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Call of Duty WW II regressa às origens - Antevisão E3

Ou como o entretenimento pode traduzir mais realismo, autenticidade e respeito por um conflito que deixou marcas.

Poucas semanas depois do desembarque na Normandia, em 1944, as tropas aliadas começaram a enfrentar uma grande resistência por parte do exército nazi. Nas primeiras cidades e aldeias depois da faixa costeira, o exército alemão tentou travar ao máximo o avanço dos aliados. Com tropas por vezes em número superior, beneficiando ainda de artilharia e máquinas de combate em grande número, novas e enviadas para a zona, travaram-se algumas das mais intensas e terríveis batalhas no decurso da II guerra mundial.

É neste ponto da História que desembarca o próximo capítulo de Call of Duty; simplesmente World War II, pela mão da veterana e experiente Sledgehammer Games. Da guerra futurista para o passado vai uma grande dose de confiança, mas o rumo é mais pessoal, toca a muitos dos produtores, cujos antepassados foram convocados para um dos mais tristes episódios da história da humanidade, de algum modo sacrificando no continente europeu se não toda, uma grande parte da sua vida, com marcas para sempre. Desta vez é pessoal, alguns dirão. É também o regresso à II Guerra, depois de World at War, a derradeira ocasião que a série revistou o conflito antes de assentar amarras no presente e no futuro.

Numa apresentação à porta fechada, na E3, é-nos mostrado um vídeo com jogabilidade da campanha. O primeiro grupo de infantaria dos EUA irrompe pela cidade francesa de Merigny. Inicialmente parece o começo de um dia calmo, mas depressa as tropas nazis lançam o caos, espalhando o terror através de um dos veículos blindados capaz de reduzir a pó e escombros as paredes nas quais os soldados aliados se escondem na tentativa tímida de responder ao ataque. É por aqui que procurámos inverter a toada, escapando a explosões, silvos de balas que passam rente (algumas travam a progressão dos nossos comparsas) e caos. No fundo CoD é isto e sempre será. Mas seja em batalhas travadas no futuro, no presente ou nos conflitos experimentados por gerações que nos precederam, há uma preocupação em tornar o cenário autêntico e vivo, por mais cruel e horrível que seja.

A componente cinematográfica e caos do combate saem reforçados neste regresso à II Guerra Mundial.

Do equipamento utilizado pelos soldados à construção espacial, tudo foi alvo de tratamento minucioso, uma garantia de fidelidade e autenticidade. É incrível observar a infantaria em movimento, procurando conquistar o centro da cidade, partindo de escombros para zonas onde algumas paredes e casas resistem à força das balas. É a nossa ruína e o pior da humanidade, um confronto-choque de realidade, quando pensamos que não chega passar um pedaço de terra por cima e reconstruir tudo novamente como forma de apagar a história. CoD lembra-nos dessa realidade ao tirar a terra para fora. Será feroz e autêntica a descrição dos eventos. Depois de eliminado o carro metralhadora, as tropas comandadas por Ronald "Red" Daniels avançam para uma igreja adiante, servindo-se do balcão e ponto cimeiro para atingir com um lança-granadas as tropas inimigas. É mais uma situação deveras caótica que urge ultrapassar e que não se cumpre sem uma dose de perseverança. Um sino gigantesco não toca a rebate, antes no caos das bombas e explosões se solta e parece ganhar vida, como que também disposto a arredar pé dali, colhendo pelo caminho e antes de se estender no solo, uma dupla de soldados não precavidos.

As sequências cinematográficas emaranham-se com os momentos de jogabilidade, favorecendo a tensão e o caos que dali emana. CoD é isto, é História também. Contudo, existem mudanças. A vida não mais se regenera e à medida que somos alvejados ou atingidos por estilhaços que de alguma forma ferem o nosso corpo, não mais basta esperar alguns segundos até ficarmos restabelecidos. Teremos que procurar assistência média, através dos kits de ajuda ou dos médicos que possam dispensar algum do seu tempo para um auxílio rápido. No fundo a produtora pretende introduzir mais camaradagem e ligação aos outros soldados. Não mais aquela ideia de cada um por si ou de uma máquina de guerra. As outras personagens são essenciais e com o apoio delas podemos avançar. A sequência termina de forma abrupta (quando não é a guerra senão brutal?) e dentro da felicidade possível para os aliados.

Depois de aproximadamente 20 minutos aturdidos, de caneta e bloco nas mãos, passámos para uma sala ao lado onde estão interligados múltiplos sistemas. Como é hábito, é-nos dado a experimentar o multiplayer de CoD. Uma das novidades é a alteração de classes por divisões, desde infantaria, até aos pára-quedistas, passando pelos montanhistas, dentro destas divisões há um conjunto de armas e equipamento personalizável mas específico. Optei pela divisão infantaria por não ser muito específico, mas há sempre quem prefira efectuar alguns disparos precisos (sniper) ou actuar de forma mais musculada, o que produziu equipas algo equilibradas. Enquanto esperam que as equipas estejam formadas podem avançar para um quadro de treino e realizar alguns disparos, testando a vossa pontaria.

A recuperação de saúde não ocorre mais de forma automática. Terão que encontrar kits de saúde ou conseguir auxílio de algum médico a combater por perto.

Experimentámos três modos de jogo, sendo que os dois primeiros são os clássicos Team Deadmatch e Domination, algo bem já conhecido dos fãs da série. O primeiro é mostrado através de uma base germânica nas praias da Normandia Uma base fortificada que envolve algumas casas de aldeia destruídas, numa espécie de caos pós desembarque. O modo Domination tem lugar na densa floresta das Ardenas, proporcionando locais mais fechados para situações imprevistas, condições ideias para sniping ou entrada mais fulgurante. A captura dos espaços nem sempre é fácil e toda aquela incerteza perdura até aos instantes finais. Valeu o equilíbrio das equipas.

"Experimentámos três modos de jogo, sendo que os dois primeiros são os clássicos Team Deadmatch e Domination"

Por fim, reservada uma das novidades em CoD WWII, o modo War. Basicamente uma opção na qual as equipas têm que cumprir uma série de objectivos em cadeia. Enquanto uma ataca a outra equipa defende e protege a sua área. Ao começo, uma equipa tem por objectivo lançar um raid sob o adversário, ao mesmo tempo que cria uma ponte para atravessar uma ravina. É uma situação que envolve uma actuação rápida e eficaz, por vezes com alguma disposição para o sacrifício dada a vulnerabilidade dos soldados que montam a estrutura e se colocam em posição de alvo. Do outro lado os snipers abundam e frequentemente acabamos neutralizados. Desta vez senti que a conversa e diálogo entre os jogadores é importante, até para destinar tarefas e alertar os restantes. Sem audio a atravessar os microfones foi mais complicado.

Mas se num momento estamos a atacar no outro passámos para a defensiva, executando a mesma tarefa dos adversários, momentos antes. As situações modificam-se, assim como os objectivos, até que por fim seja apurado o vencedor. Pessoalmente, fiquei convencido no que respeita a esta opção e parece ter margem para se tornar num dos mais jogados. Há outros pormenores e pequenas novidades que emergem, mas com mais tempo e numa eventual beta dissecaremos em pormenor.

Para já apraz-nos registar este regresso à II Guerra Mundial. Depois de explorados o presente e o futuro, com aquelas nuances e equipamento que modificaram muito daquilo a que estávamos acostumados, este é um regresso à maquinaria e equipamento que fez de CoD uma das séries de maior sucesso e que todos os anos consegue surpreender com algo novo, seja o quadro narrativo ou nas opções multiplayer. Desta vez é um evento mais pessoal, que nos fala directamente, seja pela intensidade do caos ou das feridas que não regeneram automaticamente. Porque um evento desta magnitude não se cobre facilmente com a passagem de 70 anos.

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