Captain America: Super Soldier
Super a personagem, não o jogo.
Quando Captain America: Super Soldier chegou às minhas mãos, fiquei assustado e com medo do que estava para vir. O último jogo de super-heróis baseado num filme que tinha jogado tinha sido Iron Man 2 (que também é da SEGA), um produto realmente terrível e impossível de ser recomendado mesmo aqueles que adoram a personagem ou o filme. Compreendem agora o meu medo?
Felizmente, Captain America: Super Soldier é uma surpresa, não é um jogo mau e uma tortura para quem o joga, e ainda bem. No entanto, não é por esta razão que devemos considerá-lo um jogo bom, porque não o é. Ao mesmo tempo que é uma surpresa, Captain America: Super Soldier é também uma desilusão. O motivo é simples, poderia ser muito mais que um jogo mediano, bastava apenas mais tempo de produção.
Existem muitas coisas que lembram imediatamente Batman: Arkham City, a começar pelo combate que lembra muito o estilo freeflow utilizado pela Rocksteady. Tudo se resume basicamente a dois botões: um para atacar e outro para desviar ataques iminentes. Claro que a jogabilidade é mais complexa, é possível, por exemplo, carregar no gatilho direito para lançar o escudo a meio de um combate. E quando a barra azul se enche, conseguimos executar ataques super-poderosos.
Conclui-se então que a jogabilidade em Captain America: Super Soldier não está má de todo, não é o melhor que encontrarão dentro do género, pois nota-se claramente que precisava de ser afinada, mas dado o historial dos jogos baseados em filmes, é um passo em frente. Porém o resto do jogo está abaixo da jogabilidade.
A estória para começar, não tem interesse nenhum. Eu gosto de super-heróis, gosto de lutar contra os vilões e salvar o dia, e em Captain America: Super Soldier fazemos isso, só que não há emoção. Estamos a controlar o Capitão América, um dos super-heróis mais populares de sempre, e tudo é simplesmente aborrecido. A adicionar a isto, temos inimigos que não representam grande desafio e lutas com bosses desinspiradas e insípidas.
Uma grande fatia do jogo decorre num castelo dominado pelas forças da HYDRA e onde encontrarão personagens como Dr. Arnim Zola e Red Skull. Sendo um castelo enorme, poderia ser um local fantástico, com mistérios para descobrir e áreas alternativas para explorar. Mas não. Captain America: Super Soldier é uma espécie de sandbox apenas para ser um jogo linear. Ir do ponto A ao ponto B, plantar umas bombas e fritar uns circuitos é aquilo que encontrarão para além do combate com inimigos.
Existem ainda secções de plataformas em que Capitão América exibe os seus atributos acrobáticos. O desafio aqui é nulo, basta carregar no X para continuar a saltar de um lado para o outro. Se quiserem podem tentar fazer um “perfect timing” ao carregarem no X no momento exacto para que tudo seja fluído. A recompensa são alguns pontos extra para melhorarem as habilidades do Capitão ao longo do jogo.
Houve um esforço para encorajar a exploração, e isso nota-se no ridículo número de itens colecionáveis que existem. Os colecionáveis são tantos, que em apenas uma área encontram vários deles sem qualquer esforço. Ao princípio ainda sentimos a vontade de apanhá-los, mas depois, tornam-se aborrecidos devido à sua frequência e por estarem sempre diante dos nossos olhos.
Para chegarem ao final de Captain America: Super Soldier terão que concluir 18 missões, algo que demorará 6/7 horas no máximo. Não há nenhum motivo para jogarem novamente a campanha. Mas se tiverem vontade de jogar mais um pouco, existem desafios para completar.
Se Captain America: Super Soldier não estivesse preso ao filme que estreou nos cinemas, tanto em termos de estória como em data de lançamento, talvez estivéssemos perante um bom jogo deste super-herói. Porém, para o descontentamento de quem gosta desta personagem da Marvel, este não é caso. Na realidade Captain America: Super Soldier consegue ser um bocado melhor que outros jogos baseados em filmes, mas é apenas isso. É pena.