação de comboios em LA. O mapa exibido a partir da cidade flutuante das ilhas Cayman também se revela entusiasmante do ponto de vista das várias saídas que oferece, criando mais imprevisibilidade.

Por fim, destaque para a integração de Black Ops II no mundo competitivo e profissional da eSports. Há um sistema dedicado destinado a agregar os jogadores tendo em vista os seus indicadores de progressão em termos de capacidade de combate. Nota também para a possibilidade de fazer gravações das partidas através da ferramenta CODcasting que permite transferir vídeos diretamente para o Youtube.

O modo Zombies volta a constituir um dos palcos mais importantes do jogo.

"Atendendo exclusivamente à campanha, Black Ops 2 acaba por ficar aquém do esperado, já que esta é talvez a mais fraca campanha desde que Modern Warfare entrou em cena."

O modo Zombies volta a constituir um dos palcos mais importantes do jogo, já que funciona como um complemento elevado ao estatuto de uma campanha ou de um segmento multiplayer. No fundo acaba por representar o terceiro pilar de Black Ops 2 e desta vez traz mais novidades, nomeadamente a opção TranZit, orientada para 4 jogadores em rede. A partir daqui os jogadores irão percorrer um mapa através de um autocarro que passa por diferentes localizações enquanto procuram sobreviver à investida dos zombies. Haverá muitos objetos para recolher e até upgrades para o autocarro. Sobreviver dentro e fora do veículo trará um outro nível de divertimento e depois ainda existe a opção Grief, mais interessante do ponto de vista do confronto. Nesta opção duas equipas de quatro jogadores avançam para uma área de jogo, mas apenas uma irá sobreviver. De certo modo interessa em primeira linha tentar sobreviver e até ajudar a outra equipa e depois, numa mudança de planos, começar a despachar os adversários quando chegar a oportunidade. Mais desenvolvido e alargado com opções que garantem outra profundidade, o modo Zombies é um clássico por esta altura e acrescenta bastante valor a Black Ops 2, já que funciona como um pilar do jogo totalmente distinto dos restantes.

Atendendo exclusivamente à campanha, Black Ops 2 acaba por ficar aquém do esperado, já que esta é talvez a mais fraca campanha desde que Modern Warfare entrou em cena. Pessoalmente ainda prefiro a de World at War, embora em Black Ops seja interessante a perspetiva oferecida pela guerra futurista e pela comparação que oferece. É pena que o argumento não tenha sido capaz de acompanhar as transformações que em certa medida resultam. Contudo, o multiplayer, acompanhado pelo Zombies, reforçam a aposta em Black Ops 2 e fazem deste um dos jogos mais apetecidos para combates proporcionados para vários jogadores. Estes modos têm cada vez mais peso na dimensão do jogo e as comunidades voltam a reunir-se, ainda que as novidades não sejam tão abundantes como seria desejável. Call of Duty: Black Ops 2 pode estar a replicar uma velha fórmula, mas injeta opções e uma nova perspetiva da guerra que alimenta e vai ao encontro das pretensões dos fãs.

8 / 10

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